Publicado em 20/02/2023 às 06:45:00,
atualizado em 20/02/2023 às 08:23:13
Muita gente não esqueceu e nem vai esquecer o Carnaval mostrado pela TV Manchete (1983-1999) nos anos 80 e 90, mas isso não foi ao acaso. As pessoas têm que entender que quando um fato se mostra e este fato é baseado em raízes boas, as pessoas vão apreciar e vão sempre querer ter.
Até e principalmente por ter sido capital da República, o Rio era a capital cultural do país. No Centro criou-se a Cinelândia próxima ao Hotel Serrador, onde se hospedavam senadores e deputados.
Ali se criaram tantas grandes casas de samba, de música popular e outros entretenimentos como cinema e teatro. Em 1968 existiam no mês de junho 25 grandes espetáculos na cidade com bons teatros e gente famosa. Nem São Paulo tinha isso nesta época
Era um Rio de glamour como jamais existiu nada parecido no país. Quem conhecia a cidade se encantava com toda aquela energia e todo charme e cultura. Infelizmente, a escalada de violência em todo país, culpa direta dos políticos, acabou com o Rio.
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Mas os anos 80 ainda viviam o final dos tempos de glória da cultura carioca e dentro disso estava o marco principal que era o Carnaval. Tive a oportunidade de estar no Hotel Copacabana Palace na época do Carnaval de 1979 e vi a coleção de artistas europeus que ali se hospedavam e faziam questão de vir ao Rio nesta data. Alguns vinham com cachê e outros com seu próprio dinheiro.
Eu almoçava na piscina do hotel ao lado de Adolfo Celli, um dos maiores diretores de cinema europeu. Atrizes passeavam de biquíni pela piscina o tempo todo.
E era todo este clima de Copacabana e Ipanema, que já existia, que se incorporava ao Carnaval e era mostrado ao público de todo o país. A TV Manchete era uma TV essencialmente carioca e fazia questão de se mostrar assim. E o povo gostava.
Este era o diferencial da TV Manchete para enfrentar a Globo. Era pela TV Manchete que todo país via os concursos de fantasias, quer no Hotel Gloria, quer no Hotel Copacabana Palace. A passarela do baile Gay do Rio, apresentado pela Rogéria (1943-2017) com sua classe, inteligência e humor, jamais foi superada por qualquer outra passarela de qualquer evento.
As fantasias eram criadas por estilistas, costureiros e maquiadores que davam um show com seu charme e glamour. Lá foi revelado Clovis Bornay (1916-2005), que ganhava tantos concursos que acabou ficando em categoria especial para não disputar com os outros.
Então o público de todo país, quando se preparava para passar a noite na poltrona de suas casas para ver o Carnaval na Manchete, era como se estivesse vivendo o glamour deste Rio.
E muitos se reuniam na casa de amigos e parentes para que ficassem comendo e bebendo a noite toda vendo a festa carioca. O Rio de Janeiro com os anos foi perdendo o glamour por motivo da violência crescente, repito, responsabilidade exclusiva dos políticos federais e estaduais.
Não existe desenvolvimento econômico quando não tem segurança pública. E o Carnaval foi sim afetado por isso. O Carnaval esfriou porque suas raízes deixaram de existir. E se a festa esfriou o público sentiu e deixou de aplaudir. E se o público deixou de aplaudir, deixou de ligar na TV Globo.
E neste caso os anunciantes deixaram de ter interesse em anunciar. Na teoria o Carnaval precisa mudar seu formato para ter anunciantes de novo, mas eu de verdade não acredito nisso. Uma árvore de mangas não se transforma em uma bananeira.
O Carnaval é a festa mais popular do mundo porque ficou famosa pelo Rio de Janeiro que era a capital do país e tinha segurança pública e glamour. Se não se recriar as mesmas condições de glamour não vai ter o mesmo Carnaval de antes.
E sem segurança pública nada disso se faz. O nosso amado Rio de Janeiro não existe mais. O que existe é uma cidade com 1850 favelas dentro da cidade e sob comando real de inúmeras facções de traficantes
E sem um comando político de verdade que saiba dar segurança pública ao povo, o glamour do Rio não vai existir. E sem o glamour da cidade do Rio, o Carnaval atual da Globo jamais será o Carnaval do passado da Manchete, quando foi a maior festa popular do mundo e que atraia tantos turistas e artistas de verdade.
James Ackel é jornalista, diretor e produtor de teatro e televisão. Dirigiu e produziu o Especial Hebe na Band em dezembro de 2020.
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