Publicado em 06/05/2020 às 10:09:48
Longe dos palcos há um bom tempo, Regina Duarte parece que esperou entrar no Governo Jair Bolsonaro para fazer seu teatro. A notável atriz ressuscitou a famosa personagem da Viúva Porcina, aquela que foi sem nunca ter sido.
Demorou para aceitar ser a Secretária Nacional de Cultura mas entrou em Brasília desnudada de um único projeto. Uma atriz indiscutivelmente boa e de talento, mas não tinha talento eclético para ser um Ronald Reagan, ator americano que se tornou presidente dos EUA.
Estava tão preocupada com a ideologia no Governo que esqueceu de ter um projeto a ser realizado. Faltou inteligência política para criar um projeto e pedir ajuda do próprio Jair para indicar assessores. Ela teria que saber comandá-los. Mas teria que ter experiência de comando, coisa que não tem.
Ela era dirigida na TV e no teatro. A modo grosseiro não apresentou sequer um projeto para salvar os teatros de São Paulo e Rio que são as praças geradoras de peças do país. Mais de 95% dos teatros são alugados do dono do imóvel. E os empresários de teatro não têm como pagar o aluguel dos imóveis em maio. Dificilmente os teatros terão público este ano. O terror é tão grande no povo que ninguém vai entrar em um deles por um bom tempo.
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E o que fez a Secretária Nacional de Cultura? Viu a banda passar. Parece que ela se esqueceu que os atores de teatro precisam comer e tomar água. E sem bilheteria ainda não sabem como vão fazer para comer. Mas isto é um detalhe. Os bois da fazenda de Regina Duarte estão com muita comida. Quanto às críticas: "Deixa que digam, que pensem, que falem, deixa isto para lá, vem para cá o que é que tem".
A Viúva Porcina poderia pedir ajuda ao Sinhozinho Malta. Receberia uma resposta machista dele. Sinhozinho Malta mandaria sair dali onde está porque aquilo não é da mulher. Parece que ela ouviu Sinhozinho Malta e está preparando a entrega da carta de demissão nestes dias. Talvez, quem sabe, a Porcina possa chamar seu capataz Rodézio e mandá-lo com seu cavalo até o planalto e entregar a carta na mão de Jair.
O Governo de Bolsonaro levaria jeito de ter um Secretário Nacional de Cultura alguém do tipo de Paulinho Cintura, o antigo personagem da Escolinha de Chico Anysio, e poria todos os seus assessores para fazer ginástica no calor de Brasília. Nas alas de Jair, esporte e cultura deve ser a mesma coisa. Talvez a cultura do corpo, ao menos, não se vai dizer que ele para nada serve.
James Ackel é produtor e diretor de TV e teatro.
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