Reportagem e novos horários

Sonia Abrão quer novas experiências na TV e expõe quadro que Silvio Santos tirou do ar

No comando do A Tarde É Sua há quase 20 anos na RedeTV!, jornalista relembra passagens por outras emissoras e planeja fazer coisas novas


Sonia Abrão no Falando Francamente, A Tarde É Sua e Record
Sonia Abrão recorda passagens por outras emissoras às vésperas de comemorar 20 anos na RedeTV! - Foto: Montagem/NaTelinha

Sonia Abrão está há um quarto de século diariamente na televisão - com uma breve passagem pelos sábados em 2004 - e quer experimentar coisas diferentes na televisão, como um novo horário. Não exatamente para agora, mas já vislumbra mudanças. "Eu acho que eu quero ainda ir para a reportagem internacional. Quero sim experimentar outros horários. Porque eu fiquei com a cara da tarde. [...] Mas eu acho que seria legal uma experiência de manhã, uma experiência à noite", diz.

A revelação foi feita em uma longa em entrevista ao NaTelinha publicada no YouTube (vídeo ao fim da matéria) e que também aparece aqui em formato de texto. Sonia Abrão é a 19º convidada de uma série de 20 entrevistas com personalidades que fizeram ou fazem a história da TV neste mês que marca as duas décadas do site.

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A apresentadora revela que enquanto esteve no SBT comandando o Falando Francamente numa maratona aos sábados, Silvio Santos (1930-2024) sugeriu que o Boa Noite Cinderela fosse reeditado para turbinar a atração. "E deu muito certo. Tão certo que ele resolveu tirar do ar", diverte-se.

Ela também viveu, por um período, a guerra de audiência aos domingos enquanto era repórter do Domingo Legal sob o comando de Gugu Liberato (1959-2019). Nem isso fez com que ela fosse contaminada pela ânsia de saber quanto está dando ao vivo. Nem quando bateu a Globo. Ela desenvolveu um feeling e se orienta por essa sensibilidade. "Eu faço um programa sem saber como está indo de audiência", explica ela, ressaltando que isso pode deixar quem está à frente da atração "tensa" ou "muito feliz".

Confira:

NaTelinha - No ano que vem, o A Tarde É Sua completa 20 anos também. Está chegando essa data comemorativa. É o seu programa mais longevo, como é se manter num programa diário por tanto tempo, sem contar os que você já apresentou antes?

Então, eu acho que é a mesma coisa do trabalho de vocês de 20 anos, né? Nesse campo de notícias, de comunicação, de cobrir o meio artístico. É a mesma coisa, a gente tem o mesmo ritmo. A única diferença é que, na verdade, a gente fica diante das câmeras, no estúdio, de televisão, mas é só isso, na verdade. E a gente, ano que vem, também comemorando 20 anos, né? É o programa mais longevo que eu já fiz e eu estava até conversando com meus irmãos esses dias e falando: 'Gente, como é que a gente pode há tanto tempo estar fazendo esse programa?'. Tem coisas que a gente já nem lembra mais que fez, tem coisas que a gente lembra perfeitamente, mesmo sendo 20 anos, 15 anos, 10 anos, continua gravado na nossa memória, enfim.

É um exercício diário, vocês sabem.

NaTelinha - Mas no seu caso é muito mais difícil, né, Sônia? Você tem duas horas na televisão que precisam ser preenchidas ali e é muito difícil fazer um programa diário. Acho que as pessoas talvez não fazem ideia do quão difícil é estar todo dia na televisão há tanto tempo. É muita coisa, não é pouca coisa. São poucos que conseguem esse feito.

Eu não sei, eu acho que a gente tem uma noção assim, mais quando a gente tem esse retorno, como eu estou tendo o seu agora, como as pessoas falam assim. A gente não sente o tempo passar, porque todo dia é um dia, as notícias são diferentes, você está sempre na mesma vibe, naquela adrenalina do dia a dia mesmo, programa diário e ao vivo, como é o nosso caso, realmente exige bastante da gente, da nossa equipe, não é só de mim, da equipe toda, de produção, a técnica, todo mundo.

Você tem que estar ligado no acontecimento, é no calor do momento. Realmente, a gente tem que estar com muita capacidade de improviso, muito jogo de cintura, porque surpresas pintam a qualquer momento. E tem coisas que você diz ou comenta ou dá alguma opinião que depois você mesma não concorda. Mas assim, você tem que voltar atrás no mesmo dia, na mesma hora, ou no máximo no dia seguinte. A gente não tem tempo para editar o que diz, para pensar de uma maneira melhor. Eu acho que é isso que o público gosta também, de ver as coisas acontecendo, não a gente indo para o ar, todo preparado, todo certinho, todo já pautado. Não é assim. Claro que a gente tem toda uma estrutura, tem todo um roteiro, mas ligou as câmeras, aí está nas mãos de Deus. Seja o que Deus quiser.

NaTelinha - Eu não sei se você tem o hábito de ver alguns vídeos seus antigos ou cortes que voltam a viralizar agora. Tem alguma coisa que você se lembra que você tenha falado nos últimos anos, você vê fala: 'Não acredito que eu falei, eu não concordo comigo mesmo, eu mudei de opinião'. Tem alguma coisa marcante nesse sentido?

É engraçado. Assim, eu não gosto de me ver, eu não vejo nada do que eu faço, na verdade. É muito difícil. Só se eu precisar realmente rever alguma coisa, porque tem que fazer uma continuação daquela matéria, fazer uma suíte, alguma coisa assim. Mas com essa história de redes sociais e de tudo ter corte, né? E o corte é muito replicado, às vezes eu dou de cara comigo mesma e falo: 'Gente, como é que é isso? Não lembrava disso'. Acontece bastante. Recentemente, assim, não vi nada que eu pudesse dizer: 'Ah, eu não teria dito isso'. Eu acho que, às vezes, tem muita coisa que a gente fala assim: 'Nossa, eu podia ter falado de um jeito diferente, de um jeito mais ameno'. Uma coisa assim, de uma forma com mais delicadeza. Porque fazer crítica às pessoas, às vezes você vai fundo demais. Eu não gosto quando eu vejo as manchetes do programa ou que os sites publicam. É sempre assim. O verbo que eles usam para mim é 'detonar'. 'É Sonia Abrão detonou fulano'. 'Sonia Abrão detonou tal programa. 'Sonia Abrão fez tal coisa'. Eu falei: 'Gente, mas não é assim'.

A gente tem uma geladeira, mas a gente tem um tapete vermelho. A gente equilibra bem as coisas. Mas, de repente, passa esse lado que é o mais crítico.

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NaTelinha - E você falou uma coisa, Sonia, que quando você estreou a A Tarde é Sua, há quase 20 anos, não tinha rede social. Tinha o Orkut na época, o Facebook estava meio que começando aqui no Brasil, mas não era essa febre que é hoje. E você hoje é a maior audiência da RedeTV! ao lado do Jorge Lordello e João Kleber. Mas hoje você, além de fazer sucesso na RedeTV!, você também faz sucesso na internet com esses cortes, com coisa tirada fora do contexto, que tem bastante, a gente sabe, você viraliza muito no TikTok e essa coisa toda, né? Como é que você analisa você hoje ser multiplataforma, se é que posso dizer assim.

Eu acredito que sim, né? A gente tem que ir acompanhando as coisas, não sei se é para o bem, se é para o mal, mas é isso que temos para hoje. É isso que a gente tem que fazer. Tem que utilizar a tecnologia, tem que alcançar cada vez mais pessoas, camadas diferentes. Eu acho muito legal. A gente tem que estar atualizado. A palavra é comunicação.

Essa é a nossa profissão. Então, eu vou me atualizando sempre.

NaTelinha - Uma coisa que também mudou nos últimos tempos, não sei se você é ou se já foi um dia viciada em números de Ibope. Antigamente, a gente estava acostumado com números de audiência muito altos, né? Você pega os relatórios de hoje e há 20 anos, a pessoa toma um susto. O que está acontecendo? Está tudo pulverizado. Você acha que, a Globo já declarou isso recentemente, que o método de amostragem, de acompanhamento do Ibope está defasado. Você também acha isso? Você acha que tem mais gente assistindo televisão do que o Ibope diz, por exemplo?

Bom, eu não sei, porque o estrategista, ou sabe-se lá quem do Ibope, quem sabe fazer essas comparações... Primeiro que a RedeTV! tem um departamento para isso, e segundo, o nosso diretor, o Elias Abrão, ele manja tudo em relação a esse tipo de coisa. E um dos princípios dele é justamente me desligar desse tipo de coisa. Eu faço um programa sem saber como está indo de audiência, entendeu? Eu sigo as instruções dele: 'Olha, vamos mudar esse assunto agora, vamos fazer aquilo, agora é essa matéria que a gente vai chamar'. E o resto eu sou absolutamente livre para falar e para conduzir da maneira que eu quiser. Eu só sei da audiência do programa no final do programa, quando a gente tem a segunda reunião do dia, que a gente tem uma antes do programa e tem a outra final de balanço, de ver o que foi legal, o que não foi. É aí que eu fico sabendo, é aí que eu tenho retorno. Porque ele acha que senão isso prejudica o comunicador, prejudica quem está fazendo o programa.

Pode te deixar tensa, deixar muito feliz. Às vezes, os jornalistas que estão participando da roda com a gente, eles têm acesso ao Ibope e eu não tenho. Então, assim, quando está muito legal, eles ficam falando: 'Olha, está dando bem'. O Vlad [Vladimir Alves] tem muito essa mania. Então, às vezes eu sinto por onde a gente está caminhando por eles, mas assim, saber realmente, não. E assim, eu nunca ouvi do nosso diretor: 'Vamos mudar porque isso não está rendendo'. Ele vai no fluxo, ele realmente comanda, dirige mesmo, né? Então, eu não sou uma viciada em números justamente por causa disso, porque a maneira com que eu sou conduzida no programa é essa, sem números.

Vamos fazer o que for de qualidade, o que é legal, no que a gente acredita, e vamos ver o resultado. Então, acho que assim as coisas fluem melhor.

NaTelinha - Apesar de você não ser viciada, você já participou de um capítulo da história da televisão, que hoje já isso não existe mais, que foi a guerra de audiência dos domingos. Você já esteve no epicentro, no olho do furacão, se é que a gente pode chamar assim. Você foi repórter do Domingo Legal por algum tempo. Como é que foi pra você fazer parte dessa história da televisão?

Ela não existe mais mesmo. Eu estava falando essa história e estava lembrando do Gugu, quando você fala 'viciado em números', porque ele era totalmente, eu não sei como ele conseguia. Ele ia fazendo o programa e ia vendo os números. Tinha ali o aparelho na frente da gente. Quando eu estava no estúdio, fazendo participação de alguma maneira, porque a maior parte do tempo eu passava em externa no helicóptero, fazendo a reportagem de helicóptero. Era o tempo todo que ele ficava acompanhando aquilo, sabe? Eu não conseguiria, na verdade, fazer o que ele fazia, porque aí, apesar de ter o diretor, de ter Magrão [Roberto Manzoni], ele mesmo se conduzia ali o tempo todo, quer dizer, é o dobro do seu desgaste, né? E ele fazia isso maravilhosamente bem.

Agora, a saudade a gente tem, não é aquele saudosismo barato, vamos dizer assim, que todo mundo que está avançando no tempo, que tudo lá atrás era melhor, não é isso, mas a gente sentia uma TV mais viva, uma coisa que não estava tão pulverizada quanto hoje, justamente porque não existia tudo que existe hoje em termos de comunicação, as plataformas, streamings, realmente a TV a cabo que fica dividindo ou segmentando de alguma forma a audiência, então era uma coisa mais consistente, a gente pode dizer assim, por isso que os números eram maiores. Hoje em dia a gente vê todo mundo apostando no final da TV aberta, uma coisa que não vai acontecer, gente. Se TV aberta é TV aberta, a gente sente nos grandes acontecimentos, a gente sente nos programas de auditório, a gente sente na repercussão das novelas, esse contato com o público, ele é ainda muito dinâmico e muito vivo.

Eu acho que é essa energia mesmo de troca com os telespectadores que se mantém mais forte que nunca. Isso não vai mudar.

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NaTelinha - Mas existe algum tipo de combinado entre você e o Gugu, Sonia? Por exemplo, se a audiência estiver subindo, 'segura aí, eu vou te dar uma letra se a audiência estiver subindo'. Ou ao contrário: 'Se a audiência estiver descendo, te dou algum outro sinal e a gente encerra, a gente se despede'. Tinha esse tipo de sobreaviso entre vocês ou não?

Não, não tinha não, porque para ele era muito simples, está dando audiência, a gente está continuando, se não tiver audiência: 'Tchau, valeu, daqui a pouco eu te chamo de novo'. Ele mesmo já sabia ele mesmo já conduzir. Ele não precisava, por exemplo, dar uma deixa para que eu já fosse me despedindo e falando: 'Ok, Gugu, tchau, valeu, acabou'. Ele passava de um assunto para o outro com muita agilidade

NaTelinha - Você já chegou a ver isso in loco?

Sim, ao vivo. Participando disso. Era o auge da guerra de audiência do Domingo Legal e o Domingão do Faustão. E, normalmente, apesar de ser Globo, durante muitas vezes ali, a vitória era dele, não era da Poderosa, sabe? Não era do Faustão também. Mas eles brigavam muito bem e num nível muito legal. Eles nunca deixaram isso passar para o lado pessoal. Eles sempre foram amigos, mas na hora de batalhar: 'Vamos lá, vamos ver quem ganha, quem faz melhor hoje'. A cada domingo era uma nova guerra, com certeza.

NaTelinha - O Gugu era um cara muito querido, Sonia, mas eu fico pensando nessa guerra de audiência e tudo mais. Por exemplo, o cara que ia lá cantar duas ou três músicas, às vezes ele cantava 20 músicas, ou às vezes ele cantava uma só e ia embora. Você não sentia que às vezes a pessoa ficava meio chateada de não estar dando audiência e de repente ficar aborrecido até com o Gugu, apesar do cara ser muito querido?

Isso não passava para os convidados de maneira alguma. Ele sempre fez de uma maneira muito discreta. A gente está lá, a gente está vendo o número, mas não era todo convidado que tinha acesso a esse tipo de coisa, né? Normalmente, não. Ninguém saía frustrado por não estar dando audiência. Ele tinha essa delicadeza, essa sensibilidade de não colocar nenhum convidado nesse tipo de situação, sabe? Todo mundo ia lá, fazia o seu, recebia seus aplausos, os agradecimentos do outro.

NaTelinha - E depois que você saiu do Domingo Legal, você ganhou tal cancha que você teve um programa só seu. Faz 25 anos que você estreou na RedeTV!. Quem te enxergou com capacidade para comandar um programa de televisão só seu com tantas horas?

Você sabe que uma coisa que me levou para a TV como apresentadora, porque muita gente acha que eu vim do jornal para o rádio, do rádio para a TV. Não é a verdade. Eu vim do jornal para a TV porque eu escrevia uma coluna sobre televisão que em pouco tempo virou, de coluna, virou uma página do jornal, na verdade, e era a página mais lida do Notícias Populares na época. Foi fazendo com que os programas me convidassem para fazer uma série de participações.

Foi aí que eu comecei a trabalhar com os grandes comunicadores desse país. Eu sempre tive muita sorte em relação a isso, de começar a trabalhar quando os maiores comunicadores da nossa TV estavam no auge das suas carreiras. Todos! É todos, olha, de Chacrinha, o Silvio, a Hebe, a gente, Flávio Cavalcanti, que eu trabalhei muito tempo também com ele, então era uma coisa muito legal em relação a isso, mas eu já fazia um programa diário de rádio. Rádio AM, Rádio Capital, eu passei pela Tupi, pela Record, pela Rádio Globo, inclusive, também, e voltei pra Rádio Capital e lá a gente ficou 10 anos fazendo um programa das 8h às 13h.

E teve uma época, quando eu comecei na RedeTV!, e aí já como apresentadora, eu vinha de um programa de rádio de cinco horas de duração para outro programa já, que era o nosso, era o A Casa é Sua, de três a quatro horas. Eu fazia 70 merchans num dia, somando rádio e televisão. Chegou uma hora que eu não tinha mais voz, sabe? Aí eu tive que optar realmente. Foi quando eu deixei o rádio e fiquei só em TV.

Agora, quem me enxergou como apresentadora justamente por causa do nosso sucesso no rádio, a gente chegava a bater a Rádio Globo em termos de audiência, para você ter uma ideia, foi meu próprio irmão. E aí, quando veio a proposta da RedeTV! para que ele comandasse programas lá como diretor, aí passaram, porque ele fazia também a direção do TV Fama, era muito a implantação ainda da RedeTV!, aí resolveram mudar o esquema do A Casa é Sua, que ainda era com a Valéria Monteiro apresentando.

Ia ser um programa só de estúdio, porque antes era numa casa mesmo, por isso que chamavam A Casa é Sua. E aí resolveram dar uma mudada no esquema e ele foi responsável por isso. E aí ele pensou em mim pra falar sobre televisão. E pensou também na Meire Nogueira, na época uma grande apresentadora, no Castrinho, e seria um trio de apresentadores, que acabou durando pouco, porque depois cada um foi para um lado e ficou para mim a incumbência de apresentar o programa sozinho. E daí, foi uma loucura, mas foi. É um grande exercício, com certeza uma grande vivência mesmo.

NaTelinha - Ouvindo você contar essa história, Sônia, parece que você encara com muita naturalidade a transição do rádio para a televisão, em nenhum momento você ficou assustada de comandar um programa sozinha?

Mas imagina, isso tudo foi feito depois que eu já fazia televisão, televisão para mim não era nenhum bicho de sete cabeças. No rádio eu era sozinha. Olha, eu acho assim, que como o teatro é uma escola para a televisão, o rádio também é uma escola para a televisão, sabe? Então, quando você vai para a TV, você já tem todo o timing, toda a capacidade de improviso, você já tem recursos para lidar com qualquer tipo de imprevisto, qualquer tipo de situação.

E assim, se você falasse para mim entre rádio e televisão, ainda ficaria com o rádio, porque eu acho que o marco afetivo é muito maior do público, dos ouvintes, é que o rádio, em função também de toda essa revolução na comunicação, acabou principalmente o AM praticamente desaparecendo, mas era assim, era um público que não se interessava pela sua imagem, ele queria o seu conteúdo, aí gostava de ouvir a sua voz, ficava com você pelas coisas que você dizia, pela maneira que apresentava, ia criando um laço afetivo que era muito mais fiel e sólido do que a gente tem hoje com a televisão.

Porque TV, acho que foi um choque quando passei a apresentar um programa sozinha, porque você começa a vivenciar, ainda mais com o programa diário, os seus colegas todos, o ambiente todo, e você começa a sentir uma coisa que já sabia escrevendo sobre TV, mas você passa de pedra à vidraça. E aí o que acontecia? Você vê que isso é uma coisa que me incomoda até hoje. As pessoas de televisão, como elas vivem muito da imagem, a vaidade é uma coisa absurda. Todo mundo, todo mundo não, vai, muita gente, ainda mais em épocas passadas, se coloca num pedestal. E se acha nata da humanidade porque aparece na televisão ou porque comanda um programa de televisão, porque faz uma novela, porque é o protagonista. E aquilo me angustiava muito, porque eu vinha de uma outra coisa, de um jornal onde você está lá escrevendo suas coisas, você não está exposto dessa maneira, e o trabalho é de equipe. Eu vim de jornal, onde o que vale é o veículo, onde o que vale é a sua coluna, é a notícia, todo mundo.

E assim, rádio também, era muita equipe, muito junto e você não tem essa coisa da vaidade. Na TV foi um novo universo nesse ponto que eu vivi e foi um choque. E é uma coisa que me incomoda até hoje, mas eu tenho uma relação melhor hoje com a TV e com esse aspecto do que eu tinha há 20 anos. Hoje eu já amadureci para entender que existem pessoas assim. Mas, graças a Deus, esse tipo de coisa foi, sabe? Ela foi suavizando um pouco, não deixou de existir, mas as redes sociais fizeram com que as coisas também ficassem mais divididas.

Então, o pessoal mais atacado nessa história de vaidade vai para o Instagram, vai para o TikTok, vai para as redes sociais e lá vira o centro de todas as atenções. Não tem que dividir nada com ninguém.

NaTelinha - E você acompanha esse pessoal de internet? Às vezes eu vejo gente na televisão que tem, sei lá, 10 milhões de seguidores e a gente nunca ouviu nem falar, né? Você acompanha isso ou prefere manter a sua sanidade em dia?

Eu não sou uma viciada em ficar rolando a tela horas e horas e horas, mas a minha obrigação é estar bem informada. Então, eu procuro saber de tudo, entendeu? Eu sempre dou uma espiada: 'Ah, esse é o que está sendo falado no momento'. Então, eu estou sempre me informando em relação a esse tipo de coisa. Eu não posso, não devo ficar alienada. E assim, como a gente comenta sobre tudo, eu gosto de estar o mais bem informada possível em relação às coisas que estão surgindo. Não adianta eu querer ficar só no meu nicho.

Eu tenho que falar sobre tudo que está acontecendo. E não adianta. As redes sociais estão aí e ditam muita coisa mesmo em termos de público, né? Então, eu me informo, eu não me vicio nesse tipo de coisa.

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NaTelinha - Você acha que dá para garimpar bons nomes dessa internet para ir para a televisão? Já existe um movimento, já tem gente da internet na televisão, já temos exemplos disso. Tem gente que deu certo, tem gente que não, mas isso é subjetivo também, como é que você avalia?

Sim, é verdade, a gente tem um feeling para selecionar. Essa parte fica muito com a nossa produção, a gente tem um pessoal antenado com tudo, então chega para mim já um, uma coisa peneirada, e em cima dessa peneira eu faço a minha própria peneira. E aí a gente vai chegando no acordo. O que eu acho, na verdade, é que tem muita coisa de se valorizar, e isso todo o meio artístico que está falando, o pessoal de comunicação, e é um ponto sério que se questiona, a história de você substituir várias categorias profissionais, principalmente em televisão, pela televisão pelos influencers. Porque influencer tem aqueles que realmente tem muitos seguidores porque apresenta o trabalho legal. Tem aqueles que só realmente pela vaidade e para quem curte esse tipo de coisa da ostentação dos achadinhos, daquela coisa toda.

Então, aí você tem que saber fazer uma peneira e essa história de substituir ator, atriz, principalmente que é o que mais se discute hoje em dia pelo número de seguidores, eu acho uma coisa simplesmente absurda. Foge da realidade. Você tira daquele segmento onde a pessoa se projeta, joga numa profissão que, na verdade, tem que ter um maior preparo, tem que ter talento para aquilo, tem que ter uma história. Você joga simplesmente no ar, tira o lugar de um profissional da área para depois virar um fracasso. Não rola, a coisa não vinga.

A gente vê Rede Globo de Televisão, só para citar, a maior emissora do país, selecionando o seu casting através de número de seguidores. Gente, isso é surreal. Isso é um insulto, na verdade, à nossa inteligência, à capacidade de trabalho de cada um, o caminho escolhido, tudo que você se prepara para fazer e, de repente, acontece assim. Está errado. Não quer dizer que se você se dá bem numa área de internet, que você vai se dar bem numa TV aberta ou que seja num streaming, as coisas são diferentes. Esse não pode ser o único critério e parece que não é o único. Mas é o maior atualmente, né?

NaTelinha - Você acha que a Globo não está percebendo ou ela está percebendo e não está querendo fazer nada para mudar mesmo? Porque é notável que a qualidade dos artistas nas novelas tem caído bastante. Tem muita gente talentosa que está fora do ar e o telefone não toca. A gente vê muito em reprise que está no Viva, que está na própria Globo durante a tarde também, o pessoal está sumido, completamente desaparecido. Não é porque está morto, é porque o telefone deles não toca mesmo e não tem convite. Enquanto isso, a gente vê as novelas atuais cheias de gente sem talento nenhum, mas chegando até a protagonizar novela. Você acha que a Globo não está percebendo ou ela está percebendo e está insistindo nisso mesmo assim?

Você sabe o que eu acho? Houve toda uma mudança estrutural de direção de alta cúpula. A Globo passou por uma transformação muito grande e aí eles acharam que era muito simples mudar toda uma história de uma de uma direção anterior e simplesmente vir com as novas ideias. As novas ideias são essas. A internet é que manda, o mundo digital é que manda e eles quebraram a cara. Então eles foram, primeiro, guiados por essa história: 'TV aberta, a gente tem que adaptar, vai ter que ser a linguagem da internet, vai ter que ser a linguagem do canal a cabo e fim de papo'.

E assim, isso quem manja, segundo o olhar deles, é o público jovem, são os artistas jovens. E a Globo tinha isso, bateu nos 50, bateu nos 60, tchau. E eles fizeram isso com mais uma categoria de veteranos que até o Boni, uma vez, faz uns dois anos, ele deu uma entrevista para a gente falando em relação a isso. Você não pode abrir mão dos veteranos. Não sei se você viu essa entrevista dele. Principalmente daqueles que ajudaram a transformar a Globo na emissora com que ela se transformou. Isso não vai dar certo. E não deu certo. Agora é que eles perceberam. E agora eles estão voltando atrás. Eles estavam para no final de Terra e Paixão, abrir mão de Tony Ramos, para você ter uma ideia. Abrir mão de Gloria Pires.

Acabaram abrindo, não deu tempo de voltar atrás. Mas aí, estão chamando para novos trabalhos, aquela coisa toda. Aí virou a história de por obra, né? Por obra, vão ver, vão fazer, mas agora não, agora estão chamando, fazendo um contrato, o do Tony é maravilhoso, já voltando aquela história de um contrato legal, pelo menos de três anos de duração, não mais de quatro, não mais de cinco, mas em outras bases e puxando esse pessoal de volta. Então você está vendo outra vez, né? Por exemplo, a Arlette Salles de volta às novelas, o pessoal que não estava aí por uma questão de idade, porque eles achavam que o tempo deles tinha acabado, não eram tão atualizados quanto o mundo é hoje, e aí eles perderam grandes talentos.

Então, se continuarem nessa pegada, eu acho que vai dar para existir o equilíbrio. Claro que você tem que dar caminho para as novas gerações, mas existe toda uma fase de transição, que é natural, inclusive, e eles forçaram a barra. Eles disseram, daqui para trás não serve, daqui para frente somos nós, sem fazer realmente uma adaptação. E eles esqueceram, muito em relação ao Globo também, que existe um laço afetivo do público com os seus artistas. Então, de repente, se viram privados de grandes figuras e não tinha mais. E falaram: 'Não, mas assim, não está mais na novela, e cadê tal ator? Onde é que está aquela pessoa?'. E não estava mais, simplesmente. E isso foi dando essa queda de audiência que a gente viu. E eles perceberam que tem um público aí que ainda merece estar lá.

NaTelinha - Você acha que é reversível essa queda de audiência para a Globo, especificamente? Você acha que ainda tem campo para crescer? Não nos patamares antigos, obviamente.

Não, esses patamares não existem mais. Mas claro que sim, claro que sim. Começa a fazer uma transição que eles não fizeram. Traz de volta os artistas queridos do público. A gente vê que agora é um tal de chama quem estava na TV e vem dar uma entrevista aqui. Eles estão reclamando, as pessoas, inclusive os cantores. A gente está voltando a ter, pelo menos, essa vivência. Acabaram com a Malhação, que era um banco de talentos. Não serve mais, vamos pegar os jovens da internet. Então, foi tudo muito mal conduzido por pessoas que ocupam cargos, mas não têm uma visão aguçada do mundo, do contexto, do que pode ser modificado e do que deve ser modificado.

NaTelinha - Ainda falando de Globo, Sonia, na sua passagem pelo SBT lá em 2002, eu li uma entrevista sua no Estadão, que o Silvio Santos tinha te pedido para fazer uma espécie de Vídeo Show no SBT, e por uma opção sua, você acabou tirando o Big Brother dos assuntos 'porque o programa é ruim'. Você ainda continua achando o programa ruim?

Não, eu gosto de realities, né? Eu gosto de tudo que mexa com o comportamento. Mas tem fases, tem fases que é muito bom, tem fases que é muito ruim. Estamos na fase ruim. Numa fase bem ruim da história mesmo.

Agora, o Vídeo Show, e a gente começou a fazer, acho que era o SBT 20, depois SBT 21. Isso foi ideia do Elias. 'Vamos fazer uma coisa de história do SBT'. Já tinha muita coisa, tinha momentos muito importantes, inclusive as paradas que aconteciam aqui em São Paulo, nas avenidas, quando o Silvio saía com os carros também, o elenco todo desfilando em carro aberto pelas ruas da cidade. Era uma coisa muito linda, levava mais gente para as avenidas do que desfile de 7 de setembro, sabe uma coisa assim? Então, com esse arquivo nas mãos, ali à nossa disposição, ele resolveu fazer isso. E o Silvio aprovou. Na verdade, achou ótimo e foi um sucesso mesmo.

Sonia Abrão quer novas experiências na TV e expõe quadro que Silvio Santos tirou do ar

NaTelinha - De quem era o título Falando Francamente? Ele era muito bom. A quem nós devemos dar uma salva de palmas?

Adivinha, adivinha... Quem merece todas as salvas de palmas?

NaTelinha - Do Silvio?

Era um título que ele deu, tinha uma sessão, um quadro do programa dele de rádio, ainda nos tempos da Rádio Nacional, que ainda não era Rádio Globo. Ele tinha um quadro de debate. Inclusive, acho que o Nelson Rubens chegou a fazer parte do debate, o Samir Achôa, que foi um vereador também fazia parte, e ele manteve esse nome com ele, o direito do nome era dele, ele que criou essa coisa toda. Mas era rádio, nunca tinha sido televisão.

Quando ele resolveu contratar a gente, primeiro ele falou que eu teria carta branca para falar o que eu quisesse. E por conta disso, ele achava que o melhor título para mim, para o nosso programa, seria Falando Francamente, porque ele me ouvia demais no rádio e mesmo dos programas dele que eu participava. E ele gostava dessa história de falar exatamente aquilo que eu achava das coisas. Então, eu fiquei com o título do Falando Francamente. Foi muito legal, muito legal. Eu acho que foi o programa que eu mais gostei de fazer. Três anos, três anos. Foi o programa que eu mais gostei de fazer na televisão.

Depois, claro, essa nossa volta para a RedeTV! com o A Tarde é Sua. Aí foi maravilhoso, tanto que a gente está lá até hoje.

NaTelinha - O Falando Francamente no SBT não era só diário fazendo o que você já faz hoje. Teve uma fase que foi muito interessante, que você comandava um programa de auditório, por várias horas no sábado à tarde, que era, assim, ainda é um horário bastante difícil, né? Como é que isso aconteceu? Como é que era segurar a peteca ali por tanto tempo ao vivo?

Então, foi uma fase que a gente fazia, o diário a gente fez, né? Também com duas ou três horas de duração, dependia ali nas mudanças da programação. E o Silvio resolveu começar a testar mulheres na guerra de audiência dos sábados, porque tinha uma guerra entre Raul Gil na Record e Luciano Huck na Globo. Ele falou: 'Vou fazer diferente'. Tem um homem lá, um homem aqui, vou botar uma mulher. E ele colocou. Ele colocou o nosso programa lá e deu muito resultado. E era programa de auditório, que eu não tinha feito ainda, eu apresentando.

Já tinha participado de todos os programas de auditório, inclusive. E, assim, seis horas no ar, ao vivo. Seis horas, todos os sábados. A gente começava às 13h e terminava às 19h. E foi uma pauleira, foi uma pauleira realmente, mas o Raul Gil chegou a dizer que foi o único programa que ele temeu à tarde, nas tardes de sábado, que pudesse ali realmente dar algum prejuízo para ele de ser o segundo lugar. E muitas vezes a gente deu mesmo.

E nós chegamos, inclusive, com algumas coberturas que foram muito tristes, como eu me lembro muito do acidente do Claudinho [da dupla com Buchecha], quando o Claudinho morreu. A gente bateu a Rede Globo de Televisão com a cobertura nos sábados. Então a gente fez um trabalho muito, muito importante. E aí a Record chamou a gente. E assim, ali foi complicado, muito complicado. Porque o Silvio não queria que a gente saísse. A Record tinha uma proposta ótima ao mesmo tempo para a gente. E aí foi aquela coisa. O Elias resolveu decidir em nível empresarial, artístico não dava, nosso coração nunca ia deixar o SBT, mas empresarialmente... E aí o Silvio falou: 'Bom, tá, se é assim, acho que até eu iria com vocês'.

E a gente acabou indo para Record, fazendo Sonia e Você, à tarde, e aí virou uma guerra mesmo, porque a gente começou a ganhar do SBT, que veio com uma série de programas, inclusive a tarde ficou com a Galisteu, o Ratinho chegou a fazer um pouco de final de tarde também. Ficou uma coisa bem movimentada, era muito legal. E a gente também se deu muito bem lá, graças a Deus. E aí, a RedeTV! resolveu chamar a gente de volta. E mais uma vez, a gente analisou as propostas e falamos assim: 'Vamos'. Porque era um programa de maior duração, porque a gente podia ampliar o nosso campo de ação. E a gente foi numa boa o tempo que a gente passou na Record também, como eu estava falando, foi muito produtivo.

Mas nessa volta à RedeTV!, aí a gente tomou conta das tardes mesmo, em termos de poder fazer as grandes coberturas que não existiam naquele horário, tanto que a gente teve uma época bastante até policial, que eu não sei se você se lembra, Thiago, mas assim, a gente teve uma fase no nosso país de grandes crimes, uma coisa absurda.

NaTelinha - O Lordello começou ali, né?

Exatamente. Começou a trabalhar com a gente, sim. Naquela época, a gente fez grandes coberturas, a gente deu furo no Jornal Nacional. No caso do Hopi Hari, da menina que despencou lá da torre, só a gente descobriu que ela não estava no assento, que foi periciado pela polícia. Eles tiveram que mudar toda a investigação, porque a gente conseguiu, com os pais da menina, as fotos que ele tinha tirado antes da torre subir.

Isso fez com que toda a investigação fosse refeita, que fosse feita novamente. Então, cobertura do goleiro Bruno, o único programa de televisão que a Eliza Samúdio fez foi o nosso, quando ela estava fugindo do Rio de Janeiro para Santos. Ela passou lá, a gente arrumou um pré-natal para ela, ela estava no início da gravidez, e ela foi, e de lá é que ela voltou para o Rio de Janeiro, e aí as coisas deslancharam, infelizmente, de uma forma muito trágica. Então, a gente foi fazendo, assim, muitas coisas. E depois, ao longo do tempo, você vai mudando, né? E até que a gente chegou à fórmula da roda da fofoca, que é um sucesso total.

NaTelinha - E nesse tempo todo, de tarde de sábado, de várias horas, de ter mudado para Record, de guerra de audiência, você já era desligada e deixava esse problema só com o seu irmão Elias? Você não se contaminava por isso? Você não queria saber na hora? Mesmo na tarde de sábado, ganhando da Globo, você não estava sabendo que estava ganhando da Globo?

Não, não.

NaTelinha - Caramba, isso é loucura. Como assim?

É uma coisa doida, né? Algumas vezes, nas tardes de sábado, como a gente estava há muito tempo no ar, ele dava um toque: 'Estamos indo muito bem, estamos bem legal'. Como o diretor sempre foi o mesmo, a filosofia sempre foi a mesma. Então, era bem isso. Mas a gente teve grandes momentos. Sabe uma coisa que é legal não saber? Porque você sente.

Muitas vezes ele não está me passando números, mas eu estou sentindo se o problema está rendendo ou não. Isso acontece muito com a gente. Então, eu tenho o meu Ibope próprio. Não tem jeito. Você vê quando flui, quando está legal, quando as coisas estão andando mesmo. Você tem uma sensação que o público deve estar gostando daquilo. Então, é uma coisa de você afinar a sua sensibilidade, o seu feeling em relação a isso. Eu me oriento por isso, mas eu não tenho os números.

NaTelinha - Na época do SBT, Sonia, você tinha uma coisa que particularmente eu gostava muito, que você se envolvia muito com o próprio SBT, você entrevistava os artistas mexicanos, você teve entrevistas históricas, como a do Sr. Barriga, eu acho que falta isso no próprio SBT hoje em dia. Faltou algum nome naquela época para você entrevistar? Como é que era o suporte do SBT? Como é que funcionava essa ponte com a Televisa, de trazer, de entrevistar gente? Teve algum nome que você queria entrevistar e não conseguiu, de repente? Como é que era isso?

Era, era tudo, na verdade, da nossa ponte fa produção já lá direto com a Televisa, era uma coisa bem legal. Às vezes a gente pedia para o próprio SBT um contato, alguma coisa que agilizasse, mas normalmente a nossa produção sempre ia se virando e a gente chegava lá. Olha, a gente entrevistou o Roberto Bolaños, mas ainda foi no A Casa é Sua, logo no começo.

Para o SBT, aí nós fizemos todo mundo, a Maria Antonieta de Las Nieves, a Chiquinha, a gente fez a Dona Florinda, a gente foi fazendo as estrelas das novelas mexicanas do SBT, antes mesmo da Gabriela Spanic vir para o Brasil, a gente já tinha ido para a casa dela lá no México, a gente fez as novelas infantojuvenis também, a gente fez a Anahí. A gente também fez a Thalía.

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NaTelinha - Verdade, zerou o game.

Sim, esse elenco todo, que era sucesso no Brasil, a gente fez todo mundo. A gente foi para a Colômbia fazer Café com Aroma de Mulher, que nem era mexicana, a gente foi para lá. Então, a gente tinha muito essa história internacional.

NaTelinha - Não faltou ninguém?

O Professor Girafales eu não fiz. O Rubén Aguirre. Ele era uma pessoa que a gente achava muito legal, acabou não rolando, infelizmente.

NaTelinha - Mas tentaram?

Não sei se tentaram. Eu não cheguei a externar isso como uma coisa que eu queria muito fazer. Porque, na verdade, eu não entrevistava. Eu tive o prazer de fazer o Senhor Barriga aqui. Porque ele veio para o Brasil e foi ao nosso programa. Foi a única internacional que eu mesma fiz. Porque as outras entrevistas eram os nossos repórteres que faziam. Então, ele estava na minha lista, mas a gente não chegou a viabilizar.

NaTelinha - Você já trabalhou com o Silvio e o Chacrinha. Já vi poucas pessoas dizendo que preferem o Chacrinha, mas acredito que o Silvio Santos é 'hors concours'. Mas já vi discussões sobre quem tenha sido o maior. E você, como trabalhou com os dois, preciso te perguntar. Tem discussão de quem foi o maior: Silvio ou Chacrinha?

Como é que vou te explicar isso? Porque foi uma ligação muito afetiva com os dois, eles foram muito gurus na minha vida, sabe? O Chacrinha me adotou como se eu fosse filha dele, e assim, ele ligava lá para casa, dava conselhos, e eu fiz muito o Cassino do Chacrinha na própria Rede Globo, como jurada. E ele escrevia uma coluna no jornal Notícias Populares, onde eu copidescava, a coluna dele, então ele chegava na redação do NP, já: 'Teresinha!'. E parava a redação inteira, ele era um espetáculo, assim. E ele foi muito importante na minha vida e na minha carreira. O Silvio, meu Deus do céu. Eu aprendi muita coisa. E assim, quando eu estava para deixar a Rádio Globo, porque eu achava que lá a gente tinha que ajoelhar e agradecer por estar na Globo. E o salário não era lá essas coisas. A gente trabalhava muito. E aí teve um dia que teve uma coletiva, foi uma coletiva dele com o Gugu. Eu acho que foi, não lembro o quê, alguma coisa. eles iam lançar. E aí, depois a gente estava conversando nos bastidores e ele falou para mim: 'Nossa, e o programa continua legal?'. Eu falei: 'Silvio, eu vou sair'. Ele falou: 'Você não vai sair. Ouça o que estou te falando, você não vai sair, só vai sair do rádio se for para ir direto para a televisão, ter um programa seu'. E eu segui o conselho dele. Eu acabei não saindo naquela época que ele falou de jeito nenhum. 'Você não pode fazer isso, você vai cortar uma corrente'.

Como comunicadores, o Silvio, eu vivi muito mais com ele. E eu acho que ele realmente é o mestre dos mestres. E isso, se eu tivesse que escolher, ainda escolheria o Silvio. Mas aconteceu uma vez no Troféu Imprensa de ter um empate. Entre Silvio Santos e Chacrinha. E ele jogou esse empate nas minhas mãos. Eu que tive que decidir. Eu me decidi naquele ano pelo Chacrinha, que tinha tido um ano de muita repercussão. E desempatei pelo Chacrinha. O Silvio perdeu o Troféu Imprensa com o meu voto para o nosso querido e Velho Guerreiro. E aí, num dos intervalos, ele foi até perto da bancada e falou assim para mim: 'Olha, eu vou ter que concordar com o seu voto, porque realmente esse ano ele foi muito melhor do que eu'.

Ele ainda assim mostrou que ele tinha realmente capacidade, não é capacidade, mas ele tinha um olhar extremamente profissional em relação às coisas. Era muito maior do que a própria vaidade profissional, o próprio orgulho. Ele entendeu que aquele voto era muito justificado, na verdade, porque ele mesmo tinha achado que o Chacrinha tinha tido um ano melhor do que ele no vídeo. E é assim, essas coisas, né? É muito importante ter trabalhado com os dois, muito importante. Geniais, simplesmente.

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NaTelinha - Mas você colocaria o Chacrinha em segundo, então, depois do Silvio, o Chacrinha foi o maior, ou você ainda colocaria alguém depois do Silvio e antes do Chacrinha?

Não, eu colocaria Silvio e Chacrinha, sim. Chacrinha porque ele revolucionou a história do bacalhau, a história da Teresinha, a maneira como ele conduzia as coisas, o feeling para descobrir também grandes talentos. Ele era uma figura muito singular. Eram tipos de comunicação diferentes, mas extremamente efetivas. O Chacrinha virava um personagem, ele realmente era o Velho Guerreiro. O Silvio, de cara limpa mesmo, mandava todas.

NaTelinha - E o Silvio não tinha aquilo que o Gugu tinha, que era o vício no Ibope que o Gugu tinha. Você já chegou a conversar com isso sobre o Silvio, sobre os próprios programas que o Silvio apresentava? Ele demonstrava alguma preocupação? 'Ah, vou mudar esse meu programa aqui, vou tirar esse meu programa do ar, vou comprar um outro, ou vou copiar um outro programa, porque eu acho que vai dar mais certo'. Tinha isso? Como que era o Silvio? Não sei se você chegou a ter acesso a esse Silvio preocupado com o número de audiências, se ele existiu de alguma forma, e que você tenha visto esse lado dele.

Não, assim, ele não era. Todas as centenas de vezes que eu participei do programa dele, não tinha nenhum aparelho ali à vista de todos nós e que ele ficasse absolutamente ligado nesse tipo de coisa, como o Gugu ficava. Talvez ficasse, mas a gente não percebia isso. O que se percebia no Silvio era uma visão de contexto muito importante de buscar sempre coisas novas. Tanto que ele saía do país aquela época e trazia de lá coisas que aqui a gente não tinha nem ideia, programas que eram muito legais, inclusive o Jogo das Famílias. Tinha muita coisa que ele trazia e que depois o Gugu trouxe também e trazia até do Japão. Mas ele gostava mais com as coisas americanas, ele gostava muito dos programas femininos da manhã, das revistas também que tinham à tarde, que mesclavam, até jornalismo, que é uma coisa que ele nunca foi, assim, dos mais mais fanáticos, mais com artístico, com humor.

Ele gostava muito desse tipo de coisa. Então, ele foi muito pioneiro nisso de importar coisas. Porque hoje tem feiras de televisão, o pessoal vai para a NATPE, importa, comprar formato, virou uma coisa. Às vezes, ele nem comprava formato, ele copiava mesmo e vinha e fazia aqui. Fazia esse tipo de coisa, saía na frente de todo mundo. Então, é esse espírito. O espírito dele de arriscar, de se aventurar, de buscar coisas novas, isso eu achava impressionante. E era muito difícil ele errar, Thiago, era muito difícil. 

NaTelinha - E ele não te ofereceu nenhum formato, seja dele ou seja de alguma dessas feiras, ou mesmo um formato copiado para você apresentar no SBT, principalmente naquela época que você tinha tantas horas no sábado?

Não, não. Uma coisa que no sábado a gente chegou a fazer, porque ele sugeriu, foi reeditar o Boa Noite Cinderela. Isso a gente fez a pedido dele mesmo.

NaTelinha - Ah, ele que pediu?

Ele que pediu. Ele falou assim: 'Vamos fazer'. Porque ele opinava em tudo, né? 'Então vamos fazer o Boa Noite Cinderela. Eu acho que vai dar certo no sábado'. E deu muito certo, realmente. Tão certo que ele resolveu tirar do ar. Ele falou: 'Não, não, chega, chega'. É tipo assim: 'Deixa que Boa Noite Cinderela é comigo, né?'. E pronto. Cresceu demais. E acabou ficando assim. Mas formatos assim, não, nenhum. Ele queria simplesmente que a gente fizesse um programa que desse audiência e que tivesse a característica da minha opinião, da gente sempre estar questionando os assuntos.

E foi o que a gente fez. Por isso que era Falando Francamente.

NaTelinha - E você não teve a vontade de pedir um formato para ele ou mesmo de desenvolver alguma coisa relacionada a game-show? Você nunca quis mexer com isso exatamente?

Não, não. Eu acho que eu não tenho cara de game show. Se tiver que fazer, claro, a gente tem que topar tudo, mas não. Nunca fez muito parte da minha cabeça essas coisas de formato mesmo. Uma coisa que a gente introduziu na televisão, eu acho que tem muito a ver com a nossa entrada, a partir do A Casa é Sua, nos anos 2000, ter mudado as tardes da TV brasileira. Em termos de que eram os tradicionais programas femininos, era culinária, era artesanato, era desfile de moda, era uma entrevista, às vezes um pouco de fofoca, não era essa coisa que existe hoje. E quando me chamaram para apresentar, que foi o caso do meu irmão, que sentiu que eu poderia render como apresentadora, eu falei: 'Gente, eu não vou fazer isso, porque nas primeiras reuniões era tudo isso'. Eu falei: 'Eu não sei cozinhar, eu não ligo em moda para coisa nenhuma. Eu detesto artesanato'. Eu não tenho a mínima habilidade manual. 'Eu acho que vocês têm que chamar outra pessoa, porque esse tipo de coisa eu não sei fazer e eu não vou querer fazer. Então, chama alguma apresentadora'. Eu já estava em rádio mesmo, estava tudo certo na minha vida, não precisava ser forçada a fazer uma coisa que eu não queria.

E aí eles falaram assim: 'Não, mas então, vamos fazer um pouco do que você quer fazer'. Eu falei: 'Eu quero mostrar as revistas na televisão, quero poder discutir uma série de coisas, quero fazer cobertura'. Como já existia, às vezes, nos programas noturnos, Amaury Jr., Otávio Mesquita, mas eu queria fazer jornalismo de variedades, o jornalismo show. E é aí que começaram aquelas coberturas dos repórteres indo a lançamentos de novela, a levar para a televisão esse tipo de festa, de casamento, de batizado, porque não tinha nos programas da tarde nada disso. Então era um noticiário do mundo artístico. Era jornalismo de uma forma misturado com entretenimento e isso pegou principalmente a história das revistas de mostrar, porque eu sempre tive mania de comprar muita revista lá fora.

E aí a gente mostrava capa, mostrava destaques, isso pegou a ponto das próprias publicações passarem a mandar as edições semanais mensais para a gente. E virou uma coisa muito legal também. Aí todos os programas começaram a fazer a mesma coisa. Mostrava as manchetes dos jornais também. E começaram a fazer, mas começaram a fazer mal feito. E aí eu falei, quer saber? Então não vou fazer mais. Não fiz mais mesmo. Se era para pegar a ideia e ainda fazer pior, não quero fazer mais.

Sonia Abrão quer novas experiências na TV e expõe quadro que Silvio Santos tirou do ar

NaTelinha - Esses clones não existem mais.

Existe a seleção natural, né? O público vai escolhendo. Quem é legal fica, quem não é, dança.

NaTelinha - Exatamente. E nessa trajetória toda, então, me parece que você não tenha feito nada que tenha ficado pra trás, no sentido de que acho que não me parece que você quer fazer alguma coisa que você ainda não tenha feito. Entendeu ou não?

Eu entendi. Mas eu não sei se não tem alguma coisa que eu ainda queira fazer. Ou não queira, como você está falando. Eu acho que tem coisas que valem a pena ser experimentadas mesmo. Eu acho que eu quero ainda ir para a reportagem internacional. Quero sim experimentar outros horários. Porque eu fiquei com a cara da tarde. Eu amo fazer a tarde. Eu acho que o meu corpo funciona à tarde de tanto tempo que eu passo esse horário, mas eu acho que seria legal uma experiência de manhã, uma experiência à noite. Tem muitas coisas que eu acho que dá para fazer ainda e que eu quero fazer, não sendo artesanato, culinária, moda, então pode me chamar.

NaTelinha - Você já sugeriu essa mudança para a direção da RedeTV!? Você já acenou: 'Pessoal, estou querendo migrar de horário'?

Não. (risos)

NaTelinha - Não, ainda não? Agora vai saber, agora vão saber. (risos)

É verdade, mas isso é muito, assim, lá para frente. Por enquanto está tudo funcionando muito bem do jeito que está.

NaTelinha - Vai funcionar sempre bem, se você quiser ficar à tarde por mais 20, 30 anos, eu tenho certeza absoluta que você vai continuar à tarde 20 ou 30 anos, não é verdade?

De bengalinha lá... (risos)

Só enquanto estiver funcionando, bem legal mesmo. Mas assim, não sei, eu acho que nesse horário, nesse nosso programa, a gente ainda tem muita coisa que dá para fazer. São novidades que a gente pretende trazer para o ar ainda esse ano, talvez. Depende muito da parte realmente financeira da coisa. Custa caro você modernizar ou apostar em outras produções, outras coisas que você queira acrescentar, mas vem coisa por aí, porque não dá também pra você ficar sempre só na mesma batida.

Eu acho que o A Tarde em Sua, ele funciona nesses 20 anos e graças a Deus o pessoal não enjoou da nossa cara, porque diário, né? Há 20 anos já era pro pessoal ter falado: 'Não, chega, não quero mais'. Mas graças a Deus isso não aconteceu. Mas acho que tem a ver com essa história de a gente sempre estar atento e o programa em 20 anos, 19 na verdade, 20 são vocês do NaTelinha.

NaTelinha - Mas vai completar também 20 anos, já já.

Se Deus quiser. E mudando. E mudando de fase, sabe? Uma hora, como te falei, aquelas coberturas dos grandes crimes. Outra hora, as grandes entrevistas, a parte internacional. A gente vai mudando, a gente sente também. Isso é muito da própria intuição. Falando assim, nossa, a gente não está aguentando mais.

Se a gente não está, é porque o público também não está. Então, é hora de virar a chave. E eu tenho um diretor muito bom nesse sentido. Ele sente antes que a gente. E muda antes que a gente. E é só ir no embalo.

NaTelinha - E que novidade que está aí na boca do gol, que você está quase mudando, está querendo mudar, que está chegando ainda esse ano, que pode ser que venha, pode ser que não, mas que você está tentando? Que novidade seria essa, Sonia? Não pode dar esse spoiler?

Não posso, o diretor me mata. (risos)

Assim que puder, eu conto para você primeiro.

NaTelinha - Tá bom. Promessa é dívida, hein? Promessa é dívida. Queremos saber primeiro.

Promessa é dívida!

NaTelinha - O que você assiste na televisão por puro prazer e por mero ofício? Eu quero saber também o que é que você assiste na televisão por puro prazer e por mero ofício.

Bom, agora até parei um pouco, mas gostava muito de assistir as séries médicas, o ER (Plantão Médico), Amsterdam New Hospital, que eu amava, tinha coisas policiais que eu gostava. Depois eu passei para séries coreanas, porque minha irmã assiste todas. Eu comecei a assistir também, principalmente na época de pandemia.

NaTelinha - Você assiste dorama? Não acredito.

Dorama é comigo mesmo. Eu assisto hoje em dia, mas na época da pandemia eu assisti um lindo chamado Chocolate, que eu nunca me esqueci daquele dorama. Então, eu gosto muito dessas coisas. E eu procuro muitas atrações internacionais, porque eu gosto de ver, de ouvir outro idioma, ver outras culturas, outras paisagens. Coreano é maravilhoso. Ainda quero ir para a Coreia. Então, era muito isso.

Em termos de TV brasileira, eu amo Altas Horas. Eu gosto demais de assistir o Altas Horas, eu acho que é um programa que o Serginho Groisman, ele é genial mesmo. Eu assisto mesmo programas de auditório. Eu assisto Celso Portioli, Patrícia, assisto partes do Domingão também, então eu vou curtindo essa coisa. Não é só pelo meu lado profissional, é porque é a minha vivência. É o meu habitat, eu me sinto ali também com eles, é a mesma vibe.

Então eu estou vendo os meus colegas em ação, isso para mim é muito legal, é muito importante. Eu me distraio como telespectadora e eu vou, afinando assim a minha sensibilidade com o profissional mesmo. É tão bom você poder olhar para os seus colegas e admirar o trabalho deles e curtir, inclusive, como telespectadora, que eu fico assim, final de semana, aí são os meus programas de auditório mesmo.

NaTelinha - E por obrigação?

Olha, eu gosto e sempre fui noveleira. Mas eu não gosto das novelas atuais. Então, eu tenho que assistir por pura obrigação, realmente.

NaTelinha - Nenhuma? Você não está gostando de nenhuma?

Ah, não gosto, não gosto. Atualmente, assim, como a Globo está voltando um pouquinho a se equilibrar, um elenco, procurando uma história melhor, aí tem umas coisinhas que eu gosto, até de Garota do Momento, que está sendo passada. É uma novela que está sendo bem feitinha. Teve uma que era Além da Ilusão, com a Larissa Manoela. Aquela novela era lindinha, só foi bem na primeira fase, a segunda ela foi de uma canastrice absurda, não gostei nem um pouco. Mas assim, você ia falar o que da novela que acabou de passar. Como é que é o nome dela?

NaTelinha - Mania de Você?

Mania de Você, exatamente. Mas, assim, como é que você vai fazer esse tipo de coisa? Uma adaptação de Renascer que foi bem feita, mas não fazia jus ao original. Terra e Paixão, o Walcyr fez o que que pôde, mas você não pode falar que foi uma grande novela. Teve grandes atores. Caso do Tony Ramos, caso da Gloria Pires. Mas assim, não dá. Então, o prazer de uma novela, de assistir como era um O Rei do Gado ou A Próxima Vítima, a gente não tem mais. Nem trilha sonora, para você ter uma ideia, nem trilha sonora. Então, isso eu faço por obrigação, realmente por obrigação.

NaTelinha - E você assiste na televisão linear ou no streaming? Você vê todos os dias ou pega o fim de semana e maratona?

Quando eu não tenho nenhum compromisso à noite, então em casa eu vou assistindo, eu procuro ver de uma maneira regular, para você não perder o fio da meada. Você tem que saber do que você está falando, como é que está sendo feita a novela, para você poder ir para o ar e fazer uma crítica. Porque senão você vai ser injusto. Desonesto intelectualmente. Então eu mantenho o fio realmente. Assim como a temporada de Big Brother. Me desculpe. Mas são 100 dias assistindo tudo para poder falar isso. Tem edições que a gente ama cobrir. E depois sente falta. Você tem que acompanhar. 

Se eu não consigo assistir, se eu não vi, eu não comento, porque aí realmente não é legal com o público, você não está sendo honesta, nem com o público, nem com quem te assiste, muito menos com quem faz esse trabalho. Então, eu estou sempre ali de espreita mesmo.

NaTelinha - Reality de plataforma de streaming você acompanha algum?

Não vejo. Vi algumas coisas do Ilhado com a Sogra. Por causa da Fernandinha, eu gosto muito dela. Acho que ela rende muito como apresentadora. Eu vi algumas coisas da Sabrina, de Desapego, que eu achava que era muito interessante. E uma coisa que eu assistia bastante, porque eu vi, inclusive, com a minha mãe, que gostava muito daquilo, era o Irmãos à Obra. Tanto que, quando eles vieram ao Brasil, eu participei da vinda deles também.

Fui ao show que eles acabaram de fazer naquela época, acho que era o Hotel Transamérica ainda. Adorei os dois, assim, foi muito legal. Foi uma outra visita. É um outro tipo de contato com o artista também, amei fazer. Então, são coisas esporádicas que eu vejo, vejo nacionais e vejo internacionais também.

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