Bastidores

Otávio Mesquita relembra pegadinha com Silvio Santos e como Gugu mudou sua vida

Apresentador do SBT recorda início cobrindo o Carnaval, o célebre "fecha na Prochaska" e o convívio com o Homem do Baú


Otávio Mesquita com Silvio Santos, Gugu e atualmente
Otávio Mesquita mudou de patamar ao acordar famosos no Domingo Legal - Foto: Montagem/NaTelinha
Por Thiago Forato

Publicado em 20/06/2025 às 00:20,
atualizado em 20/06/2025 às 10:29

Otávio Mesquita será eternamente grato a Silvio Santos (1930-2024). O apresentador se emocionou em diferentes momentos deste bate-papo enquanto revivia algumas histórias com o Homem do Baú. Mas ele também conta como Gugu Liberato (1959-2019) transformou sua vida quando recebeu um convite do loiro para acordar famosos em seu Domingo Legal nos anos 90. "Foi uma 'porrada', no bom sentido", admite ele, que completa 66 anos de idade coincidentemente no dia que esta publicação vai ao ar.

Essas e outras lembranças surgiram em uma longa entrevista ao NaTelinha publicada no YouTube (vídeo ao fim da matéria) e que também aparece aqui em formato de texto. Otávio Mesquita é o 14º convidado de uma série de 20 entrevistas com personalidades que fizeram ou fazem a história da TV neste mês que marca as duas décadas do site.

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O apresentador que voltou ao SBT há 11 anos e comanda o Operação Mesquita, recorda quando comandou outras atrações na casa, como o Programa Livre, Fantasia e o Tempo de Alegria, este último, ao lado de Celso Portiolli. Ele o convidou para um jantar depois de saber que dividiriam a mesma atração. "Ficamos amigos demais. E deu certo", orgulha-se.

Mesquita também fala pela primeira vez sobre sua ausência no velório do fundador do SBT, em agosto do ano passado. "Eu não tinha condição de ir", explica. "O cara foi o meu pai. E não é que assim, pai, que eu digo, eu encontrava, toda vez que eu encontrava com ele, ele me atendia bem, me dava entrevista."

A conversa foi gravada em março, antes da acusação que sofreu por estupro de Juliana Oliveira vir à tona. Portanto, este assunto não foi abordado.

Confira:

NaTelinha - Você está completando 66 anos de idade nesta sexta-feira (20) e quero saber como você está de saúde. No comecinho do ano você teve um probleminha, como é que você está hoje?

Todo mundo sabe que recentemente, foi em janeiro, eu sou assim, eu sou uma pessoa que eu faço academia... Eu não sou um cara muito gordinho, nada contra os gordinhos também, que são os gordinhos bonitos. O que acontece? Eu me cuido muito, e aí eu descobri que eu tinha um problema no coração, sem saber, porque eu fui com um amigo, o meu amigo falou assim: 'Otávio, como é que tá teu coração?'. Eu falei assim: 'Tá bem'. 'E o teu exame?'. Eu falei: 'Que exame?'. 'Exame de coração' ele falou. Nunca fiz.

O meu coração estava 96% tapado. Então, eu fiquei assim, muito assustado, tive que fazer o exame. Aí a minha vida mudou muito, você acredita? Porque como eu passei por isso, eu digo para você o seguinte, eu hoje tenho muitos amigos, mas as pessoas que estão mais em minha volta e que me entendem, que sabem os problemas que eu tenho, os acertos, os erros, então eu estou muito mais amigo das pessoas que estão dentro do meu coração. Se bem que eu sou amigo de todo mundo.

NaTelinha - O Operação Mesquita está caminhando para ser o programa mais longevo que você já apresentou na televisão. Ele chegou no modelo que você queria? O programa passou por algumas transformações lá em 2017, mas já está há um tempo nessa pegada atual.

Não, não. Mudou muita coisa. Para você entender, eu vou dar um resumo da minha história para as pessoas que não conhecem. Eu comecei a fazer televisão quando eu tinha 17, 18 anos, estava fazendo Jornalismo já na faculdade. Mas antes disso, o meu pai, quando eu tinha acho que 11, 12 anos, meu pai perguntou: 'Ô, filhinho, o que você quer ser quando crescer?'. Aí eu olhei e falei: 'Pai, meu sonho é ser piloto de Fórmula 1. Piloto'. 'Mas, filho, se você quiser ser piloto de Fórmula 1, você tem 100% de chance de não ser feliz. Não vai conseguir'. Se não der certo, eu quero ser apresentador de programa de televisão e amigo do Silvio Santos. Olha que loucura. Aí meu pai falou assim: 'Então tá bom, tá, filho. Se não der certo o primeiro, você inverte'.

Então, o programa de corrida vira o segundo, ok? E o ser apresentador vira o primeiro. Estou quase 25 anos fazendo meu sonho que virou meu hobby e hoje estou no ar pelo SBT há quase 40 anos.

Otávio Mesquita relembra pegadinha com Silvio Santos e como Gugu mudou sua vida

NaTelinha - Operação Mesquita, inicialmente, ele foi concebido para ser no sábado, depois do Raul Gil, na época. Depois ele chegou para a madrugada, aí depois ele passou por uma transformaçãozinha até chegar.no formato atual. O que aconteceu nesse meio do caminho que você foi mudando o programa até chegar agora? Por que ele passou de semanal para diário? A ideia que você tinha concebido ele, durou pouco. O que foi acontecendo?

Teve uma coisa interessante, é o seguinte: quando eu comecei a fazer televisão, eu fiz o Carnaval. Eu era contato publicitário. Vendia os anúncios da Bandeirantes. Porque meu pai falou assim: 'Otávio, você tem que entrar numa emissora'. Eu falei: 'Não, pai, eu quero entrar na área comercial'. 'Mas por quê?', perguntei. 'Se você quer ser famoso'. Não, área comercial é melhor porque eu fico amigo de todo mundo da área da televisão, amigo dos apresentadores. 'Peraí, filho, amigo dos apresentadores de TV?'. Falei: 'Claro, por que você vai vender um comercial? Como é que você vai ficar amigo dele aí?'. Falei: 'Pai, vou cuidar do merchandising'.

O que é merchandising? São os produtos que as pessoas fazem. E todo mundo faz merchandising. Até hoje, todo mundo faz. O Luciano Huck faz uma empresa de coisas. Então, tudo isso as pessoas fazem. Aí o meu pai perguntou assim: 'Por que você quer fazer merchandising?'. Porque eu quero ficar amigo dos apresentadores. E a primeira pessoa que eu fiquei muito, muito, muito amiga foi a Hebe Camargo, porque ela tinha um programa na universidade. E eu levava para ela os produtos e falava: 'Hebe, tem aqui esse papel higiênico'. Então, ela ficou muito amiga minha. E ela, enfim, em 40, 30 e poucos anos, ela foi minha amiga. Eu fui no programa dela, já brinquei com ela.

E eu tive quatro separações ao longo da minha vida. E toda vez que eu separava, ela ligava. Mas, enfim, continuando, só para finalizar... Aí, quando eu fiz o Carnaval, eu explodi e fiz o Gala Gay, que é uma coisa interessante.

NaTelinha - A gente vai falar disso também, a gente vai falar disso.

O Gala Gay, posso dizer uma coisa interessante... Quando eu fui para o SBT para brincar o Carnaval, o meu apresentador, enfim, o diretor lá, Eduardo Lafon, já está no céu. O Lafon falou assim: 'Piquinha, você quer fazer televisão?'. Eu queria ir e tal. Então, é o seguinte: 'Tem duas opções pra você fazer. Se você der certo hoje, você vai se dar bem amanhã'.

O que é hoje? 'Hoje tem o programa do Carnaval, né? Do Carnaval no Clube Monte Líbano. Tem o repórter vai lá fazer. Vai ser legal. Mas amanhã tem o Gala Gay. Mas acho que já tem um repórter. Então faz uma parte hoje e amanhã você faz. Vou te dar uma opção'. Aí eu peguei e fui fazer. O primeiro baile aqui, que eu me diverti demais, foi uma brincadeira sensacional, todo mundo gostou. Aí no dia seguinte, o que aconteceu? O repórter do Gala Gay não veio.

NaTelinha - Quem era esse repórter?

Ah, eu não vou lembrar. É algum repórter que eu esqueci, mas não pôde ir.

NaTelinha - Tem que agradecer a ele, hein?

Eu queria lembrar quem é, pra agradecer ele, que não foi. Aí eu chego lá e falei: 'Eu vou fazer'. 'Mas tudo bem, Otávio?'. 'Gente, nada contra os gays'. Naquela época tinha um pouco de... Né?

Otávio Mesquita relembra pegadinha com Silvio Santos e como Gugu mudou sua vida

NaTelinha - Bastante, né?

Bastante. Até hoje ainda tem, mas naquela época eu falaram assim: 'Você não tem nada contra fazer?'. Eu falei assim: 'Claro que não'. Poxa vida, nós todos somos iguais. Aliás, tem um ditado que eu aprendi depois, um ditado de uma lei que diz o seguinte "Todos somos iguais perante a lei, sem decisão de sexo, cor, raça ou credo".

Isso é uma coisa técnica. Então, eu assumi, porque, gente, os caras são divertidos. Aí, quando eu entrei para fazer o Gala Gay, você não está entendendo, eu explodi, ganhava da Globo, foi uma coisa especial. Então, se eu estou onde estou, eu devo hoje a esse Baile dos Gays que brincavam comigo. Aí comecei a fazer. Depois que eu terminei, eu trabalhava na Bandeirantes, como contato público. Aí fui convidado para ir para a RedeTV!, para fazer programa. Então, aí fui crescendo, fui crescendo. Então, enfim. Até hoje eu fui para todas as emissoras.

NaTelinha - Você trabalhou em quase todas.

Eu quase fui para a Globo. Não quis ir. Depois eu te conto.

NaTelinha - Você não quis?

É... uma história. Quer que eu fale já?

NaTelinha - Claro, pode falar!

Vamos lá. Quando eu fazia um programa que é interessante que é o Bom Dia Legal, que eu acordava as pessoas. Isso tem 30 anos, 27 anos e tal... E por que o Gugu gostou disso? Porque quando a minha diretora, na época, que era a Andrea Sette, eu fiz o aniversário, no dia 20 de junho. E nesse dia, ou dia 19, ela pegou a equipe, junto com o Zezé di Camargo e o Luciano. Tem essas imagens aí no Google.

NaTelinha - Eu vi no documentário do Gugu. Está no +SBT. Muito bom o documentário.

Exatamente. Aí ele pega, simplesmente, vão lá me acordar. Quando me acordaram, foi divertido, eu fiquei assustado, tomei um susto, gritei, achei que era assalto e tal. Foi uma ideia que a equipe minha fez. Aí foi pro ar. Quando foi pro ar, sei lá, numa segunda-feira, não, na quarta-feira, na semana seguinte, na quinta-feira me liga o Gugu. 'Mesquitinha, ontem por acaso, eu vi o seu programa e vi que te acordaram'. 'Ah, que legal, você gostou?'. 'Gostei da ideia, vamos almoçar amanhã'. Falei: 'Vamos almoçar'. Aí fomos almoçar. Ele falou: 'Eu tenho uma ideia, você pode começar a acordar as celebridades'. Eu falei assim: 'Mas é legal, claro que é. Acho que vai ser bacana isso'. Então vamos fazer o seguinte, aí começamos a pensar no nome, aí eu falei assim, peraí: 'Bom Dia Legal né?'. Fechado.

Otávio Mesquita relembra pegadinha com Silvio Santos e como Gugu mudou sua vida

NaTelinha - Então o nome é seu.

Eu que bolei. Pá, fechado! Então tá bom. 'Gugu, toca a pau lá, fico feliz que você vai colocar. E depois você só manda um beijo pra mim'. Ele falou: 'Como assim, Otávio?'. 'Não, Gugu, você não vai fazer o Bom Dia Legal?'. Ele falou: 'Você não tá entendendo mesmo que o meu programa tem quatro, cinco horas. Eu abri um quadro de meia hora pra você acordar as pessoas'. Ainda falei, meu Deus do céu! Obrigado! Minha vida de conhecimento e até o Gugu Liberato e depois do Gugu Liberato, por isso que eu devo isso pra ele. Aí eu comecei a acordar todo mundo.

E aí a minha vida cresceu, porque a gente ganhava da Globo, né? Você acredita?

NaTelinha - Eu acho que o seu nome também, na época, ele despontou muito. As pessoas começaram a te conhecer muito mais, né?

Ah, não, foi uma 'porrada', no bom sentido.

NaTelinha - Tem muita gente que está assistindo a gente agora e é daquela época. Você via que as reações eram genuínas. Dava pra perceber que era verdadeiro. Você já percebeu gente que quis te engrupir? 'O Mesquita vai vir aqui, mas vou avisar para a pessoa, vou me preparar'. E aí você perceber que aquilo está meio forjado, sabe? De você sentir no ar que a situação não é verdadeira.

Teve duas coisas, teve uma, as duas são uma, não vou nem falar quem era a pessoa, porque eu combinei com a assessora de acordar essa artista. Eu não vou falar, porque também não tem nada a ver.

NaTelinha - Você não quer falar?

Não, não.

NaTelinha - Está em evidência até hoje?

Não, é porque está aí hoje, fica chato. Ela pediu: 'Ah, não sabia, desculpa'. Mas também, não tem nada a ver.

NaTelinha - Não sabia o quê? Não sabia que não era combinado?

Não, o que ela fez? Aí eu falei com a assessora, vou entrar. Aí quando eu fui acordar: 'Bom dia!'. Acordei com uma buzina e tal. Quando eu fui ver, estava toda maquiada. Ah, não. Eu falei, 'corta, corta'. E o marido também estava assim, corta. Gente querida, o que aconteceu? Você acordou agora? 'É, estou acordando'. Mas não pode, porque você está toda maquiada. 'Ai, mas eu tinha que estar preparada'. Mas não tinha nem que saber!

'Não posso por no ar porque o Gugu não quer'. Eu não falei que eu não queria, o Gugu não quer, tal. Aí a gente conseguiu, esse é um. E aí teve um outro, eu não sei como é que eu vou contar, mas enfim, uma pessoa também famosa, que eu cheguei a falar... Ele ia no programa do Gugu, ele ia no Gugu, acho que era 12h, sei lá, que hora que começava. Então o Gugu falou assim: 'Vai acordar essa pessoa aqui, ele tá num hotel. Enfim, no flat'.

E eu falei com a mulher dele, que ela também é famosinha. 'Ah, então aí, Otávio, tudo bem? Tem um problema'. 'Que problema que é?'. 'Você não pode contar para ele. Se eu souber que ele está sabendo, se eu perceber que ele está meio assim, ele tem que ficar assim e tal. Se ele ficar meio assim, eu não vou pôr no ar'. 'Ah, não, eu sei disso'. 'Eu quero que você acorde aí. Mas tem um problema. É que o meu marido, ele dorme pelado'. 'Como assim? Eu vou puxar a coberta. Põe uma cueca nele. Dorme com a cueca'. Enfim, tá bom. Aí eu fui lá. Eu falei, vamos fazer isso. Aí fui lá de manhã. Abri a porta. Entrei e: 'Bom dia! Puxei a coberta'. Ele estava pelado.

NaTelinha - Meu Deus.

Desculpe falar. Quando a gente acorda, vai fazer o que quando acorda de manhã?

NaTelinha - Já até sei.

Entendeu? Com vontade de fazer pipi. E aí, quando eu vi aquela coisa, eu falei: 'Nossa senhora!'. Quando eu vi ele acordado, então, entendeu? Falei: 'Não, corta'. Aí cortei. Aí, cheguei no Gugu, falei: 'Gugu, não dá pra colocar'. Ele falou: 'Poxa, que pena'. Então não foi pro ar.

NaTelinha - Põe a tarja.

Ah, não dava pra botar.

NaTelinha - Era tão grande assim?

Ia gastar muito, ia ser um profissional. (risos)

NaTelinha - Oloco! (risos)

Mas as outras foram engraçadas, porque eu acordava gente famosa. Enfim, tanta gente, né? Mas com todo o respeito, o carinho. Nunca teve nenhum problema.

NaTelinha - Eu queria voltar só um pouquinho que você estava falando de Carnaval. Eu queria que você narrasse um momento que entrou para a história dos anais da televisão brasileira, o 'fecha na Prochaska', que é um caso célebre.

Quando eu fazia o Carnaval, quando chegava por volta das 3h, eu já estava o saco cheio, no bom sentido. As pessoas já tinham tomado tudo, então ficava muito chato. Então, imagina vocês. Eu com uma mesa. Aí eu com o microfone. Aí falei com o Eduardo Lafon, falei assim: 'Eduardo, deixa eu te explicar uma coisa'. E tinha fone de ouvido naquela época. Eu tava num break comercial. 'Fala, Afonso, volta dois minutos, vamos voltar, vamos encerrar'. 'Ah, por que, Mesquita?'. Porque não tem o que entrevistar, não tem o que a gente fazer, tá todo mundo bêbado aqui, tá segurando, segurando as pessoas. 'Ah, então tá bom'. Então, atenção, pessoal, todo mundo ouvindo. 'Câmera 1, seguinte, dispensa a câmera 2 e 3, dispensa todo mundo, o camera fica aqui na frente. Vamos sacar aqui a câmera. Fica aqui na frente, a câmera aí'. Eu aqui e ela aqui.

Aí é o seguinte, atenção! Volta do break, Cristina Prochaska, você fala oi, agradece: 'Pode falar um minuto, um minuto e meio? Fala o que você quiser falar'. Passa para o Mesquita, o Mesquita também agradece, encerra. Ela desse lado, uma mesa aqui em cima e eu aqui. Aí de repente eu estou lá esperando, faltava um minuto, um minuto e meio, dois, sei lá. Aí de repente vem uma menina linda, um metro e oitenta de biquíni. Sabe, pequenininho? Sabe aquele que coloca o pompom? Aquele pomponzinho aqui? O rabinho do coelho, né? O que tinha estava tomado. Ela falou assim: 'Oi! Aqui que é o camarote da Bandeirantes?'. Eu falei assim: 'É'. 'Ah, eu quero dar entrevista'. 'Querida, não dá'. Mas eu olhei que ela estava linda, eu tive uma ideia louca.

Falei: 'Cristina, vem aqui, vem aqui'. Aí peguei a menina, ela subiu, era uma mesa não alta, abaixou... Subiu, ficou aqui em cima, com o joelho, imagina você, o pé aqui embaixo, o joelho, enfim, o pomponzinho aqui, e lá pra cima. Aí o Eduardo falou assim: 'O que é isso, Otávio?'. 'Não, isso aqui ela vai aqui dançar, essa hora pode, tá bom'. Aí, pum, começou. Começou pra lá, pra lá, aí a Cristina Prochaska se despede. E aí, de repente, a menina começou a dançar e tirou a parte de cima. Aí eu ficava assim... Eu tinha uma televisão que eu vinha usando aqui. Ela tirou a parte de baixo. Tirou a parte de baixo. Ficou assim. Desculpa, você pega assim, põe aqui embaixo e fica dançando assim. Aí todo mundo assim: 'Meu Deus do céu, o que aconteceu?'. Aí o diretor falou para a câmera assim, a câmera estava aberta assim. E a Cristina Prochazka aqui. Falou, acho que era Pacheco. 'Pacheco, pelo amor de Deus. A Cristina Prochaska falando'. Estava se despedindo, olhando assim, olhando. 'Atenção, Pacheco!'. A Cristina Prochaska. 'Fecha na Prochaska, fecha na Prochaska'. O cara, 'peraí'. Pum, fechou. Fechou da menina nua. Até dou risada. 'Abre, vai na próxima, fechou ali na parte interna'. Comecei a cair no chão não consegui falar. E cortaram. Foi a coisa mais engraçada, pena que eu não tenho essas imagens.

NaTelinha - Era isso que eu ia te perguntar, cadê essas imagens?

Não tem essas imagens, na época foi muito louco o que aconteceu.

NaTelinha - Otávio, avançando mais um pouquinho depois do Domingo Legal ali provavelmente foi o que que te credenciou até dentro do próprio SBT para ser visto mais ou menos como um apresentador popular, que ali já no final dos anos 90 te chamam para fazer o Tempo de Alegria ao lado do Celso Portiolli. De quem partiu essa ideia de colocar vocês dois ali juntos num programa de auditório?

Como o Carnaval que eu fiz estava explodindo muito, audiência, tudo, aí o Silvio me chamou para fazer os programas. Aí eu estive lá com ele. Aliás, o Silvio é uma pessoa muito... Nossa, o cara é...

Otávio Mesquita relembra pegadinha com Silvio Santos e como Gugu mudou sua vida

NaTelinha - Nem parece que ele morreu, né?

É, pra mim ele não morreu. Eu hoje, quando faço as minhas orações, eu agradeço as pessoas que fazem parte da minha vida. Eu sempre agradeço a todo mundo, mas tem duas pessoas que eu falo sempre, que é o Ayrton Senna, que hoje é um cara que eu conheço, meu filho hoje é piloto, eu devo muito a minha cabeça. E é o Silvio, né? Porque o Silvio também é um cara que me ajudou. E eu sempre tive uma liberdade com ele, um relacionamento mais próximo dele. Eu até devo ter aqui também, mas enfim. E aí, o que acontece? Aí o Silvio me chamou para fazer os programas. Eu tive o Tempo de Alegria, mas acho que era só eu e ele, só, né? Eu fiz outros programas com ele também.

NaTelinha - Vocês tiveram o Fantasia, né?

Mas esse programa eu já sabia que podia ter um problema. Ou seja, como é que pode dois apresentadores fazer o programa? E aí, um ia querer derrubar o outro. Isso é normal, concorda? Aí eu peguei e falei pro Celso assim. O Celso vai lembrar disso. Falei: 'Celso, vamos fazer o seguinte. A gente foi chamado pra fazer um programa daqui a duas semanas. Vamos jantar nós dois'. A gente se conheceu ali. Aí fui jantar com o Celso num restaurante. E eu, na época, eu gostava de vinho. Levava um vinho maravilhoso na época. Tinha um Petrusca, um vinho sensacional. Ele vai lembrar disso. Aí eu levei o vinho. Aí eu falei para ele o seguinte, falei: 'Celso, vou explicar uma coisa para você. Vamos estar unidos? A gente está unidos. Mas quando entram dois apresentadores, sempre tem um negocinho assim, porque a gente sempre quer crescer um pouco mais'. 'Ah, mas eu não sou assim'. Eu falei: 'Eu sei que você não é assim, mas eu estou te conhecendo aqui hoje. E eu também não sou assim. Porque você é um cara, já é um apresentador bacana, e eu também, numa boa. Então, vamos estar unidos para a gente junto crescer. Quando a gente crescer, a gente faz assim, vai para um lado e para o outro'. A gente se abraçou e tal, e ficamos amigos demais. E deu certo. Mas quando deu certo, aí eu quis ter o meu programa e ele também queria ter.

Então, na época, numa coisa informal que eu falei com o Silvio, ele falou assim: 'Eu quero ter um programa meu'. A gente começou a fazer os programas. Então, ele foi para um lado e foi para o outro. Claro que ele cresceu muito mais. E o Celso é considerado, olha, eu acho que um dos cinco, três ou cinco maiores apresentadores do Brasil. Fora os que já estão lá em cima. Mas hoje em dia, eu acho que ele é. Tem a Patrícia, que é sensacional. Enfim, acho que tem cinco. O Serginho Groisman, o Marcos Mion, enfim, todos são muito bons. Então, acho que é mais de cinco. Vamos colocar os 10. Então, foi isso que aconteceu. Eu fiquei muito feliz porque a gente cresceu.

Ele e eu, hoje, nós estamos muito bem, né? Estou no SBT há 11 anos, no ar há 37 anos.

NaTelinha - Mas foi nessa época, Mesquita, que você começou a fazer teste para o Programa Livre? Foi mais ou menos saindo do Tempo de Alegria?

O Programa Livre foi que houve aquela mudança toda, aí me chamaram para fazer. Aí fui lá fazer e foi divertido também, enfim, foi bacana. E tinha, era eu e mais quatro pessoas, né?

NaTelinha - É, tinha uma galera, né?

É. E aí também, também aquilo, eu não sei porque, enfim, teve uma mudança, mas fiquei lá, acho que um ano, alguma coisa assim. Era eu, Celso, mas não sei quem que era, eu esqueci.

NaTelinha - Tinha a Babi, que acabou sendo efetivada, a Lu Barsoti...

Lu Barsoti. É. Você é melhor do que eu. Eu não lembro os outros. Mas enfim, foi legal, foi bacana. E aí a gente também foi mudando. Então eu fiz diversos programas no SBT.

NaTelinha - Aí você fez o Fantasia, que o Fantasia depois, cara, era uma época que o programa de TV aberta congestionava o sistema telefônico. Muito louco, né? E eram vários apresentadores, vocês faziam várias horas ali. Tinha você, o Portiolli.

Nossa, era legal. Era o Silvio que fazia isso. O Silvio que chamava de fazer os testes e tal. Mas o Fantasia era uma coisa que era divertida. Eu fiz o Fantasia durante um bom tempo. Eu acho que bateu um ano, não lembro. Eu nunca saía do ar.

NaTelinha - Aí depois você voltou pra RedeTV! pra fazer o Perfil de novo. O que que interrompeu essa passagem só no SBT, você lembra?

Uma coisa muito bacana, que é uma coisa só, onde eu fui lá, eu tinha recebido um convite para ir para a Record. O Eduardo Lafon era diretor lá. E eu estava lá, não estava no SBT. Aí, o que acontece? Veio uma resposta, o Lafon era muito meu amigo, na época da Bandeirantes. 'Eu quero que você venha para cá'. Falei: 'Lafon, estou bem aqui, pelo amor de Deus'. 'Não sei, manda para mim o que você quer'. E mandou um rascunho do que eu tinha. E aí, eu não vou falar em números, mas vou dizer assim, eu ganhava 7 reais. Pra vocês entenderem. Na época era 7 reais.

NaTelinha - Pra quem não está entendendo, é 70 mil reais. (risos)

Não tô falando 70 mil. Vai te catar! (risos) É 7 reais! Aí eu cheguei, ele me mandou, para receber 10 reais. Entendeu? Aí eu peguei o papel, fui com ele embaixo do braço. 'Silvio, posso ir aí?'. Ele me recebia. A gente tinha essa liberdade. 'Estou no SBT muito feliz, sou ético, se eu estou onde estou começando, eu devo a você. Claro, devo a ele e também a família Saad, porque eu comecei a fazer televisão no Carnaval'. Falei que convidado pela Record. E ele disse: 'Você quer ir pra lá?'. Falei: 'Me pagaram 10 anos'. 'E você ganha quanto aqui?'. 'Eu ganho 7'. Ele fez assim: 'Você tem que ir'. Falei: 'Por que, Silvio?'. 'Você é um cara bom, você vai. Você não quer ir por quê?'. Eu falei: 'Silvio, eu não quero ir porque...'. Me emociona aqui. 'Eu não quero ir, porque se eu estou onde eu estou, eu devo a você'. Desculpa, eu sou um cara muito emotivo. (choro)

NaTelinha - Fica tranquilo.

'Mas imagina, você tem que ganhar dinheiro, pensar em dinheiro'. Eu falo assim: 'Não. Eu estou pensando em continuar aqui, ficar seu amigo, crescer aqui dentro do SBT, que é a maior emissora, mais próxima da Globo. Então eu quero ficar aqui. Nada contra as outras emissoras que são muito boas, mas eu quero ficar aqui porque você está me ajudando'. Ele falou assim: 'Mas você está ganhando 10 reais. Você quer ficar?'. Eu falei assim 'claro que eu quero'. Aí ele falou 'se você quiser ficar, vou manter o salário'.

'Eu não penso em dinheiro, porque era bom ter dinheiro. Eu sei que você vai me ajudar e que você é a pessoa que faz parte da minha vida, da minha história. Se você me ajudou, eu quero ficar do seu lado, quero que você confie em mim'. Sabe o que ele fez? Pega o telefone. 'Aqui. Um minutinho só. Fulano, traz o contrato do Mesquita aqui'. 'Mesquita, é o seguinte, em vez de colocar 10 reais, coloca 15 reais'. Falei: 'Como assim? Silvio, não pode'. 'Otávio, vou te explicar uma coisa. Você não é uma pessoa que estava pensando em dinheiro. Você pensa em ser meu amigo, pensa em crescer e pensa em virar apresentador. E a partir de agora, você vai crescer muitos anos. Porque você é uma pessoa correta, honesta e você não me pediu dinheiro'.

Então, imagina o que esse homem representa na minha vida. Resumo, resumo. Voltei há 11 anos atrás com ele, e eu não pretendo, apesar de ter tido algumas [propostas] para sair do SBT nos últimos 11 anos, porque eu não conto para ninguém, estou contando agora. Eu não vou sair do SBT, a não ser que o SBT diga: 'Otávio, pode ir'.

NaTelinha - Não vai falar, né?

Cara, não falo, porque eu nem comento com ninguém, não sei porque estou comentando aqui. Eu não quero sair do SBT, porque o Silvio me deixou lá, e lá é que eu vou ficar. E não só ele, as filhas dele são maravilhosas, são todas amigas. Então, eu me dou muito bem com todo mundo e estou feliz. Quando eu lembro dele, eu me emociono.

NaTelinha - Não, eu imagino, porque você viveu a história do lado do cara. Mas, Mesquita, antes de você voltar para o SBT em 2014, igual você falou, já faz 11 anos, você foi para a Band fazer um programa que eu gostava muito, o A Noite é uma Criança, que era ao vivo de madrugada. Quem teve a ideia de fazer ao vivo de madrugada? Hoje em dia isso é impensável até em razão do custo. Tá todo mundo enxugando...

Foi muito legal o programa. Lá era muito tranquilo, porque nessa época da Band, eu fiquei, para você ter uma ideia, eu tinha muitas pessoas que eram amigas minhas, né? Então, a Rosana Saad, que está lá hoje, entendeu? E também, enfim, todas as amigas que estavam lá, eu tive acesso a ficar amiga de todo mundo lá. Então, fiquei amiga. E muitas pessoas trabalhavam comigo, aí eu acabei crescendo lá e fiquei junto com todo mundo. Então, eu cresci porque eu fiquei amigo da família também. Então, lá tem o Ricardo Saad, tem lá o Johnny, aí tinha assim, todo mundo que me conhecia.

Ao vivo era muito mais divertido, porque eu brincava muito. Naquela época eu podia brincar mais, podia fazer umas 'bobaiadas', podia falar umas palavrinhas, hoje não dá mais pra fazer, né? Mas, então, eu fiquei muito feliz mesmo. E hoje, no meu programa, nos últimos anos, no começo do ano, eu fazia muitas brincadeiras, hoje, com 65 anos de idade, eu mantenho meu bom humor, mas, fico na minha aqui, não faço mais merdinha que eu faço mesmo agora.

Otávio Mesquita relembra pegadinha com Silvio Santos e como Gugu mudou sua vida

NaTelinha - Mas a gente estava falando no começo do Operação Mesquita, você inclusive não me respondeu, mas agora você vai me responder. (risos) Como é que foi o passo a passo do Operação Mesquita para ele se transformar no que ele é hoje? Porque eu estava falando no começo da entrevista que ele foi concebido para ser semanal, ir ao ar depois do Programa Raul Gil no sábado, mas aí depois você até pediu para a direção do SBT mudar de dia, colocou depois do Cabrini, teve aquele negócio todo, até ele chegar no formato que ele está hoje. O que foi acontecendo que você foi percebendo? O que foi pegando para ele chegar no formato que ele está atualmente?

Na verdade, eu fui lá para fazer os programas e eu percebia que os de sábado... Sábado é um dia meio estranho mesmo, né? Hoje em dia, a situação é como sempre, porque sábado ninguém quer ficar. Muita gente fica, obviamente, mas as pessoas querem estar mais fora, se divertir. Domingo, mais em casa.

Então, eu produzo o programa, recebo X mil reais para pagar os meus funcionários, o que passar a gente divide. Olha, foi uma ideia maravilhosa. Estou no ar há 11 anos e nunca ficamos no vermelho. Olha que coisa interessante. Ficou muito bom. Mesmo entrando tarde. Se você entrar às 2h, o faturamento cai. Mas, mesmo assim, não existe prejuízo para ninguém. Claro que eu deixo de trabalhar X e Y, mas o meu sonho é continuar fazendo o programa. Tem altos e baixos, que é normal, e eu que sou um cara que sou, entre parênteses, no bom sentido, no aspecto emocional, sócio do meu programa, junto com o SBT.

NaTelinha - E ele está do jeito que você quer hoje, Otávio? Ou você planeja colocar mais alguma coisa, incrementar mais alguma coisa, ou até apresentar outras coisas no SBT?

Não, vai ter umas mudanças, eu coloquei aquela bicicletinha elétrica, que era uma moto elétrica e tal. Coloquei aquela 'kombinha' que a gente levava a pessoa. Aliás, tem uma cena que vocês colocam aí: 'Otávio Mesquita invade a Globo'. Você viu isso? Mas aquela 'kombinha' deu um sucesso legal, mas eu não fico fazendo sempre. Ficou um tempo, fiquei lá um ano e meio. Aí, quando eu percebi que ia dar, eu tirei. Esse ano vai ser muito legal.

NaTelinha - Percebo que você é um cara muito ligado em audiência, né? Você é um cara que fica acompanhando ali, minuto a minuto, de madrugada, o próprio programa, ou você só pega o relatório no dia seguinte?

Não, eu antigamente ficava vendo o programa, só que hoje, com 65 anos de idade, mentalmente 12, e fisicamente 40, tô brincando. Eu gosto de dormir um pouco mais cedo. Eu simplesmente vejo a audiência todos os dias, para ver como é que é o minuto a minuto, como é que entra. Quando eu recebo audiência, o Danilo Gentilli, que está bem boa, então a gente mantém. Sempre na vice-liderança. Para você ter uma ideia, nesses 11 anos, 11 anos que eu estou na SBT, nunca fiquei em terceiro lugar. Você acredita nisso? Porque no horário após a 1h, e vem um índice do Danilo confortável, então sempre fica na vice-liderança. O Danilo, o Ratinho também fica às vezes, mas agora as brigas com o Record, tem altos e baixos e tal.

NaTelinha - E você tem o interesse de apresentar algum outro formato na televisão? Não sei se você gostaria de voltar a se aventurar, de repente, num game-show, alguma coisa parecida com isso, alguma coisa diferente do que você está fazendo?

Vou te contar uma história. Há cinco anos eu queria fazer outros programas no SBT. Eu gosto de fazer televisão. Aí, mais uma vez, meu pai, que fez aquela brincadeira do Fórmula 1 da televisão, 'qual é o meu sonho hoje?'. É viajar nesse mundo e continuar fazendo televisão, que eu gosto. Então, o que eu fiz? Eu, quando viajo, eu criei o quadro chamado 'Mesquitour'. O que acontece? Eu pego a minha câmera, que é o GoPro profissional, que até a Globo usa, e quando eu viajo, eu faço o Mesquitour. Então, outro dia, recentemente, fui para Madrid, fui para Veneza, em algum lugar. Então, eu levo a câmera e fico gravando as coisas. Então, fico nesse povo, que é interessante. Não é uma coisa técnica, que as emissoras fazem.

NaTelinha - Qual foi seu último encontro com o Silvio Santos? Você tem uma ligação forte com ele.

O último encontro foi, vou te falar, foi até recente. Ele estava já fora do ar. Eu falo dele e fico emocionado. Foi o último aniversário dele antes de falaecer. Me liga lá do SBT, a filha do Silvio, a Daniela: 'Otávio, tudo bem?'. Por que ela me ligou? Porque o meu escritório fica ao lado, fica assim, dá pra ir a pé na casa do Silvio Santos. Fica aqui, sei lá, 500 metros, 600 metros, onde é o meu escritório, aqui na Marginal. E a minha casa fica, dá pra ir a pé, o meu escritório é a minha casa. Hoje eu não moro lá, eu só uso lá como estúdio. Aí ela falou assim: 'Otávio, desculpa, porque eu acabei de saber agora que tem um monte de gente na frente da porta do meu pai, lá na casa dele, no aniversário dele. Aí dá uma olhadinha lá, vê se tem algum problema'. Cancelei tudo, estava fazendo uma live aqui. Peguei e fui para lá. Aí fui para o meu carro, escondido. Tinha ali umas quase 100 pessoas ali. Aí quando eu passei, o cara, só que não estava o Silvio. Aí quando eu vi, não viu, estava o Silvio aqui, aí vieram para cima e me disseram: 'Oi, Mesquita!'. E foram lá me entrevistar, brincar. 'O que você está fazendo aqui?'. 'Não, gente, estou indo para minha casa. Saí do meu escritório que fica aqui atrás. Não é que eu vim aqui para aparecer, né?'. Eu tinha que explicar para eles. Todo mundo brincou. Então tá bom, 'tchau, tchau, tchau'. Peguei e fui embora e parei lá na frente para ver se tinha algum problema. Aí quando eu vejo, fiquei mais para trás e eu vejo o Silvio saindo. Ele fez aquela cena, porque desceu todo mundo. Todo mundo. E eu confesso a vocês, quando eu vi aquilo, eu falei: 'Poxa vida, não via o Silvio faz tempo'. Fiquei de longe vendo, mas sem interferir naquilo. Porque uma das coisas que eu não quero, não gosto de fazer, é você, entre parênteses, sendo do SBT, invadir um espaço que é do SBT.

Então, talvez pelo SBT, respeito as filhas, respeito a direção. Eu não sou amigo, eu sou um apresentador. Como é que eu posso lá ser um contratado do SBT "invadindo" a casa do Silvio? Isso eu não faço. Então eu fiquei só vendo se ia ter problema. Se tivesse problema, eu ia lá correndo. Mas não teve, porque estava com a pessoa da segurança lá. Aí quando deu tudo certo, eu fui embora. Então isso foi a maior emoção que eu passei na minha vida quando eu vi o Silvio.

E o dia que ele foi para o céu foi outra história que... Posso falar?

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NaTelinha - Claro, pode.

Então, quando ele faleceu, eu fui com a minha mulher no Einstein. Por quê? Ela tinha que fazer uma operação, uma coisa mais técnica, nada grave. Aí, eu cheguei à noite, o Silvio faleceu no sábado, né? Eu cheguei na sexta-feira à noite, 19h, 20h, almocei no restaurante embaixo, eu e ela, e fomos dormir lá. Eu ia ficar com ela, porque de manhã ela ia fazer a cirurgia, era às 7h, 8h. Eu dormi lá, porque era sábado. Aí eu dormi no hotel. Quando eu acordei, ela já tinha ido fazer a cirurgia. Quando foi com o Silvio, foi 9 da manhã, não lembro os horários, mas acho que é esse horário aí.

NaTelinha - Ah, por aí, foi nas primeiras horas do dia mesmo.

Aí eu acordo, tomei um banho, aí ligo a televisão. Quando eu ligo a televisão, eu soube da morte do Silvio, você não tem ideia.

NaTelinha - Você soube pela Globo, provavelmente, então?

Acho que era a Globo. Quando eu vi aquilo, eu falei: 'Meu Deus do céu, eu não sabia que ele estava onde eu estou ali'. Claro que eu não fui. Pelo amor de Deus, nem queria ir lá antes. 'Ah, o Silvio está aqui'. Mas eu não tenho essa liberdade. É uma falta de respeito. Nem liguei para as filhas. Mas estava torcendo ali que fosse sair. Aí você imagina quando eu soube que ele estava... Eu fiquei quase uma hora. Ali, na cama do hospital, você imagina o que eu senti. Orei, chorei, é uma coisa assim. Aí, sem querer, eu peguei e o que eu fiz? Eu desci, porque eu não sabia. As minhas roupas estavam lá embaixo. Eu ia ficar lá. Aí, quando eu estava lá embaixo, eu fui pegar as minhas malas que eu deixei no carro, porque cheguei à noite e esqueci. Cara, quando eu desço para pegar as minhas malas, eu já tinha passado, já tinha uma hora chorando mal, mal, mal, mal. Aí eu respirei e falei: 'Bom, deixa eu pegar a minha mala aqui, porque a minha mulher ainda estava operando'. Aí, quando eu desço na parte baixa do hospital, quando eu estou saindo assim, olho para cá, tinha 100 jornalistas que estavam com uma corda e não podiam entrar.

Aí, quando eu vi aquilo, eu falei: 'Meu Deus do céu'. Eu virei pra cá. Quando eu virei pra cá, aí eu ouvi: 'Mesquita! Mesquita!'. Aí eu olhei, eu estava, tinha dois ou três quilômetros da SBT, né? Aí eu pergunto, vou ou não vou? Eu não queria ter ido, entendeu? Sabe, eu estava lá, as pessoas falavam: 'Ah, você foi pra lá'. Eu não fui pra lá, eu estava lá. Peguei minha roupa, como é que posso ignorar as pessoas? Aí eu contei até 10, até foi interessante que eu fiz assim, eu fingi que eu estava no telefone, eu olhei pra cima e falei assim: 'Silvio, desculpa, mas deixa eu mandar um beijo para você aqui, você vai ouvir aí'. Aí eu peguei... Desculpa, cara, desculpa. (choro)

NaTelinha - Fique à vontade, Otávio.

Não imaginei que fosse passar por isso. Porque eu sou um cara muito sensível, eu tenho esse problema. Aí eu peguei e fui lá, dei entrevista para todo mundo, explicando que eu não sabia o que era. E aquilo me fez um mal terrível. Fiquei muito, passei mal. Porque você imagina, você no céu, ao lado do seu herói, do seu pai. Dois, né? Sábado e domingo, fiquei realmente triste. E aí, no domingo, eu acordei com muito dor, sabe, tive que, enfim... E eu não consegui também ir no velório, porque eu confesso a você, imagina o que eu passei.

O cara que me inventou, que me ajudou. E ele faleceu perto de mim, no bom sentido. Então, aquilo, eu não tinha condição de ir. E eu fiquei mal mesmo. Fiquei muito mal. Eu tive que ir para o hospital para poder ver o que estava acontecendo. Porque eu fiquei sentindo. Mas, então, é isso. Eu não falei para ninguém. 'Por que você não foi?'. Porque eu não estava bem. Como é que eu posso? Imagina o que eu senti. Quando eu desci, quando eu subi, eu imaginei que estava ali perto. Então, comecei a passar mal. À noite eu fiquei mal. Eu tinha um evento para ir, eu não fui.

Aí, domingo, eu tomei remédio para dormir. Quando eu acordei domingo, eu acordei com dor de cabeça. Por isso que eu não fui. Eu nunca falei isso pra ninguém. É a primeira vez que eu falo aqui.

NaTelinha - Exclusivo aqui, hein?

Não, cara, porque eu não fui? Eu tenho que explicar porque eu não fui. Eu não estava bem. O cara foi o meu pai. E não é que assim, pai, que eu digo, eu encontrava, toda vez que eu encontrava com ele, ele me atendia bem, me dava entrevista. Eu tenho fotos aqui... Eu entrevistava ele. Quando ele me chamava para ir ao escritório, eu tenho isso na minha rede social. Então, era isso. Era um respeito, uma amizade incrível. E aquela brincadeira que ele fez comigo quando ele pegou meu relógio, a brincadeira especial. Coloca 'Otávio Mesquita relógio do Silvio Santos'.

NaTelinha - É muito bom esse vídeo.

Foi a coisa mais incrível. Nunca ninguém invadiu o estúdio do Silvio. Eu fiz aquilo, ele brigou comigo e falou que era brincadeira.

NaTelinha - Mas o relógio ficou com ele de verdade ou depois você tomou de volta?

Bom, aí eu queria ficar com o relógio dele. Aliás, se eu ficasse com o relógio dele hoje... Se eu tivesse o relógio dele hoje, pelo amor de Deus. Nunca ninguém invadiu o estúdio gravando. Eu estava participando do Troféu Imprensa e eu era jurado ali. A equipe entrou por cima. Porque não podia, tinha um segurança na entrada do estúdio. Aí quando entrou, ele pegou, brincou comigo. Quando eu terminei de gravar, ele falou: 'Mas como é que você gravou aqui? Quem te autorizou?'. 'Silvio, fiz uma brincadeira'.

NaTelinha - Engoliu seco.

'Você não pode fazer isso. Eu te dou liberdade e você faz isso. Não admito isso. Você fez uma coisa errada'. Eu falei: 'O que você quer que eu faça?'. 'O que eu faço? Eu vou demitir você porque você invadiu o meu estúdio'. 'Desculpa, desculpa'. 'Estou brincando com você'. (risos)

Quem sabe eu vou colocar um dia no meu livro. Estou pensando.

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