Opinião

Com Manoel Carlos em plena forma, História de Amor segue adorável 30 anos depois

Novela de 1995 é um dos melhores trabalhos do veterano autor; reprise na Globo chega ao fim nesta sexta-feira (12)


Lília Cabral, Regina Duarte e Carolina Ferraz na novela História de Amor, reprisada na Globo
Sheila (Lília Cabral), Helena (Regina Duarte) e Paula (Carolina Ferraz): mulheres têm destaque absoluto em História de Amor - Fotos: Divulgação/Globo
Por Walter Felix

Publicado em 12/09/2025 às 04:44,
atualizado em 12/09/2025 às 16:04

História de Amor traz a escrita de Manoel Carlos em sua melhor forma. Exibida originalmente entre 1995 e 1996, a trama não é o título mais lembrado da obra do autor nem mesmo sua melhor criação, mas segue adorável 30 anos depois, como poucas novelas conseguiram ser. A reprise em Edição Especial, na Globo, chega ao fim nesta sexta-feira (12).

A trama não traz os vícios que o novelista mostraria em seus trabalhos posteriores, restritos à classe média alta do Rio de Janeiro. Os personagens são mais populares, a começar pela Helena da vez – a primeira de Regina Duarte –, que não é pobre, mas “remediada”. A cidade é mostrada aqui com uma atmosfera plácida, quase idílica.

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Há quem critique a novela pelo baixo teor dramático se comparada a outros trabalhos do escritor, marcados por troca de bebês na maternidade, triângulos amorosos e transplante de medula. O que não significa que História de Amor seja monótona ou desinteressante, ao contrário.

De fato não há um grande apelo, especialmente aos olhos de hoje, no drama principal da protagonista, que consiste na gravidez precoce da filha Joyce, vivida por Carla Marins, tão irritante nesse papel quanto só uma ótima atriz poderia ser. Nem nas idas e vindas de Helena com Carlos (José Mayer), quarentão que é disputado a tapa por várias mulheres.

Até os dramas mais densos, de Marta (Bia Nunnes), a amiga que descobre um câncer de mama, e Assunção (Nuno Leal Maia), o ex-marido que fica paraplégico, são tratados com certa leveza.

As subtramas em nada comprometem o clima solar da atração, que parece ter sido criada para que o público pudesse desanuviar, com um estilo próprio das seis da tarde – horário em que foi veiculada originalmente. É no doce dia a dia desses personagens, e nas relações entre eles, que a trama cativa a audiência.

Personagens femininas têm destaque absoluto em História de Amor

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Como em toda a obra de Manoel Carlos, as mulheres têm destaque absoluto – o que, na época de História de Amor, gerou até um protesto de alguns atores homens. Anos depois, em entrevista ao livro Autores: Histórias da Teledramaturgia, o novelista falou sobre a presença do universo feminino em suas histórias:

“O universo feminino está sempre presente em meu trabalho porque sempre achei, e continuo achando, como muitas pessoas, que a mulher move o mundo. Tudo está concentrado na mulher, não só pelo fato de ela ser geradora da vida, mas por ser mais forte e mais sofrida. E injustiçada. A mulher luta com mais dificuldade na vida e no trabalho, o que a torna mais real e mais viva. Essa luta faz com que elas sejam uma fortaleza.”

Manoel Carlos

Os melhores momentos são os da vilã Sheila, um dos melhores desempenhos da carreira de Lília Cabral. Personagem complexa, comovente, ela enlouquece progressivamente ao longo da trama pelo sentimento de desamor. Na reta final, protagoniza belas cenas, como aquela em que admite tudo o que fez a Helena e afirma ter se afeiçoado à rival.

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O autor não precisou de grandes reviravoltas ou de entrechos chocantes para fazer uma das melhores novelas das 18h. Foi com base no cotidiano de personagens bem construídos, com dilemas por vezes banais, que ele criou um folhetim agradável e não menos catalisador de atenções, garantindo o interesse do telespectador de ontem e hoje.

Manoel Carlos escreveu lindas novelas, com destaque para Baila Comigo (1981), Por Amor (1997), Laços de Família (2000) e Mulheres Apaixonadas (2003). História de Amor pode não ocupar o topo na lista das melhores, mas tem um lugar especial, de bastante afeto para quem a assistiu, que talvez nenhum dos outros sucessos do autor tenha alcançado.

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Exibida na Globo às 18h, entre 1995 e 1996, História de Amor foi escrita por Manoel Carlos, com colaboração de Elizabeth Jhin, Marcus Toledo e Maria Carolina. Teve direção de Roberto Naar e Alexandre Avancini, direção geral de Ricardo Waddington e direção artística de Paulo Ubiratan.

O NaTelinha divulga todos os dias os resumos dos capítulos, detalhes dos personagens, entrevistas exclusivas com o elenco e spoilers da novela História de Amor. Confira!

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