Por que A Viagem é e sempre será uma das melhores novelas da história da TV
Clássico reafirma seu lugar na teledramaturgia com espiritismo, drama familiar e atuações memoráveis
Publicado em 07/11/2025 às 13:45,
atualizado em 07/11/2025 às 14:22
A reprise de A Viagem chega ao fim nesta sexta-feira (7) no Vale a Pena Ver de Novo, novamente com sucesso de audiência. Exibida várias vezes na Globo e também na TV a cabo, no extinto Canal Viva, a novela de 1994 reafirma seu valor sempre que encontra novos públicos. Por vários motivos, é e sempre será uma das melhores novelas da história da televisão brasileira.
Para escrever a primeira versão, que foi ao ar na Tupi em 1975, a autora Ivani Ribeiro (1922-1995) se baseou na filosofia de Allan Kardec (1804-1869), o codificador do espiritismo, e também em livros do médium Chico Xavier (1910-2002). O remake da Globo, duas décadas depois, teve colaboração de Solange Castro Neves.
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A Viagem, porém, não é apenas uma novela espírita. É, antes disso, uma história sobre relações familiares. Além da abordagem de vida após a morte, a trama é bem sedimentada no clã de Diná (Christiane Torloni) e Alexandre (Guilherme Fontes) e na dinâmica entre os personagens.
Um dos melhores entrechos é a amizade entre Diná e a irmã Estela (Lucinha Lins) e os conflitos desta com a filha, Bia (Fernanda Rodrigues). Há ainda um destaque à relação de Otávio (Antonio Fagundes), um viúvo, com os filhos Tato (Felipe Martins) e Dudu (Daniel Ávila).
A começar pela ligação telepática entre Diná e Estela – que garante algumas das sequências mais bonitas –, a narrativa explora uma variedade de fenômenos sobrenaturais, como a influência de Alexandre no mundo dos vivos, em busca de vingança; a espiritualidade de Tibério (Ary Fontoura), que conversa com seu “protetor”, um espírito invisível; e a figura misteriosa do Mascarado (Breno Moroni).
A inovação de levar o céu e o inferno ao centro do folhetim garantiu o interesse do espectador há mais de 30 anos e segue chamando atenção atualmente. Várias outras novelas apostaram em um filão espírita após A Viagem, mas nenhuma foi tão notável e bem-sucedida.
A produção tem evidentes limitações técnicas que, hoje, ganham apelo nostálgico. Mesmo aqueles mais rigorosos quanto a esses detalhes tendem a relevar a qualidade da imagem e os efeitos especiais em nome de outros fatores, como o bom texto de Ivani Ribeiro e as atuações irrepreensíveis do elenco.
São muitos os desempenhos memoráveis. Como Alexandre, Guilherme Fontes compôs um dos vilões mais marcantes da TV. Christiane Torloni fez de Diná uma anti-heroína irresistível. Cláudio Cavalcanti (1940-2013) e Lucinha Lins, como Alberto e Estela, emocionam só com o olhar. E é também com os olhos que Laura Cardoso, a "possuída" Guiomar, impressiona e amedronta.
Para embarcar na novela não é preciso crer em reencarnação ou que a vida continua após a morte, como prega o enredo. Basta acreditar na história, como ficção, que explora tão bem nossas dúvidas existenciais e os sentimentos humanos. E poucas tiveram tanto êxito nisso.
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Exibida na Globo em 1994, A Viagem foi escrita por Ivani Ribeiro (1922-1995), com colaboração de Solange Castro Neves, baseada na novela homônima da autora, que foi ao ar na Tupi em 1975. A direção é de Ignácio Coqueiro e Maurício Farias, com direção geral de Wolf Maya.
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