Opinião

Todas as Flores expôs vícios e virtudes do autor, mas saldo foi positivo

Novela termina na TV aberta com boa audiência e deixa recado importante para João Emanuel Carneiro


Regina Casé como Zoé em Todas as Flores
Regina Casé como Zoé em cena decisiva do último capítulo de Todas as Flores, que será exibido nesta segunda-feira (20) - Foto: Reprodução/Globoplay
Por Walter Felix

Publicado em 20/11/2023 às 06:00,
atualizado em 23/11/2023 às 15:53

Todas as Flores, que termina na Globo nesta segunda-feira (20), expôs os vícios e virtudes do autor João Emanuel Carneiro. Todas as qualidades comuns à obra do novelista, assim como os defeitos, estiveram presentes na jornada de Maíra (Sophie Charlotte), Vanessa (Letícia Colin) e Zoé (Regina Casé), que, apesar dos tropeços, teve saldo positivo.

Não é difícil notar similaridades entre o trabalho mais recente e outros títulos da trajetória do escritor. Suas criações mais elogiadas são A Favorita (2008) e Avenida Brasil (2012), mas ele também fez os sucessos Da Cor do Pecado (2004) e Cobras & Lagartos (2006), além das menos célebres A Regra do Jogo (2015) e Segundo Sol (2018).

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Estavam em Todas as Flores: vilãs carismáticas e histriônicas capazes de garantir a popularidade da novela nas redes sociais; histórias de injustiças e vinganças que invariavelmente fisgam o público; e reviravoltas sucessivas a fim de impor um ritmo alucinante à narrativa, mantendo o interesse do telespectador por capítulos a fio.

Outras marcas não tão louváveis da grife João Emanuel Carneiro também se fizeram presentes: núcleos coadjuvantes sem o mesmo estofo da trama principal – com exceção de Mauritânia (Thalita Carauta); e situações inverossímeis e sem lógica, especialmente as de ação, em que o autor, assim como o diretor Carlos Araujo, pareciam duvidar da inteligência de quem assistia.

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Quando Todas as Flores foi disponibilizada pelo Globoplay, em duas partes, houve uma aclamação à primeira fase, exibida em 2022, enquanto a continuação, no primeiro semestre de 2023, recebeu variadas críticas. A tal vingança de Maíra, tão alardeada, decepcionou, e os rumos da história, pouco inspirados, também frustraram a audiência.

Bem ou mal, a trama teve repercussão considerável e sinalizou que o esquema de produzir novelas exclusivas para o streaming era profícuo e lucrativo. Se a atração decepcionou em alguns momentos foi bem mais pelas limitações do texto, que parecia pouco caprichado, do que pelo investimento na nova plataforma.

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Os acertos parecem ter suplantado os erros, e Todas as Flores ganhou rapidamente uma exibição na TV aberta, que termina nesta semana com boa audiência. Carneiro também ganhou passagem de volta ao horário nobre e assinará a substituta de Renascer no segundo semestre de 2024 – a trama tem o título provisório Mania de Você.

Fato é que Todas as Flores tinha capacidade para ser bem melhor do que foi. A história interessante, com um elenco bem escalado, tinha muito a apresentar, mas ficou devendo nos pontos supracitados. Bastava que o autor olhasse a própria obra, já que, em praticamente todos os erros cometidos, ele era reincidente.

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