Opinião

Novela: Série do Prime Video faz piada batida e sem graça com o gênero

Comédia com Monica Iozzi e Miguel Falabella estreia nesta sexta-feira (28)


Mônica Iozzi e Miguel Falabella em Novela
Mônica Iozzi e Miguel Falabella encabeçam elenco de Novela, nova série brasileira do Prime Video - Foto: Divulgação

Monica Iozzi e Miguel Falabella estão à frente de Novela, série do Prime Video, em co-produção com o Porta dos Fundos, que estreia nesta sexta-feira (28). Dirigida por Gigi Soares e Renata Pinheiro, com supervisão artística do veterano João Falcão, a comédia em oito episódios tenta fazer piada com o gênero televisivo mais popular do Brasil, mas o resultado é uma crítica batida e sem graça.

Isabel (Monica Iozzi) é uma roteirista que tem sua novela roubada por um consagrado autor, Lauro Valente (Miguel Falabella). No dia da estreia, ela se prepara para desmascarar o trapaceiro e, por acidente, vai parar dentro da trama, virando protagonista da história que ela mesma criou.

O ponto de partida pode soar promissor, mas a criatividade acaba por aí. Desde o título, “Novela”, a série é pouco convidativa. Tal escolha já denuncia o pouco esforço dos envolvidos em vender ao espectador algo minimamente interessante. Da produção ao elenco, parecem estar todos no piloto automático.

Iozzi até faz o que pode diante das limitações do texto, e é bom ver Falabella com um tipo menos histriônico, oposto aos personagens que costuma criar para si em humorísticos de sua autoria. Nomes como Marcello Antony, Herson Capri, Suzy Rego, Tarcísio Filho e Yara de Novaes também estão nesse time sem grandes destaques.

Série do Prime Video brinca com bastidores e clichês típicos das novelas

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Há um problema fundamental logo no primeiro episódio, que começa como uma ligeira comédia de situação e, com um corte brusco, logo descamba para a sátira escrachada. A narrativa traz uma contextualização realista para, depois, desenvolvê-la de forma fantasiosa e investir no lúdico, sem muito compromisso com a realidade.

A ideia é zombar com os bastidores e os clichês típicos das novelas, mas falta um compasso entre roteiro e direção para tirar graça dessa brincadeira. São raros os momentos em que o texto traz alguma sacada mais inspirada – e praticamente todas já serão conhecidas de quem assistir ao trailer (o vídeo está disponível ao final deste texto).

Para que a ironia desse certo, também era preciso uma dose maior de sutileza. A personagem de Maria Bopp é uma atriz egressa de reality show. Seu nome? Grazi… Também é exagerada e pouco criativa a paródia feita às telenovelas com a rocambolesca Rebote do Destino.

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A trama inventada pela protagonista, cheia de velhos clichês – gêmeos rivais, pais desconhecidos e um assassino misterioso –, é uma brincadeira anacrônica com o gênero. Surgem na tela cenografia e figurinos escandalosos, multicoloridos, bem oposto ao que geralmente se vê na Globo, alvo principal do deboche.

O texto repete apenas o que, há décadas, comumente se acusa a TV de produzir – muito mais próximo do estilo mexicano –, e não consegue tirar nem um sorriso amarelo com isso. As novelas se repetem, sim, mas tais paródias também – e eram mais perspicazes nos extintos TV Pirata e Casseta & Planeta, por exemplo.

A nova série quer brincar com as novelas, mas soa ultrapassada e até ingênua na forma como se propõe a isso. Quando Isabel, a personagem principal, aponta “dramaturgia sofrível” ou “personagens rasos”, o espectador poderá se perguntar se ela se refere a Rebote do Destino, o folhetim da ficção, ou a Novela, a série em si, tão mal acabada quanto.

Imagem da thumbnail do vídeo

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