Quarta Parede

Jô Soares deixou lacuna na TV que dificilmente será preenchida

Apresentador, que morreu nesta sexta-feira (5), aos 84 anos, ajudou a popularizar o gênero talk show no Brasil e estava fora do ar desde 2016


Jô Soares Onze e Meia
Programa de Jô Soares no SBT era às "onze e meia", mas sempre atravessava as madrugadas - Foto: João Batista da Silva/SBT
Por Walter Felix

Publicado em 05/08/2022 às 10:25,
atualizado em 05/08/2022 às 15:54

Jô Soares deixou uma lacuna na TV, ao sair do ar em 2016, que dificilmente será preenchida. O apresentador, que morreu nesta sexta-feira (5), aos 84 anos, ajudou a popularizar o gênero talk show no Brasil no fim da década de 1980. Seu programa de entrevistas na madrugada começou no SBT e depois migrou para a Globo.

Quando saiu da rede carioca em 1988, Jô Soares queria dar novo rumo à carreira. Naquela época, era um dos humoristas mais prestigiados do país, ao lado de Chico Anysio (1931-2012). Sem o aval para produzir o programa de entrevistas que ele queria, migrou para o SBT, o que chegou a gerar um mal-estar com Boni na época.

Foi então que lançou Jô Soares Onze e Meia, atração que, à maneira da grade chefiada por Silvio Santos, dificilmente entrava no ar na hora marcada. Era nas madrugadas que o comunicador mandava o “beijo do gordo”, após comandar conversas com artistas internacionais, anônimos e até candidatos à presidência da República.

O programa saiu do ar em 1999, quatro meses antes de estrear, na Globo, o Programa do Jô. O novo talk show seguiu os moldes daquele comandado no SBT, cuja receita de sucesso já estava aprovada. Foram 16 anos neste expediente, com um tom marcado pelo bom humor e pela sagacidade do apresentador.

Jô Soares causou comoção ao anunciar aposentadoria da TV em 2016

Programa do Jô
Despedida de Jô Soares causou expectativa sobre quem seria substituto - Foto: Divulgação/Globo

Ao anunciar que se aposentaria do trabalho na TV, há seis anos, Jô Soares causou comoção. Não eram raras as vezes em que os convidados de seu programa se emocionavam ao concederem entrevista a ele na última temporada. Muitos até duvidavam de que o veterano, de fato, fosse sair do ar, apostando em um breve retorno ao vídeo.

Isso porque era difícil imaginar como seriam as madrugadas da televisão sem a presença marcante do artista. Nas conversas, Jô mostrava que jogava nas onze: também era humorista, escritor e, essencialmente, um homem do teatro. Vez ou outra, mostrava ainda os dotes musicais – cantava, tocava bongô, cornet e chegou a lançar um disco com seu sexteto.

Com sua saída do ar, as madrugadas passaram a ter Danilo Gentili, no SBT, e Pedro Bial, na Globo, cada um com seu valor, mas certamente influenciados pelo pioneiro. Fato é que não há como preencher o vazio deixado por Jô na televisão. Tanto sua aposentadoria da TV, há seis anos, quanto sua morte, hoje, colocam em dúvida aquela máxima de que ninguém é insubstituível.

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