Enfoque NT

Evangelização sem fim: dramaturgia da Record vira instrumento para agradar igreja e esquece público

Record deu de ombros para o público com dramaturgia entregue para a área evangélica


Cristiane Cardoso na Escola do Amor no YouTube
Filha de Edir Macedo; Cristiane Cardoso tomou para si as rédeas da dramaturgia da Record - Foto: Reprodução/YouTube
Por Thiago Forato

Publicado em 17/06/2022 às 06:30,
atualizado em 17/06/2022 às 08:56

Emissora que produziu excelentes novelas em sua história recente como A Escrava Isaura (2004), Vidas Opostas (2006), Chamas da Vida (2008) e tantas outras, a Record se rendeu a um caminho sem volta ao investir em tramas bíblicas, mas que ganhou ares amadores quando Cristiane Cardoso assumiu a dramaturgia em 2015.

Dispensando profissionais gabaritados nesses últimos anos, a Record retrocedeu muitos passos e matou de vez qualquer resquício de plano de chegar perto da Globo, se é que essa ambição ainda existia. No discurso de rumo à liderança que começou em 2004, a promessa era contar com os melhores profissionais do mercado que estivessem disponíveis. Por um longo período, isso foi verdade.

A Record ambiciosa e que fazia televisão de verdade virou rascunho daquilo que foi um dia. E nem faz tempo assim. A pá de cal na dramaturgia aconteceu  com a estreia de Todas as Garotas em Mim. Dá vergonha alheia ver um produto tão pobre de diálogo e conteúdo.

A gente sabe o quão complicado é execrar qualquer tipo de produção. São muitos empregos ali e pessoas empenhadas em fazer o melhor. Ninguém está ali para mostrar o pior, mas convenhamos que não há muito o que se aproveitar em TAGEM, abreviação esta que a emissora vem utilizando. Pra ser ruim, precisa melhorar.

Evangelização virou prioridade da Record

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Com isso, a emissora acena claramente que não está mais preocupada em fazer dramaturgia para a grande massa. Primeiro, visa apenas querer agradar a própria direção da área evangélica do canal e aos fiéis da igreja. Para quem se intitula como segunda maior emissora do país, chega a ser bisonho uma atitude como essa e se limitar a produzir para um nicho que é praticamente "caseiro". 

Amadorismo. De acordo com o dicionário, amador ou amadorismo é aquilo que é praticado ou exercido por gosto e não profissionalmente. E é exatamente isso que a Record vem fazendo dando uma área tão importante como a dramaturgia na mão de quem não é profissional e está lá por outros razões.

Triste. Triste para os profissionais que têm que se submeter a trabalhos tão constrangedores - e isso é natural, já que todo mundo tem boleto para pagar - e triste para a própria emissora que joga seu nome na lama sem qualquer cerimônia, afugentando o público e anunciantes que certamente encontrarão produtos mais qualificados para associar suas marcas.


Thiago Forato é jornalista, assina a coluna Enfoque NT desde 2011, além de matérias e reportagens especiais no NaTelinha. Forato também é autor do blog https://parlandodepalmeiras.com.br. Converse com ele pelo e-mail thiagoforato@natelinha.com.br ou no Twitter, @tforatto 

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