Enfoque NT

Com streamings à perder de vista, filmes devem ficar mais escassos na TV

Disputados em outros tempos, filmes agora são prioridades para streamings


Logo da Disney e Warner Bros
Warner e Disney priorizarão streamings; TV aberta perde grandes títulos - Foto: Divulgação
Por Thiago Forato

Publicado em 11/09/2021 às 09:25,
atualizado em 11/09/2021 às 10:48

Não é segredo pra ninguém que a estreia de grandes produções de cinema deixaram de ser um grande evento na TV. As altas audiências que elas conseguiam também são coisa do passado. Mas embora ainda exista algum investimento neste filão por parte de algumas emissoras, como a Globo, que detém parceria com praticamente todos os estúdios, os blockbusters devem ficar cada vez mais raros.

Com a proliferação de inúmeros serviços por streaming, é natural que os estúdios deem preferência a eles. Arrasa-quarteirões devem bater ponto nos próximos anos nas próprias plataformas dos estúdios como Disney+, Paramount+ e HBO Max, por exemplo. Esta última, tem como grande atrativo estrear filmes 35 dias depois de ter entrado em cartaz no cinema.

Com essa janela reduzida, os acervos das TVs abertas vão ficando cada vez mais limitados e caminhamos, até o final desta década, para aquilo que ocorre nos Estados Unidos desde meados da década de 1990, momento que esse tipo de conteúdo já não empolgava.

Na Terra do Tio Sam, não existe sessões de filmes com exibições regulares há quase 30 anos, principalmente pela televisão por assinatura ser bastante popular. No Brasil, essa tendência chegou com um certo atraso. Mesmo com o "boom" da TV paga entre 2007 e 2012, canais como Globo, Record e SBT conseguem audiências respeitáveis com suas sessões. Conteúdo não faltava, e uma boa propaganda também não.

Hoje, as principais TVs estadunidenses como a ABC, NBC e CBS, exibem filmes de maneira esporádica, seja em festividade no final de ano ou em épocas de baixo retorno de audiência que não justifique a exibição de programas próprios ou inéditos.

SBT foi o primeiro a perceber esvaziamento de filmes

Com streamings à perder de vista, filmes devem ficar mais escassos na TV

Conscientemente ou não, o SBT foi o primeiro canal a enxergar realmente esse caminho sem volta. Desde que a Netflix desembarcou no Brasil, há 10 anos, Silvio Santos acreditava - e ainda acredita -, ser inútil desembolsar milhões por um conteúdo que qualquer pessoa pode pagar entre R$ 20 e R$ 55 para assistir quando e onde quiser. Foi justamente aí que a guerra por parte dele para ver quem fechava o melhor contrato por filmes terminou.

Em 2013, a informação que a parceria entre SBT e Warner chegou ao fim causou frisson. Como o canal abria mão de uma das maiores produtoras de conteúdo dos Estados Unidos e dona de franquias de sucesso como Harry Potter e Matrix? Vai dar de bandeja para a Globo? Pois foi justamente isso que aconteceu.

A aposta agora é outra. Se antes o negócio era sair comprando tudo, agora o SBT prefere garimpar, como aconteceu na surpreendente aquisição de um pacote de Os Trapalhões, longas exibidos praticamente em sequência na Tela de Sucessos. Sessão esta, aliás, que está há 24 anos no ar e ganhou férias pela segunda vez nesse tempo todo. Em 2019, Tiago Abravanel comandou o Famílias Frente a Frente no referido dia, e agora Celso Portiolli tomou conta do horário com uma temporada de 13 episódios do Show do Milhão.

Às terças, o Cine Espetacular já foi "escanteado" há um ano, quando o SBT adquiriu a Libertadores. Para não ficar sem filmes durante a semana eventualmente, optou-se por criar o Cinema de Graça, que vai ao nas madrugadas de domingo para segunda-feira. E pensar que as duas sessões causaram enormes dores de cabeça à Globo...

A Record também não arranca os cabelos e prefere compras pontuais, como aquele "boleto" com mais de 60 filmes da Sony adquiridos há pouco mais de um ano. Muito conteúdo repetido. A Band, correndo por fora, vem fazendo um dos trabalhos mais interessantes, ainda que seu DNA seja outro.

A Globo, querendo ou não, ainda vê nos filmes uma grande dependência da grade. São eles que fazem o "ajuste fino" de grade com o Corujão e preenchem parte das tardes não só dos dias úteis, mas também nos finais de semana. O tratamento que se dá a eles, no entanto, é risível, tamanhos cortes e falta de respeito com as obras.

Dito isso, é aguardar como tudo vai se desenhar nos próximos tempos. A promessa é de mais streamings, opções e menos produtos enlatados novos e de grande notoriedade na TV aberta. A criatividade também é ponto chave, como fez a Record com a estreia da canadense Quando Chama o Coração nas últimas semanas.


Thiago Forato é jornalista, assina a coluna Enfoque NT desde 2011, além de matérias e reportagens especiais no NaTelinha. Forato também é autor do blog https://parlandodepalmeiras.com.br. Converse com ele pelo e-mail thiagoforato@natelinha.com.br ou no Twitter, @tforatto

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