Assinar "pacotão" com streamings pode custar quase a metade de um salário mínimo
Streamings ainda podem esvaziar canais lineares, gerando outro problema para as operadoras
Publicado em 27/08/2021 às 05:07,
atualizado em 27/08/2021 às 10:06
Estamos na era de ouro do streaming. São opções para todos os lados, catálogos variados, milhares de filmes e gêneros para todos os gostos. Há uma década, reclamávamos do preço da televisão por assinatura. Assinar um "pacotão top" que dava direito a Telecine e HBO, bastava. Hoje, há pulverização de conteúdo, o que pode fazer sangrar o bolso do consumidor. Assinar todas (ou quase) as opções disponíveis no mercado pode te fazer desembolsar cerca de R$ 484,20, o que corresponde a 44% do salário mínimo vigente no Brasil, R$ 1.100 mensais. Praticamente a metade.
É assustador relembrar em como chegamos no atual cenário. Se somente a Netflix conseguia atender os desejos de grande parte das pessoas, agora tudo mudou. O streaming mais popular do mundo e que recentemente reajustou sua assinatura (sempre para mais, é claro) e passou a custar R$ 55,90 no seu plano mais robusto, viu suas próprias parceiras trilharem seus próprios caminhos e apostar no lançamento de serviços nos mesmos moldes.
Para ver Friends (1994-2004) agora é necessário assinar a HBO Max, que custa R$ 27,90 no pacote mensal. Nem mesmo no canal linear do grupo, a Warner Channel, o seriado estará. A ideia, claro, é angariar assinantes. O Star+, não se assuste, deve fazer o mesmo em um futuro não tão distante, disponibilizando Os Simpsons apenas lá, esvaziando o canal que promovia grandes maratonas do produto.
Canais lineares ficam a ver navios
Aliás, essa é uma tônica que deve se repetir nos próximos meses. Com a explosão de opções e com todos os estúdios e conglomerados lançando suas próprias plataformas praticamente ao mesmo tempo, a tendência é que aconteça o natural esvaziamento de seus canais lineares. O dinheiro está nos streamings, na assinatura sem intermediário. As operadoras de TV paga têm mais um motivo para se preocupar e tentar encontrar uma solução para uma fuga interminável de clientes.
Os principais conteúdos de todas essas plataformas estarão lá no streaming. O que vai sobrar para a TV? Que grande atrativo uma operadora pode tentar vender? Assinar um pacote com alguns canais ainda pesa mais no bolso que escolher um ou dois streaming.
O que pode baratear o custo ao consumidor são os famigerados "combos" que vêm se criando. É uma tentativa válida de baratear os custos, mas ainda assim, é preciso se policiar e não cair em uma armadilha. Os preços anuais também podem ser uma boa, desde que você use o que assinou.
A Amazon Prime Video foi uma das primeiras a apostar nesse tipo de assinatura. São R$ 9,90 mensais ou R$ 79,90 com algumas vantagens para quem quiser. A Netflix, segundo apurou o NaTelinha, não tem planos de lançar algo parecido em terras tupiniquins, por exemplo.
Ver o mundo mágico e os personagens da Disney também tem desconto caso queira fazer uma assinatura anual. Dos R$ 27,90 mensais, o valor de R$ 279,90 corresponderia a R$ 23,32 por mês. Para ficar só nessas opções (Netflix, HBO, Amazon e Disney), já seriam opções a perder de vista.
Não perca a conta
Falando somente de planos mensais, ainda há Globoplay (R$ 22,90), Premiere (49,90), Looke (16,90), Paramount+ (19,90) Starzplay (14,90, Apple TV (9,90), Telecine (37,90), MGM (14,90), Noggin (9,90), Love Nature (9,90), DirecTV (69,90), Crackle (14,90), Crunchyroll (R$ 25) e PlayPlus (12,90) - este último, já que A Fazenda vai começar.
Na lista, há para todos os gostos: esporte, novelas, realities, filmes consagrados, nem tão conhecidos, animes, etc. Isso porque nem falamos do Discovery+, que está em vias de desembarcar no Brasil e ofertar programas já consagrados há década na TV a cabo. Mais esse. Certamente a conta extrapolaria facilmente os R$ 500 para os aventureiros endinheirados.
Alternativas que juntas, são inflacionadas
Se antes tínhamos esse tipo de conteúdo concentrado em poucos lugares, agora observamos que se dissipou. O consumidor terá que filtrar cada vez mais para não cair em armadilhas. Afinal, a intenção é enxugar gastos e não criar outros maiores, que é o que acaba acontecendo caso ele assine tudo, ao menos grande parte.
O compartilhamento de assinaturas é saudável e isso vem sendo bem visto pelos grupos. Pelo menos menos em público.
Esta é a década do streaming. Presumo que certamente, ao final dela, não continuaremos com todas essas opções. O mercado vai ditar quais opções sobrarão, é claro, mas parece ser inviável abrigar dezenas deles por um longo período.