Coluna Especial

Léo Áquilla: Do gueto ao Oscar

Apresentadora e jornalista assina a coluna especial deste domingo à convite do NaTelinha no Dia do Orgulho LGBTQIA+


Léo Áquila
Divulgação

O empoderamento da classe LGBTQIA+ não veio gratuitamente, muitas vitórias transmitidas hoje pela mídia foram pagas com vidas. Se atualmente é comum ligar a TV, ou ir ao cinema, e apreciar atores e artistas gays e trans em cena, é preciso saber que na fonte que bebemos, jorrava sangue, num passado não tão distante.

A luta do movimento, iniciada em 28 de Junho de 1969, em Nova York, no bar Stonewall, se deu por conta da agressiva abordagem policial no local. De lá pra cá nossa caminhada mais parece uma guerra entre presa e predador.

Entre tapas e beijos, trancos e barracos, a gente sobrevive e se reinventa em nome do respeito e da arte. A luta é tão nova que a própria comunidade ainda está amadurecendo todas as siglas, que antes era apenas GLS. No entanto, o que mais queremos é viver sem rótulos, libertos de caixas e armários, já que não somos coisas e sim pessoas. Não andamos a passos largos, mas cada dia avançamos um pouquinho.

Léo Áquilla:"Vestidos com o manto da coragem"

 Léo Áquilla: Do gueto ao Oscar

Seja na bancada do programa da Sonia Abrão, com minha participação, seja na premiação do Oscar, com a atriz chilena Daniela Veiga, que é transexual e ganhou a estatueta de melhor filme estrangeiro pelo longa Uma Mulher Fantástica em 2018, a gente vem andando vestidos com o manto da coragem. Já não é cena rara assistir a uma novela no Brasil e ver transexuais dando um show. Nany People tem sido uma grande referência atualmente, seja na TV ou no teatro.

Dona de uma voz brilhante e estridente, a artista multimídia diz não se preocupar com o avanço do conservadorismo no país. "A gente vai encontrar mecanismos de dar nosso recado. Somos livres pra pensar o que quisermos! É um caminho sem volta", afirma a beldade, que estava escalada para a próxima novela das 19h da Globo, onde interpretaria a morte, mas teve o trabalho suspenso por causa da pandemia.

Vale lembrar que outros atores trans passaram pela Globo como Linn da Quebrada, Tarso Brant, Glamour Garcia e a inesquecível Rogéria. As drag queens são presença sempre confirmadas em diversas atrações na programação de quase todas as emissoras nacionais e diversas internacionais.

Ru Paul que o diga, né!? Porém, todos esses fatos tiveram os saltos muito bem alicerçados no gueto, onde as boates gays eram, no início, o único palco de grandes artistas, que muitas vezes eram obrigados a sair com a peruca na mão para não serem presos, como relatou Miss Biá, a drag queen mais antiga do Brasil, que morreu dias atrás, aos 80 anos de idade e 60 anos de carreira no transformismo. Fica aqui nossa singela homenagem e gratidão. 

No mais, a luta continua e enquanto houver LGBTQIA+ não faltarão luta, alegria e talento.


Leonora Áquilla - Jornalista, apresentadora e cantora, com passagens por RedeTV! e Record.

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