Publicado em 29/03/2022 às 04:00:00,
atualizado em 29/03/2022 às 09:24:48
Assim como os atores, os escritores de telenovelas vão ser impactados diretamente pela reestruturação pela qual a Globo está passando. Seguindo o modelo de negócios das grandes plataformas de streaming, como Netflix, HBO Max e Prime Video, a emissora está optando por não trabalhar mais com um elenco fixo e contratar os talentos apenas por obra.
Na categoria dos atores isso já vem acontecendo e muitos artistas que estavam no canal há décadas não tiveram seus contratos renovados. Porém, essa nova política está batendo na porta dos autores que, além de não fazerem mais parte de um quadro fixo, ainda terão seus salários reduzidos.
De acordo com o novo modelo de contratação, só permanecerá o autor que tiver uma obra aprovada ou em desenvolvimento. Se tiver um projeto, o novelista apresenta, a emissora avalia e, se aprovado, será contratado para dar continuidade ao trabalho. Ainda de acordo com o que o NaTelinha apurou, o novo patamar dos salários dos escritores não chegará nem perto da quantia milionária com a qual eles estavam acostumados.
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Estima-se que autores que recebiam cerca de R$ 1 milhão por mês com uma novela no ar, vejam esse valor ser reduzido em até cinco vezes. Em 2020, grandes nomes como Aguinaldo Silva e Silvio de Abreu deixaram a emissora carioca. Esse último, inclusive, assinou com a HBO Max e seguiu os passos de alguns ex-colegas do canal dos Marinho, que migraram para o streaming após ter seu vínculo com a antiga casa cortado.
Escritores como Glória Perez, João Emanuel Carneiro e Walcyr Carrasco permanecem como funcionários da Globo e ainda cumprem o antigo modelo de trabalho, mas fontes ouvidas pela reportagem afirmam que uma autora que saiu do ar recentemente não terá seu contrato renovado e, caso queira, voltará a trabalhar na emissora seguindo a nova política adotada pela empresa, recebendo por obra.
Por conta do novo modelo de contratação da dramaturgia, no início do mês, o autor de Bom Sucesso (2019) e Totalmente Demais (2015), Paulo Halm, não teve seu contrato renovado com a Globo, puxando a lista dos demitidos.
Em 25 de fevereiro de 1996, uma matéria do Jornal O Globo apontava os planos que Silvio Santos tinha para transformar o SBT em uma fábrica de novelas. A reportagem revelou o acerto do dono do Baú com três autores já consagrados na Globo: Walther Negrão, Benedito Ruy Barbosa, que passaria a escrever para a emissora paulistana dois anos depois, quando acabaria seu contrato com a concorrente, e Glória Perez, que entrou na negociação no lugar de Aguinaldo Silva, outro nome visado pelo patriarca da família Abravanel.
Ameaçada, a Globo negociou com os novelistas e os convenceu a não trocar de empresa, se oferecendo para arcar com todos os custos que a mudança de ideia poderia gerar. Os medalhões renovaram com a emissora carioca, mas ter os escritores de volta custou muito para o canal, já que os três foram processados e perderam a disputa na Justiça contra o SBT.
Anos depois, a antiga vênus platinada arcou com as multas de Walther Negrão, Glória Perez e Benedito Ruy Barbosa, que atingiram os valores de R$ 24,4 milhões, R$ 17,8 milhões e R$ 25 milhões, respectivamente. Em 2014, Silvio Santos chegou a falar em seu programa que ainda tinha cerca de R$ 10 milhões para receber, o que seria referente a uma correção monetária da ação que envolvia Ruy Barbosa. A batalha do autor com o SBT ainda teve um outro desdobramento, quando os advogados do novelista processaram a emissora por litigância de má-fé e venceram a disputa contra o canal da Anhanguera.
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