Publicado em 16/11/2020 às 05:39:00
Bruno Fagundes, filho dos atores Antonio Fagundes e Mara Carvalho, faz sua estreia como diretor com o clipe Fica, de Gabriel Maqui. Longe das novelas desde sua única experiência no formato, Meu Pedacinho de Chão (2014), o artista de 31 anos comenta seu afastamento do gênero que consagrou o pai. “Não é por opção”, garante em entrevista exclusiva ao NaTelinha.
“A Globo prioriza atores que já são contratados. Comigo isso não aconteceu, não sei o porquê. Não tenho uma resposta, mas é uma questão de trajetória de cada um e do quanto eu investi em cada trabalho. Nunca fechei portas: sempre faço teste para novelas, sempre procuro saber sobre as futuras produções, e corro atrás. Se surgir uma oportunidade, vou ficar muito feliz em fazer”, afirma Bruno Fagundes.
O ator avalia que a dedicação intensa exigido pelo trabalho industrial na TV aberta não o permitiria se dedicar ao teatro e às séries, como tem feito nos últimos anos. Ele integra o elenco de 3%, produção brasileira da Netflix que faz sucesso no exterior, mas não é devidamente reconhecida por aqui, na visão do intérprete. “Queria muito ver nossas séries sendo valorizadas, como nossas novelas já são”, diz.
“Popstar frustrado” é como Bruno se define, por amar a música mas não ter aptidão para cantar ou compor. Criado por um mestre da interpretação, ele troca experiências e opiniões sobre trabalho com o pai, mas pontua que talento não se aprende em casa. “As pessoas romantizam muito sobre as famílias de atores”, avalia.
“O trabalho do ator, a sensibilidade, o olhar, é muito individual. Como você ensina para um ator a fazer uma série de ficção científica, que vai ser vista em 192 países, traduzida em 72 línguas? Não se ensina isso. Você aprende com a experiência, ao fazer. Inclusive essa experiência de 3% é uma que meu pai nunca teve”, destaca Bruno.
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Como a experiência da TV, cinema e teatro lhe ajudaram para dirigir o videoclipe?
Bruno Fagundes: O que mais me ajudou foi a experiência com cinema e 3%. O teatro nem tanto, mas ele sempre ajuda em tudo de alguma forma, ele dá um valor estético, e também poder de síntese. Ao assistir ou ao produzir uma peça, você sempre se preocupa muito em como contar aquela história da melhor maneira possível, da forma mais direta e objetiva. Nesse sentido, o teatro ajudou, mas onde eu mais aprendi nos últimos anos foi em 3%, da Netflix. Essa experiência, com certeza, foi a que mais me ensinou sobre cinema e sobre estar num set.
Por que você decidiu estrear como diretor em um clipe do Gabriel? Como vocês se conheceram?
Bruno Fagundes: Fui convidado pelo Paulo Pimenta, manager do Gabriel. Já trabalhamos juntos, somos amigos, e em algum momento eu já tinha compartilhado com ele a minha vontade de dirigir, mas nunca pensei muito fixamente nisso, realmente só joguei pro universo. Tinha essa vontade, mas nunca investi muito nisso. O Paulo ficou com isso na cabeça e quando surgiu uma oportunidade, ele pensou em mim e perguntou se eu topava embarcar nessa aventura. Disse que estava lançando o Gabriel e também queria me lançar como diretor.
Não conhecia o Gabriel e foi muito maluco, porque todo o tempo de pré-produção, quando eu pensei na história do clipe, criei roteiro e ouvi a música incessantemente, fui entendendo o perfil dele, quem ele é como artista, para que eu criasse uma história que correspondesse ao gosto dele e ao que ele quer comunicar. Fiz uma análise profunda do seu trabalho e de sua personalidade por meio das suas músicas.
Foi um desafio incrível, criei o clipe à distância e só fui o conhecer no set. Esse foi um agravante interessante porque ele já estava povoando minha cabeça nas últimas duas semanas e eu nem o conhecia. O mais legal foi o feedback que tive do Gabriel: ele disse que consegui traduzir sua alma no clipe, isso me deixou muito feliz.
Qual sua relação com a música? Além de atuar e dirigir, será que poderemos um dia vê-lo lançando um álbum com canções próprias?
Bruno Fagundes: Sou apaixonado por música. Quem me segue no Instagram, ou me conhece sabe. Estou sempre envolvido com música de alguma forma, no meu IGTV e nos stories sempre posto vídeos cantando e o pedido que mais recebo é ‘’Bruno, grava um álbum’’.
Infelizmente eu não tenho o dom da composição, até gosto de jogar umas palavras no papel, mas eu não saberia compor uma música. Sempre brinco que sou um popstar frustrado. Adoro música, tenho piano, fico o tempo todo tocando. Sou movido à música, já fiz dois musicais, então ela faz parte da minha carreira, assim como meu trabalho de ator. Adoro cantar, mas nunca pensei em compor um álbum, não conseguiria, mas se surgisse uma oportunidade de lançar algo autoral em parceria com pessoas legais, eu super faria.
Muitos profissionais da arte reclamam da dificuldade de sobreviver da profissão no Brasil. Na sua opinião, por que isso ocorre e como é possível solucionar o problema?
Bruno Fagundes: Acho que o principal problema do Brasil em relação à maior parte das nossas questões é a educação, que é a base de tudo. Temos um país que desvaloriza a arte e sua própria cultura, porque não fomos educados assim. Fomos dizimados na colonização, explorados até o último talo, e essa herança permanece até hoje. Consumimos o que vem de fora muito mais do que nossas próprias produções.
Isso tem mudado, a gente tem valorizado mais nossos artistas. Há novos surgindo, é só ver nossas premiações e eventos, eles têm crescido. Esse está sendo um movimento muito bom, muito positivo, mas ainda está só voltado para a música. Queria muito ver nossas séries sendo valorizadas da mesma forma, como nossas novelas já são.
Acho que se a gente tivesse um país com mais educação, saberíamos valorizar. Se as pessoas soubessem o quão difícil é dirigir um clipe, por exemplo, soubessem o tanto de dedicação que coloquei, o trabalho que dá pra fazer um mini curta de três minutos, valorizariam muito mais. Que dirá no caso de uma série como 3%, que ainda é desvalorizada no Brasil, mas faz muito sucesso fora. Acho que a principal questão que deveria ser solucionada é a educação.
Você atuou em 3% e é impossível não fazer a ligação com seu pai, Antonio Fagundes. Quais técnicas você aprendeu com ele e quais detalhes tenta se distanciar das atuações dele para criar uma identidade própria?
Bruno Fagundes: Tenho trilhado uma carreira totalmente independente do meu pai. Fizemos teatro juntos durante muito tempo, mas eu sempre tive trabalhos paralelos. Fiz outras peças simultaneamente, faço cinema, teatro, canto, faço trabalho de direção. Estou desenvolvendo coisas que não tem nada a ver com o trabalho dele.
As pessoas romantizam muito sobre as famílias de atores, obviamente que trocamos muito sobre o trabalho, porque a gente gosta do que faz e gostamos um do outro. A opinião e o parecer dele são importantes. Trocamos muito nesse sentido. Acham que ele passa a mão na minha cabeça, fala “Filho vem cá, vou te ensinar o caminho”, mas não é bem assim que funciona.
O trabalho do ator, a sensibilidade, o olhar, é muito individual, como você ensina para um ator a fazer uma série de ficção científica, que vai ser vista em 192 países, traduzida em 72 línguas? Não se ensina isso, você aprende com a experiência, ao fazer. Inclusive essa experiência de 3% é uma que meu pai nunca teve. Até hoje não fez nenhum trabalho para nenhum streaming, então eu não vejo relação entre as duas coisas.
Você trabalhou em Meu Pedacinho de Chão e, desde então, não fez mais novelas. Foi uma opção esse afastamento dos folhetins? Por quê?
Bruno Fagundes: Sempre recebo essa pergunta e é um conceito meio difuso para as pessoas. Eu não posso responder por todos os atores, mas tenho certeza que 90% deles que não estão fazendo novelas, não é por opção. Temos uma produção de novelas que é a melhor do mundo, praticamente, e é um meio de comunicação de massa, que para o ator é um exercício maravilhoso de trabalho e uma grande oportunidade, estar no ar com uma novela é uma oportunidade. Então eu não tenho feito novelas não é por opção.
Mas eu não posso reclamar, porque não fazer novelas me possibilitou estar na Netflix, fiquei três anos fazendo 3%. As pessoas perguntam se não vou voltar pra televisão, mas eu estou fazendo televisão, só que não faço canal aberto, faço para um canal de streaming, internacional, mas o veículo é televisão e o formato final também.
Não fazer novelas nos últimos anos me permitiu fazer teatro ininterruptamente, fazer a série e até dirigir o clipe, permitiu outros trabalhos, mas, se surgir oportunidade de fazer novela, com certeza vou fazer, porque é uma experiência muito boa. Não rolou ainda, porque tem um sistema, novela faz parte de uma indústria, em que há milhares de atores procurando a mesma coisa.
A Globo prioriza atores que já são contratados. Comigo isso não aconteceu, não sei o porquê. Não tenho uma resposta, mas é uma questão de trajetória de cada um e do quanto eu investi em cada trabalho. Nunca fechei portas: sempre faço teste para novelas, sempre procuro saber sobre as futuras produções, e corro atrás. Se surgir uma oportunidade, vou ficar muito feliz em fazer.
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