Clube das Mulheres causou polêmica com striptease masculino em novela da Globo
De Corpo e Alma, exibida há 27 anos, teve participação de Marcos Manzando, morto nessa sexta (13)
Publicado em 14/11/2020 às 16:49
Morreu nessa sexta-feira (13), aos 61 anos, Marcos Manzando, apresentador e sócio do Clube das Mulheres, casa de striptease masculino fundada na década de 1990. O fenômeno, que crescia naquela época, foi potencializado pela novela De Corpo e Alma (1992), de Glória Perez, que abordou o empreendimento no horário nobre da Globo e contou com a participação de Manzando.
Na trama, Juca (Victor Fasano) era noivo de Paloma (Cristiana Oliveira), mas escondia da moça seu trabalho como stripper, única saída encontrada para conseguir dinheiro. No decorrer da trama, ele acaba se apaixonando por uma das frequentadoras do Clube das Mulheres: a rica Stella (Beatriz Segall), cerca de 30 anos mais velha que ele.
O cenário também era o local de trabalho de Gino (Guilherme Leme), que fingia estudar engenharia para a família, mas ganhava a vida tirando a roupa na noite carioca. O rapaz também encontra uma paixão durante o trabalho: a reprimida Simone (Vera Holtz), submissa ao marido Guedes (Ewerton de Castro).
"Clube das Mulheres" foi título provisório da novela De Corpo e Alma
A proposta de levar o Clube das Mulheres para as 20h da Globo causou polêmica antes mesmo da estreia da novela. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo em 1992, a autora revelou que Victor Fasano pediu que o tema não fosse alardeado junto à imprensa "para não atrair demasiada atenção".
De nada adiantou: "Clube das Mulheres" chegou a ser o primeiro título cogitado para a novela, que acabou alterado para enfocar a outra temática da trama, a doação de órgãos. A protagonista, Paloma, recebia o coração de Betina (Bruna Lombardi) e se apaixonava pelo amante dela, Diogo (Tarcísio Meira).
Em entrevista recente, Fasano reclamou do assédio que recebia das mulheres na época. As fãs confundiam o ator com o personagem, que vivia um grande conflito por ser tratado como homem-objeto. Para criar a história, Gloria frequentou diversas boates de striptease masculino, entrevistando dançarinos e frequentadoras.
"Parei para pensar na mudança de comportamento que aquilo significava: as mulheres estavam assumindo posturas antes reservadas apenas aos homens", relatou a autora em entrevista ao livro Autores: Histórias da Teledramaturgia, do projeto Memória Globo.