SBT não se pronuncia sobre Ratinho pedir intervenção militar
Apresentador defendeu entrada de "general" no poder e "limpeza" de moradores de rua em rádio
Publicado em 17/02/2021 às 22:15,
atualizado em 18/02/2021 às 09:28
O SBT optou por não comentar as falas controversas ditas por Ratinho nessa terça-feira (16), em seu programa de rádio, Turma do Ratinho, veiculado pela Massa FM. Na ocasião, o apresentador defendeu a adoção de uma intervenção militar "igual a de Singapura" e de uma política de "limpeza de mendigos" das ruas do país.
"O SBT não se pronuncia sobre atitude de seus contratados fora da emissora", disse o canal nesta quarta-feira (17), ao ser consultado pelo NaTelinha. Ratinho está na casa desde 1998, entre idas e vindas. Seu atual programa está no ar, initerruptamente, desde 2009.
"Eu sei que o que vou falar aqui pode até chocar, mas está na hora de fazer igual fez em Singapura. Entrou um general, consertou o país e, um ano depois, fez eleições. Mas primeiro consertou, chamou todos denunciados e disse: 'vocês têm 24 horas para deixar o país ou serão fuzilados'. Limpou Singapura”, disparou o comunicador no rádio.
Ele fez referência ao modelo aplicado por Lee Kuan Yew no país asiático, que tirou liberdades individuais ao longo de três décadas, como punição para homossexuais, pena de morte para alguns crimes e chibatadas como forma de punição para outros. As ações do ex-primeiro-ministro fizeram com que Singapura ganhasse o apelido de Disney com pena de morte.
Ainda, defendeu política de "limpeza" de moradores de rua, usando de exemplo o ex-prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani. “Ele pesquisou do que o povo tinha medo e era dos mendigos batendo nas portas. Ele limpou os mendigos da cidade. Do que as pessoas tinham medo? Morador de rua. Ele tirou todos os moradores de rua e deu um lugar para os caras se virarem. Ele limpou tudo e a imprensa ficou a favor dele. Aqui, se mexer com morador de rua, a imprensa cai em cima do político. Ele começou nos pequenos e chegou no maior”, disse.
As leis de tolerância zero de Giuliani, que se tornou advogado pessoal do ex-presidente Donald Trump, foram criticadas por especialistas, já que apenas puniam cidadãos, mas não apresentou melhorias de renda aos jovens de regiões mais pobres, além de aumentar a população carcerária dos Estados Unidos.
Intervenção militar defendida por Ratinho é inconstitucional
Vale lembrar que a intervenção militar, conforme a Constituição Federal de 1988, é inconstitucional, mas Ratinho parece ignorar tal fato. Ele disse que é preciso entregar o país aos “homens do botão dourado” – referência aos militares – ignorando os 21 anos de ditadura no país, que aumentou a desigualdade e tirou a liberdade de milhões de brasileiros.
“Se eu abrir uma votação perguntando se o povo é a favor da volta dos militares, dá 70%. Nossa democracia é muito frágil, dá margem para bandido, estranha”, opinou.