De terror dos anunciantes a campeão de vendas: Como Ratinho mudou sua imagem
Ratinho completa 65 anos nesta segunda-feira (15), como um dos campeões de merchandising na TV
Publicado em 15/02/2021 às 05:00,
atualizado em 15/02/2021 às 09:31
Completando 65 anos nesta segunda-feira (15), Carlos Massa, nacionalmente conhecido como Ratinho, tem 30 anos de história na TV, desde repórter policial na Rede OM (atual CNT), passando pelo 190 Urgente até se transferir para a Record para comandar o Ratinho Livre e desde 1998 no SBT, com o Programa do Ratinho. Se no início grandes marcas não queriam atrelar sua imagem ao do "roedor", hoje há filas de anunciantes.
Ratinho estourou na TV televisão no 190 Urgente, da CNT. Ganhou fama por falar a verdade como representante do povo, denunciando o que fosse com seu jeito explosivo. Na Record, além disso, arrebatou de vez a audiência do público, numa época em que a apelação nos programas de auditório era recorrente. Mostrando deformidades físicas, brigas de travestis, porradaria em testes de DNA, Ratinho dava audiência, mas nem toda empresa se dispunha a anunciar ali.
"Eu não sei o meu limite. Não dá para falar em limite. Eu mostro a cena que for, se tiver um objetivo, uma razão", declarou Ratinho à Folha de São Paulo em outubro de 2000, depois de ter mostrado uma das cenas mais chocante de seu programa, onde um homem torturava uma criança de apenas 3 anos.
Agora, a coisa mudou de figura: o conteúdo é leve e há anunciantes fazendo fila. Em 2018, chegou a ser campeão de merchandising na televisão, segundo dados da pesquisa Ibope Merchanview, encomendado pela revista Meio & Mensagem. "Se quiser anunciar no meu programa até lá, tem que esperar", gabou-se ele.
No faturamento o apresentador vai bem, mas a audiência não é tão farta quanto em outros tempos. Se a primeira colocação depois que a novela da Globo terminava era um hábito e índices próximos a 25 pontos no Ibope eram rotineiros, agora Ratinho vem amargando a terceira colocação contra as produções da Record e bem distante da ponta. Sua atração vem patinando entre 5 e 6 pontos.
A virada de Ratinho
Desde quando chegou no SBT, em 1998, até 2004, o Programa do Ratinho era bastante diferente. Mesclando jornalismo e show, a atração sempre deu audiência, mas não por acaso teve que se adequar a um modelo que lhe permitia que fosse viável.
Em 2005, Silvio Santos quis fazer de seu "roedor" um apresentador de games e não deu certo. Apresentou ainda, nesse tempo, o Jornal da Massa (2007), Você é o Jurado (2007) e o Nada Além da Verdade (2009), no lugar do próprio patrão. No ano de 2009, sim, seu tradicional programa voltaria a grade.
"Eu fui mudando o programa. Acho que o circo de horrores que eu fazia está na internet. Pra vender comercial é mais fácil num programa sem horrores do que [sic] num programa com horrores. Você vê que programa policial não vende comercial. E eu preciso faturar. Aqui [Record] eu era funcionário, lá [SBT] eu sou sócio do programa", declarou no Programa do Porchat (2016-2018) em setembro de 2018.
Ratinho abriu mão do antigo salário para ser sócio de Silvio Santos em seu programa. "Eu ganhava muito no SBT, quase R$ 2 milhões. Era um funcionário muito caro. Ele me propôs uma sociedade, como fez com o Gugu (1959-2019) e o Netinho. E está dando resultado, com lucro", confirmou ele numa entrevista à Folha em junho de 2009, ano em que voltaria ao ar diariamente na emissora.
Depois disso, Ratinho passou a ter uma preocupação com o conteúdo e as bizarrices e brigas deu espaço a games, calouros e musicais. Sem conteúdo apelativo e com penetração nas camadas mais populares da sociedade, o apresentador se transformou em um dos campeões de venda da televisão.