Opinião

Globo dá tiro no pé ao insistir em reprises das mesmas novelas

Mulheres de Areia deve substituir Chocolate com Pimenta nas tardes em junho


Gloria Pires na novela Mulheres de Areia, da Globo
Gloria Pires como as gêmeas Raquel e Ruth na novela Mulheres de Areia, que deve voltar ao ar em breve - Foto: Reprodução/Globo
Por Walter Felix

Publicado em 16/05/2023 às 05:00,
atualizado em 16/05/2023 às 16:26

Clássico de 1993, Mulheres de Areia é o título mais cotado para substituir Chocolate com Pimenta (2003) nas tardes da Globo. Se for de fato a escolhida – o anúncio oficial deve sair nas próximas semanas –, a novela de Ruth e Raquel (Glória Pires) entrará no ar pela quinta vez, mesmo número de exibições da trama de Ana Francisca (Mariana Ximenes) e também de O Cravo e a Rosa (2000), que inaugurou a faixa de edições especiais em 2021.

Escolher novelas que sempre fazem sucesso e deixaram saudades no telespectador, apostando na nostalgia, parece ser um caminho acertado e garantia de boa audiência. Contudo, a Globo dá um tiro no pé ao investir sempre em reprises das mesmas novelas, fixando-as no imaginário do público e ignorando, assim, títulos mais recentes também com grande potencial.

Muito do apelo de novelas como Mulheres de Areia vem justamente das reprises. É mais do que provável que muitos fãs da trama de Ivani Ribeiro a tenham conhecido pela segunda reapresentação no Vale a Pena Ver de Novo, em 2011, ou pelo repeteco no canal Viva, em 2016. Isso sem contar que, desde 2020, a história está na íntegra no Globoplay.

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Há uma linha tênue entre manter tais histórias vivas no imaginário popular e a possibilidade de saturá-las rapidamente, dadas as reprises frequentes. Há ainda outro grande problema: quando se aposta sempre nas mesmas novelas, várias outras vão ficando no caminho, caindo no esquecimento, sem a oportunidade de também se consolidarem como clássicos da TV.

Não é à toa que, tanto na faixa de edições especiais, por volta das 14h30, quanto no Vale a Pena Ver de Novo, no fim de tarde, a Globo esteja apostando mais em títulos dos anos 1990 e 2000, já várias vezes apresentados na TV. O Rei do Gado (1996), por exemplo, é outra que passou cinco vezes. As exceções, nos últimos tempos, foram A Favorita (2008) e Ti Ti Ti (2010), que ganharam reprises após um longo tempo de exibição.

Enquanto isso, pouquíssimas tramas dos anos 2010 tiveram chance nas tardes – algumas foram ao ar à noite, como tapa-buraco durante a pandemia. Na programação vespertina, só Cordel Encantado (2011), Avenida Brasil (2012), Cheias de Charme (2012) e Êta Mundo Bom! (2016) foram lembradas, e todas alcançaram bons resultados.

Outros títulos de sucesso exibidos nos últimos 15 anos, contudo, seguem sem a mesma chance. Um bom exemplo é Escrito nas Estrelas (2010), um dos maiores Ibopes das 18h na década passada, já esquecida por boa parte da audiência. Ignorada na Globo, a trama voltará ao ar em breve no Viva. Paraíso (2009), Cama de Gato (2009) e Além do Tempo (2015) também podem ser citadas.

Veja o histórico de exibições de algumas das novelas citadas:

Mulheres de Areia: 1993, 1996 e 2011 (Vale a Pena Ver de Novo) e 2016 (Viva)

Chocolate com Pimenta: 2003, 2006 e 2012 (Vale a Pena Ver de Novo), 2020 (Viva) e 2022 (Edição Especial)

O Cravo e a Rosa: 2000, 2003 e 2013 (Vale a Pena Ver de Novo), 2019 (Viva) e 2021 (Edição Especial)

O Rei do Gado: 1996, 1999, 2015 e 2022 (Vale a Pena Ver de Novo) e 2011 (Viva)

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