Gloria Pires detonou O Rei do Gado em entrevista: "Encheção de linguiça"
"É horrível quando você espera algo que não vem", disse a atriz, anos depois, em biografia
Publicado em 05/12/2022 às 06:00
Gloria Pires vinha de diversos trabalhos de sucesso quando encarou O Rei do Gado, novela da Globo exibida originalmente entre 1996 e 1997 e atualmente em cartaz no Vale a Pena Ver de Novo. Depois de Mulheres de Areia (1993) e Memorial de Maria Moura (1994), a atriz estava em alta, tanto que seu nome era anunciado como uma das grandes atrações da trama. Só que, para ela, a experiência não saiu como o esperado.
Em entrevista à repórter Sônia Apolinário, do jornal O Estado de S.Paulo, em agosto de 1996, Gloria Pires fez críticas à novela e ao autor Benedito Ruy Barbosa. “Parece que a personagem sobre a qual o autor escreve é uma, a que estou fazendo é outra e a que o público está vendo é uma terceira. Muita gente diz que estou má na novela. Não vejo nada de malvado na Marieta”, afirmou na ocasião, sem saber qual seria o rumo de sua personagem.
Na mesma entrevista, ela confirmou que o texto era entregue ao elenco em cima da hora de gravar. E ainda criticou: “Em vários casos, o que parece ser o início de uma trama não é desenvolvido. (...) A melhor forma de se fazer uma obra aberta é em conjunto. Mas não está sendo assim e estou achando complicado”.
Contou ainda que sua personagem ficava restrita ao cenário da fazenda de Geremias Berdinazzi, papel de Raul Cortez (1932-2006), o que permitia que ela gravasse apenas dois dias na semana. Pontuou ainda que não assistia aos capítulos: “Tenho muita coisa para fazer em casa e não posso me dar ao luxo de ficar na frente de uma TV. Além disso, novelas têm muita encheção de linguiça. Só vejo quando vai passar uma cena especial”.
Gloria Pires criticou O Rei do Gado em biografia lançada em 2010
Na história, Gloria Pires interpretou Rafaela, uma mulher misteriosa que chega à fazenda de Geremias Berdinazzi afirmando ser sua sobrinha desaparecida, Marieta. A verdadeira herdeira do milionário é Luana, papel de Patricia Pillar. A atriz relembrou o trabalho na biografia 40 Anos de Glória, escrita por Eduardo Nassife e Fábio Fabrício Fabretti.
“Eu aceitei confiando plenamente em Benedito, porque tínhamos trabalhado em Cabocla”, comentou, referindo-se à trama do novelista que protagonizou em 1979. Já sobre O Rei do Gado, a veterana afirmou: “Houve algum problema, porque ele não desenvolveu a personagem como havia falado. É horrível quando você espera algo que não vem”.
“Arregacei as mangas e levei a missão até o fim, dignamente. Foi o que me restou fazer.”
Gloria Pires
A personagem ficou totalmente perdida na história, de acordo com análise de Nilson Xavier, no site Teledramaturgia. “A personagem teve um desfecho medíocre, terminando desnorteada em uma fazenda que o tio dá a ela em consideração pela avó da moça, a italiana com quem seu irmão Bruno (Marcello Antony) se casara nos anos 1940”, revela o crítico.
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