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Competente e precisa, Julia Dalavia emociona em “Órfãos da Terra”


Julia Dalavia
Divulgação

Trazendo uma realidade pouco explorada na teledramaturgia brasileira – as dificuldades dos refugiados e sua adaptação a uma nova cultura –, a atual novela das seis vem colhendo merecidos elogios de público e crítica. “Órfãos da Terra”, que trouxe de volta as autoras Duca Rachid e Thelma Guedes ao horário das seis, chama atenção pelo enredo empolgante, ágil e bem fundamentado, inclusive com direito a grandes cenas dignas de elogios. E um dos maiores acertos da novela é justamente o impecável desempenho de sua protagonista, a talentosa Julia Dalavia, que dá vida à mocinha Laila.

Originária da Síria, ela se vê obrigada a deixar o país com sua família em função da guerra civil e se refugia no Líbano, onde se encanta por Jamil (Renato Góes), homem de confiança do poderoso sheik Aziz (Herson Capri), que negocia a mão da jovem junto aos pais e encarrega o pupilo de trazê-la de volta, sem imaginar que ele também se apaixonaria pela mocinha. Durante a travessia, o casal consegue viver sua paixão com certa tranquilidade, até que ela fica grávida e eles se desencontram ao chegar ao Brasil, se abrigando na casa de Rânia (Eliane Giardini), prima de Missade (Ana Cecília Costa).

Competente e precisa, Julia Dalavia emociona em “Órfãos da Terra”

Em meio à paixão, Laila enfrenta problemas com o pai, Elias (Marco Ricca), que chega a expulsá-la de casa ao descobrir sua gravidez; e ainda tem que lidar com a invejosa Camila (AnajuDorigon), a inescrupulosa filha de Rânia, que não faz nenhum esforço para prejudicar a vida da rival no Brasil. É graças a ela, por exemplo, que a mocinha fica sabendo que Jamil trabalha para Aziz, provocando o rompimento temporário do par. No entanto, o rapaz volta a se entender com ela e eles decidem se casar, seguidos por Youssef (Allan Souza Lima), agente do sheik, que vem ao Brasil após descobrir a traição de sua mulher, Soraia (Letícia Sabatella) com Hussein (Bruno Cabrerizo), outro de seus capangas e primo de Jamil.

Todo este conjunto poderia ficar cansativo se a personagem fosse mal desenvolvida e/ou estivesse nas mãos de alguma atriz sem o mesmo talento ou entrega cênica. O que se tem em “Órfãos da Terra” é o exato oposto. As autoras foram felizes na criação de uma mocinha cativante, doce, determinada e bastante humanizada, tornando tudo ainda mais crível. E o bom perfil da protagonista ganhou ainda mais vida com a interpretação de Julia Dalavia.

Competente e precisa, Julia Dalavia emociona em “Órfãos da Terra”

A atriz chama atenção por sua facilidade em emocionar e convence perfeitamente em todos os momentos e nuances da mocinha, demonstrando uma cativante maturidade cênica. Sua construção é tão boa que é impossível não se deixar encantar por Laila, inclusive nas sequências em que a personagem sofre com os horrores da guerra no seu país e, mais tarde, desesperada, foge de Aziz em plena noite de núpcias – uma das melhores sequências desta reta inicial do enredo de Duca e Thelma.

Chama atenção ainda sua forte química ao lado do também ótimo Renato Góes, intérprete de Jamil, tanto nos momentos mais românticos como nas cenas de maior tensão. A parceria dos dois já havia rendido ótimos frutos na primeira fase de “Velho Chico” (2016), projeto de Benedito Ruy Barbosa, em que eles deram vida ao casal Tereza e Santo, mais tarde vividos pela talentosa Camila Pitanga e pelo saudoso Domingos Montagner – que nos deixou tragicamente em 2016 ao desaparecer justamente no Rio São Francisco, centro de toda a trama. Esta parceria chamou a atenção das autoras, que escolheram os dois para protagonistas justamente inspiradas na trama de Benedito – e ainda criaram ótimas parcerias cênicas da atriz com outros bons nomes do elenco, como Ana Cecília Costa (sempre escalada pela dupla) e Herson Capri (em grande momento como o vilão Aziz).

Competente e precisa, Julia Dalavia emociona em “Órfãos da Terra”

Aliás, foi em “Velho Chico” que Julia Dalavia teve seu primeiro grande momento na TV, após participações menores em “Em Família” (2014) e “BoogieOogie” (2014-15). Após a novela, a atriz ainda explorou um lado mais ousado na pele da prostituta Mayara/Suzy na aclamada série “Justiça” (2016), de Manuela Dias – a garota, filha da humilde Fátima (Adriana Esteves), é obrigada a se prostituir sob as ordens da ambiciosa cafetina Kellen (Leandra Leal). Logo depois, Dalavia ainda emocionou na reta final de “Os Dias Eram Assim” (2017), quando sua personagem Nanda se desespera ao descobrir ser portadora da AIDS – algo que nos anos 80, onde a trama se passava àquela altura, era aterrorizante devido à pouca oferta de tratamento e informação sobre a doença.

Apenas em “O Outro Lado do Paraíso” (2017-18) a jovem atriz não teve um papel à altura de seu talento. Sua personagem, a coach Adriana, viveu um conflito muito mal-desenvolvido com a mãe, Beth (Glória Pires) e a irmã, a mocinha vingativa Clara (Bianca Bin), e ainda protagonizou uma polêmica em função de sua personagem usar justamente técnicas de coaching para tratar o trauma de Laura (Bella Piero), enteada do delegado Vinícius (Flávio Tolezani) e abusada pelo mesmo.

Agora, a atriz vive sua primeira protagonista na TV e, a julgar pelo ótimo primeiro mês de “Órfãos da Terra”, sua escolha foi mais do que acertada. Com uma personagem consistente, cativante, um ótimo par romântico e boas parcerias com talentosos veteranos, Julia Dalavia tem a oportunidade de se transformar de um talento promissor para uma jovem consolidada, como muitas de suas pares. A novela vem fazendo bonito em qualidade, repercussão e audiência e um de seus méritos é justamente sua cativante protagonista e sua talentosa intérprete.

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