Despedida de Rita de Cássia destaca talento de Flávia Alessandra em “O Sétimo Guardião”
Publicado em 07/04/2019 às 08:30
Como se sabe, “O Sétimo Guardião” enfrenta inúmeros problemas desde antes de sua estreia. Sem empolgar, a novela das 21h de Aguinaldo Silva continua desinteressante inclusive às vésperas de sua reta final, desperdiçando o talento de grande parte de seu elenco. No entanto, nos últimos capítulos, a revelação do fetiche do delegado Machado (Milhem Cortaz) por usar calcinha e a consequente morte do mesmo, um dos sete guardiões da misteriosa fonte azul, renderam momentos de destaque para Flávia Alessandra, que vive Rita de Cássia, a exuberante esposa da autoridade policial.
Vivendo uma relação entre tapas e beijos, muito em função do machismo do delegado em relação ao desejo da esposa (se deixar filmar nua em uma cachoeira para um documentário sobre a cidade), a relação era um dos núcleos mais desinteressantes de O Sétimo Guardião e nunca rendeu maiores frutos para os dois atores.
Até que, com a revelação do segredo da fonte misteriosa para toda a população, em meio à turba liderada por Mirtes (Elizabeth Savalla), a fanática religiosa que desmascarou a fantasia secreta do policial, o mesmo tentou impedir a invasão da mansão onde a fonte fica e sofreu uma grande humilhação pública, agredido por populares e deixado seminu em frente a todos. Trancado na delegacia, ele desperta a apreensão de Rita, desconsolada com as humilhações, até que ela entra no local e se depara com o corpo do marido, assassinado, com um bilhete ameaçador que sugere a morte de todos os guardiões. Horrorizada e arrasada, Rita culpa o grupo de protetores e anuncia sua despedida de Serro Azul.
E foram justamente as sequências da aspirante a atriz desesperada com o falecimento do marido que finalmente valorizaram o talento de Flávia Alessandra. A atriz pôde se entregar por completo em todos os momentos da dor de Rita e emocionou bastante. Foi difícil não se sentir tocado pelo brilhante desempenho de Flávia nestas cenas. Só é uma pena que esta valorização tenha demorado tanto para ocorrer, já que o perfil pouco acrescentava à história principal – que já não era atrativa o suficiente.
Flávia já havia atuado com Aguinaldo em “A Indomada”, “Meu Bem Querer”, “Porto dos Milagres” (atualmente no canal Viva) e “Duas Caras” – cuja personagem, a sensual Alzira, rendeu problemas com a classificação indicativa na época. No entanto, seus melhores momentos foram ao lado de Walcyr Carrasco, especialmente em grandes sucessos como “Alma Gêmea”, onde viveu a icônica vilã Cristina Saboya e “Caras e Bocas”, na pele da adorável mocinha Dafne. Foi o autor paulista quem confiou à atriz alguns dos seus perfis de maior destaque na carreira.
Por tudo isso, é preciso aplaudir Flávia Alessandra pelo brilhantismo apresentado nas cenas finais de sua personagem – que marca sua despedida antes mesmo do desfecho de “O Sétimo Guardião”. A despedida de Rita da cidade de Serro Azul rendeu merecidos elogios e a atriz finalmente foi valorizada. Pena que demorou muito para isso acontecer. Fica o desejo de que ela tenha melhor sorte em seus próximos papeis. Ela merece muito mais.