Coluna Especial

Em plena pandemia, apresentadora assina contrato milionário na TV

Fernando Morgado escreve sobre Cristina Ferreira, uma das mulheres mais bem pagas da televisão mundial


Cristina Ferreira virou a apresentadora mais bem paga da TV portuguesa
Divulgação

Em todo o mundo, a TV vive dias difíceis. A pandemia do novo coronavírus forçou a suspensão de produções importantes, provocou forte redução no bolo publicitário e gerou inúmeras demissões. Entretanto, houve quem continuasse investindo no meio e contratando profissionais. A movimentação de maior vulto deste período ocorre em Portugal, onde Cristina Ferreira, a apresentadora mais popular do país, graças a um contrato milionário, retorna para a emissora que a projetou.

Cristina tem origem simples. Ela nasceu na Malveira, pequena vila rural que, nos anos 1970, tinha pouco mais três mil habitantes. Chegou a ser professora secundária e foi na sala de aula onde começou a vencer a timidez e a desenvolver um estilo próprio de comunicação. Sua grande chance na televisão foi apresentar a edição diária do Big Brother, programa que fez a TVI desbancar a SIC do primeiro lugar geral de audiência. Mais tarde, recebeu o convite para animar, ao lado do veterano Manuel Luís Goucha, o matutino Você na TV. Ao mesmo tempo, comandou game shows e talent shows no horário nobre da TVI.

Em 2018, Cristina surpreendeu Portugal ao se transferir para a então vice-líder SIC, onde passou a ter um programa diário solo e viu seus ganhos financeiros crescerem. Na nova emissora, de acordo com a imprensa local, seu salário mensal teria saltado de 50 mil para 70 mil euros, ou seja, de quase 325 mil para mais de 450 mil reais. Ao mesmo tempo, ela fortaleceu seus negócios fora da TV, que incluem linhas de sapato e perfume, loja de roupas na sua terra natal, revista, site e livros.

Cristina Ferreira: a contratação milionária

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Bastou um mês para que o novo Programa da Cristina não apenas virasse o jogo da audiência durante a manhã, como também impulsionasse os índices de todo o restante da grade da SIC. Para desfazer essa situação, em julho de 2020, a TVI trouxe a apresentadora de volta sob condições muito especiais: fala-se de um salário quase três vezes maior do que aquele pago pela concorrente — 200 mil euros, o equivalente a 1,3 milhão de reais por mês —, um novo show diário, o cargo de diretora de Ficção e Entretenimento e uma participação acionária na Media Capital, grupo empresarial que controla a TVI. Trata-se, portanto, de um negócio com contornos que há muito tempo não são vistos na televisão mundial.

Nas redes sociais, onde Cristina Ferreira possui números expressivos, registram-se as mais diversas reações à novidade. Enquanto muitos parabenizaram a artista pela sua conquista, outros expressaram colocações de cunho machista, pondo em dúvida os méritos de sua mais recente conquista profissional. Tamanha polarização, marca da internet e dos tempos atuais, não surpreendeu Cristina, que, em diversas entrevistas, já garantiu ler tudo o que seus seguidores lhe escrevem.

Em todo o mundo, a apresentação de TV é um dos campos que mais carece de renovação. Diante da especialização imposta pelas novas tecnologias, parece difícil encontrar novos profissionais que aliem carisma, capacidade de improviso, clareza, linguagem popular e versatilidade. Cristina Ferreira é uma dessas raridades. De segunda a sexta, ao vivo, ela apresenta os mais diferentes tipos de atração sem alterar sua personalidade. Ensina uma receita de bolo de iogurte ou entrevista o primeiro-ministro com o mesmo sorriso e voz alta que lhe distinguem.

Embala de forma mais moderna os programas diurnos, que alcançam não apenas a terceira idade — público tradicional do daytime lusitano —, mas também jovens e adultos de todas as classes sociais. Assim, atrai novos anunciantes e maior repercussão na imprensa. Mas, muito acima disso tudo, Cristina se torna um exemplo de mulher que, apesar de todo preconceito, vence como profissional e prova que, enquanto houver empatia com o telespectador, a televisão será imortal.


Sobre Fernando Morgado - Consultor e palestrante. Professor das Faculdades Integradas Hélio Alonso. Membro da Academy of Television Arts & Sciences, entidade realizadora dos prêmios Emmy. Coordenador-adjunto do Núcleo de Estudos de Rádio da UFRGS.  Possui livros lançados no Brasil e no exterior, incluindo Comunicadores S.A. (2019) e o best-seller Silvio Santos - A Trajetória do Mito (5ª edição em 2017). É um dos autores de Covid-19 e Comunicação - Um Guia Prático para Enfrentar a Crise (2020), obra publicada em português, espanhol e inglês. Mestre em Gestão da Economia Criativa e especialista em Gestão Empresarial e Marketing pela ESPM. Site: fernandomorgado.com

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