“Meu pai já foi muito copiado na TV”, desabafa Wagner Montes Filho
Em entrevista exclusiva, Wagner Montes Filho comenta sobre os sete meses no comando de A Voz do Rio na Band e fala do legado do pai na TV

Publicado em 19/01/2025 às 12:00
Wagner Montes Filho conversou com exclusividade com o NaTelinha e fez um balanço dos sete meses à frente do A Voz do Rio na Band. O apresentador classificou esse período como sua melhor fase profissional. Waguinho, como é conhecido, afirma que não imita seu pai no estilo de comandar o programa e nem se incomoda com comparações. “Não vejo isso como um problema, justamente por ser natural e não forçado, uma vez que o jeito de apresentar do meu pai já foi muito copiado”, avalia.
O filho de Wagner Montes (1954 - 2019) refere-se à abordagem mais descontraída que seu pai adotou no jornalismo do Rio, a qual se tornou uma marca e acabou se transformando em um modelo de apresentação adotado pela Record para os jornalistas que passaram a comandar o Balanço Geral em diversas regiões.
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Wagner Montes Filho destaca o legado do pai: “Ele fez história na comunicação e foi o precursor nesse tipo de jornal comentado. Eu sempre que batia papo com ele sobre as brincadeiras, inclusive quando eu comecei, eu falei: ‘ô pai, que curso que eu faço é pra me tornar um jornalista 10% do que você é?’
"Ele falou que assim: 'Não faça curso. Seja você defenda o que você acredita e não se preocupe com o que os outros vão pensar, porque quando você é de verdade, as coisas acontecem naturalmente'."
Waguinho
Em 2019, Wagner Montes morreu aos 64 anos, devido a um choque séptico e sepse abdominal no Rio de Janeiro. “Perder é sempre muito difícil. O que de fato acalma o nosso coração, meu e da minha família, é receber esse carinho do povo que o acompanhava, admirava e amava nosso pai, diariamente”, desabafa Waguinho.
A Voz do Rio é transmitido de segunda a sexta-feira, às 12h50, na Band
Confira a entrevista de Wagner Montes Filho na íntegra
Qual é a sua avaliação deste quase um ano na Band Rio?
Wagner Montes Filho - Tenho aprendido e me divertido demais. O sentimento é somente de gratidão, posso dizer que estou na minha fase profissional mais feliz. A Band Rio confia no meu trabalho, respeita meus posicionamentos e me dá liberdade pra ser quem sou, isso faz com que o clima fique leve e automaticamente o trabalho flui com muito mais naturalidade.
Desde que cheguei, fui recebido com muito amor e carinho, da portaria à presidência. Tenho ao meu lado os melhores profissionais, me ensinando e cuidando de mim todos os dias, o que faz toda a diferença. Faço parte de uma engrenagem incrível e sou muito grato por isso.
O horário do almoço é um período de grande competitividade entre os jornais locais do Rio. Qual é o maior diferencial de A Voz do Rio para conquistar o telespectador?
Wagner Montes Filho - A naturalidade e verdade com que procuro passar os fatos. Comigo não tem esse ‘cao’ de politicamente correto. Defendo o que acredito e não tenho medo de bater de frente com a parada errada, pelo contrário, isso é que me excita. Tenho que fazer jus à confiança do povo e da casa que represento.
Quanto à competitividade, isso pra mim é relativo, minha competição diária é única e exclusivamente comigo mesmo. Quero aprender e melhorar cada dia mais. Seguindo meus valores e respeitando minha consciência, sabe?! Não mudo meu posicionamento para agradar ninguém e nem com medo de agradar ‘meia dúzia de cinco ou seis’.
Quero sair do ar sempre com o sentimento de dever cumprido, vendo minha equipe satisfeita com o resultado do trabalho, até porque a audiência é algo difícil de explicar, por esse motivo, me apego ao resultado do trabalho para a casa e para quem assiste; o resto é consequência.
Quem é o Wagner Montes Filho fora do vídeo?
Wagner Montes Filho – Quem me conhece sabe que sou fora do ar exatamente quem sou no ar. No vídeo me seguro um pouco, fora dele sou mais escrachado (risos).
Mas creio que seja por isso que dá tão certo! Sustentar personagem é difícil, uma hora a máscara cai e sabemos que nesse meio temos muito disso. Quando se é de verdade, as coisas tendem a ficar mais simples, e nos dias de hoje, quanto mais simples melhor. Uma frase que uso muito e que faz super sentido: fama, dinheiro e poder não mudam ninguém, melhoram quem é bom e pioram quem é ruim. Costumo dizer que não sou o mais experiente, mas sem dúvidas sou o mais feliz!
Qual é o significado da televisão na sua vida?
Wagner Montes Filho - A televisão sempre fez parte da minha vida, direta ou indiretamente. Na verdade, creio que na vida de todo mundo, cada um com suas particularidades. O amor pela comunicação é algo herdado, por motivos óbvios. Respirei isso a vida toda e, por várias vezes, confesso que tentei seguir um caminho diferente.
Trabalho desde os 14 e já fiz muita coisa, mas o rio corre para o mar, não é verdade? E sou muito feliz fazendo o que eu faço. Acho que fica nítido para quem assiste aos meus programas, tanto na Band Rio quanto na Super Rádio Tupi.
Estamos no ar com o objetivo principal de informar, eu só procuro fazer de um jeito leve, diferente, confesso que às vezes até meio maluco, mas sempre com o maior carinho, respeito e verdade do mundo! Até porque, entendendo a nossa realidade e o quão importante é a minha missão.
No ar, seu estilo e modo de comandar lembram bastante o de seu pai...
Wagner Montes Filho - Sem dúvidas, eu tenho muito orgulho em ser filho de um dos maiores comunicadores desse país. Assim como tenho de parecer com ele, acredito que seja algo normal, justamente por ser filho, não é verdade?!
Aprendi com ele a defender o certo, os meus valores foram construídos em casa, então é inevitável a semelhança também na condução dos trabalhos.
Não vejo isso como um problema, justamente por ser natural e não forçado, uma vez que o jeito de apresentar do meu pai já foi muito copiado na TV. Sou filho, sou parecido, mas tenho consciência de que Wagner Montes, ‘o escracha’, só existe um e que infelizmente nos deixou em 2019. Eu sou Waguinho, pai do Enzo, filho do Wagner, mas um profissional que trabalha feliz e que vai sempre fazer o possível para fazer valer a confiança do povo e das casas das quais faço parte.
Mas você fica chateado com essa comparação?
Wagner Montes Filho - Muita gente diz que meu jeito de apresentar lembra muito meu pai. Isso me deixa muito feliz e orgulhoso, não fico chateado. Primeiro, eu era fã número 1 dele. Segundo, está tendo a oportunidade de dar continuidade a esse legado, fazendo com que ele seja lembrado. Não que precise de mim pra isso. Ele fez história na comunicação e foi o precursor nesse tipo de jornal comentado. E aí eu sempre que batia papo com ele sobre as brincadeiras, inclusive quando eu comecei, eu falei: ‘o pai, que curso que eu faço é pra me tornar um jornalista 10% do que você é?’
Ele falou que assim: “Não faça curso. Seja você defenda o que você acredita e não se preocupe com o que os outros vão pensar, porque quando você é de verdade, as coisas acontecem naturalmente".
Muita gente imitou meu pai. Eu fiquei 15 anos acompanhando o meu pai. Apesar de ter sido criado longe do meu pai, minha mãe de coração mesmo, diz que a gente é muito parecido, então, eu não vou me preocupar em fazer diferente, sair da minha naturalidade ou então é abrir mão da espontaneidade do dom que Deus me deu, porque alguém pode achar que eu estou copiando negativo. Eu vou usar isso ao meu favor.
Confesso para você, eu tenho recebido muito mais comentários dizendo assim, 'nossa, parece que eu tô vendo o Wagner Montes. Nossa, que legal,' do que dizendo que estou imitando. Pelo contrário, eu já não ouço há muito tempo esse tipo de crítica, até mesmo daqueles que não gostam do meu trabalho.
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Como você ainda lida com a perda do seu pai? Você já sonhou com ele ou algo parecido?
Wagner Montes Filho - Não, diferente de qualquer outra pessoa, perder é sempre muito difícil. O que de fato acalma o nosso coração, meu e da minha família, é receber esse carinho do povo que o acompanhava, admirava e amava nosso pai, diariamente.
Então, acredite, o sentimos com a gente sempre, tendo a missão de manter sua história viva e sendo lembrada sempre com muito amor e orgulho.