Faustão virou máquina de vendas e case inédito na Globo
Após 32 anos no ar, apresentador criou uma força no mercado publicitário só comparada a Silvio Santos
Publicado em 06/07/2021 às 04:31
Não se faz uma máquina de vendas, como Fausto Silva, num dia, nem sequer em um ano. Um produto de TV para ser considerado um máquina de vendas precisa primeiro conquistar a simpatia do público, coisa que também não se faz de repente. Depois, precisa conquistar a credibilidade desse mesmo público para que seja um verdadeiro formador de opinião.
Sem citar nomes, o mercado já teve pessoas na frente da tela que de forma súbita eram considerados grandes vendedores, e que de uma hora para outra, o setor não lhe era mais favorável e as vendas não se mantiveram como se pensava. Portanto, a equação simpatia e credibilidade só pode ser considerada verdadeira depois da estabilidade deste produto. Assim foi o caso dos 32 anos de Faustão na Globo.
Em 1989, quando ele foi para o canal carioca, após passagens pela Record e Band - canal que deu a ele projeção nacional - o roteiro de seu programa criou uma nova realidade de comunicação na Globo. De imediato, ele não tinha liberdade que tinha nas antigas emissoras, porém, Fausto foi se adaptado a nova realidade num programa muito bem desenhado e estruturado por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni.
O Domingão do Faustão surgiu com o objetivo de ter um produto de entretenimento num domingo à tarde e conquistar o Ibope no horário dominado por Silvio Santos. Mesmo com as rígidas regras, na época, do padrão Globo de qualidade, Fausto Silva, com o tempo, foi conquistando as donas de casa, a audiência e o mercado publicitário. A cada edição do dominical, ele transgredia um pouco os limites de forma suave e sem agressão.
Faustão criou marca pessoal com anunciantes
Após 32 anos com o programa no ar, Fausto atingiu a credibilidade, audiência, prestígio e uma liberdade no ar que nenhum outro artista conseguiu na Globo. Algo inédito. O Domingão do Faustão se tornou um produto de vendas dos mais valiosos na grade. O programa passou a ser disputado por marcas e artistas em busca da vitrine do apresentador. Ele criou uma marca pessoal de relação com os anunciantes que só encontramos em Silvio Santos.
A saída abrupta de Faustão da Globo passa por um erro de direção da emissora. O mercado está longe de ter homens de comunicação com o conhecimento de um Boni. Numa época que a Globo está demitindo os principais atores da sua história, o rompimento com o artista foi uma das alternativas da emissora em economizar. Se a decisão corporativa foi certa, só o futuro vai dizer.
Depois de Silvio Santos, felizmente ainda na ativa, Faustão é a maior personalidade da televisão e uma máquina de vendas. Ele merecia respeito e uma despedida no ar.