Coluna do Sandro

Em um ano, CNN Brasil não ultrapassa Ibope, mas leva preocupação à GloboNews

Canal de notícias comemora um ano no ar nesta segunda-feira (15)


Márcio Gomes na bancada da telejornal da CNN Brasil
Márcio Gomes apresenta o CNN Primetime diariamente - Foto: Reprodução/CNN Brasil
Por Sandro Nascimento

Publicado em 15/03/2021 às 04:35,
atualizado em 15/03/2021 às 09:24

A CNN Brasil chega ao seu primeiro aniversário nesta segunda-feira (15) não conquistando a liderança no segmento de notícias na TV paga, mas conseguiu tirar a posição confortável que a GloboNews se encontrava, desde sua estreia, há quase 25 anos. O novo canal, liderado pelo executivo Douglas Tavolaro, forçou mudanças estruturais de grade e levou a preocupação ao braço direito do Grupo Globo no setor da informação, estratégico para qualquer grupo de mídia. Porém, o maior mérito da CNN Brasil foi modificar o hábito do telespectador brasileiro na busca de um segundo olhar sobre a notícia antes de formar uma opinião, algo inédito até sua chegada.

A GloboNews nunca teve um concorrente, de fato, em seu segmento. BandNews e Record News, embora oriundas de grupo tradicionais da indústria  da comunicação, uma com 84 anos e a outra com 32 anos de atuação, foram impotentes, até o momento, em conduzir seus projetos para descentralizar o Ibope e a repercussão do canal de notícias do Grupo Globo. A CNN Brasil, que é um novato grupo novo de mídia e tem em sua sociedade um empresário sem experiência no ramo, mas conhecido no mercado financeiro e de construção civil, conseguiu conquistar um posicionamento claro na cabeça do público nos últimos 365 dias.

Seria superficial parametrizar o sucesso da CNN Brasil tendo como referência apenas a audiência. Os números do Ibope indicam que a GloboNews continua líder absoluta, mas o canal está no ar desde 1996, pertence a um grupo de comunicação que está as vésperas de completar 100 anos, tem a seu favor a maior rede de TV aberta da América Latina e de origem de uma dinastia de jornalistas. Um hábito de 25 anos não se quebra em um ano, mas a CNN Brasil caminhou a passos largos, num curto espaço, em direção a principal concorrente.

CNN Brasil apostou no contraditório 

Ter a grife internacional da CNN ajudou nos resultados, mas o pulo do gato dos seus idealizadores foi explorar aquilo que a GloboNews nunca fez: abrir espaço para o contraditório. Em janeiro de 2021, em entrevista ao site NeoFeed, Boni, o ex-todo poderoso da Globo, falou sobre o tema. "Outro dia, durante a cobertura da pandemia, dois comentaristas da GloboNews, o Gerson Camarotti e o Demétrio Magnoli, discutiram ao vivo. É algo tão raro de se acontecer, que a âncora tomou um susto. O que é uma exceção tinha que virar regra. A discordância enriquece o debate. Se todos pensam da mesma forma, a tendência é ficar tudo muito morno e chato”, opinou.

A filial brasileira da CNN ainda possui problemas de grade, como aquele deveria ser seu principal telejornal às 21h30, o sonolento CNN Tonight e rasa visão liberal de Caio Capolla. A chegada da CNN Brasil sacudiu o mercado que estava adormecido e acomodado. O publico é o maior vencedor, ganhou um segundo viés no consumo da informação. Com o novo canal, o controle remoto ganhou ainda mais importância na mão do telespectador na busca pelo consumo da notícia de qualidade.

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