Coluna do Sandro

Globo mira cortes nos altos salários da diretoria

Decisões refletem nova etapa do programa Uma Só Globo


Logotipo da TV Globo
Logotipo da TV Globo - Foto: Reprodução/ Globo

As mudanças na estrutura operacional promovidas recentemente pela Globo nos setores de comunicação, entretenimento e dramaturgia, trocando os diretores Sérgio Valente, Carlos Henrique Schroder e Silvio de Abreu, fazem parte de uma nova fase do programa Uma Só Globo, que buscar integrar as empresa do grupo e deixar o negócio, financeiramente, mais saudável. Após não renovar contratos com atores e autores, demitir funcionários e adotar vínculo por obra com artistas, agora o canal buscar reduzir custos com altos salários dos seus principais executivos.

Uma Só Globo iniciou em 2018 e o processo vem sendo realizado pela consultoria da Accenture. A previsão é que o programa se encerre no final do ano que vem, tendo a TV Globo, Globosat, Globo.com, Globoplay, DGCorp e Som Livre num único CNPJ. Numa das consequências, o grupo já anunciou que vai se desfazer do seu braço direito no mercado fonográfico, a Som Livre, e colocou a gravadora à venda.

Oficialmente, a decisão de Sérgio Valente, da comunicação, Carlos Henrique Schroder, direção-geral e entretenimento, e Silvio de Abreu, da dramaturgia, deixarem a Globo estava previsto e a iniciativa partiu de cada um dos ex-chefões. Porém, a reportagem apurou que eles possuíam altos salários, inclusive com excelentes bonificações, e que não se enquadram na nova fase da empresa.

A saída de todos vêm sendo negociada já de um tempo, inclusive a estratégia de comunicação no mercado. Com a mudança, Ricardo Waddington assumiu o entretenimento do canal, Manuel Falcão, a comunicação e José Luiz Villamarim, a dramaturgia. Segundo apurou o NaTelinha, alguns dos novos diretores receberão cerca de 1/4 do salário do antigo gestor, mas mesmo assim, com a promoção, alcançam quase o dobro de aumento do salário atual. 

Como efeito dominó, todos os profissionais na hierarquia abaixo dos novos poderosos da Globo serão substituídos. Eles exercerão a mesma função dos atuais, mas com uma remuneração menor.

No caso do entretenimento, isso já ocorreu, como Adelia Croce, promovida a nova executiva do setor de gestão de talentos artísticos - antes, ela pertencia ao a área de Recursos Humanos. Croce ficará responsável por uma parte das atribuições da diretoria de Desenvolvimento e Acompanhamento Artístico (DAA), que descontinuada com a saída de Mônica Albuquerque.

Segundo fontes ouvidas, a auditoria contratada pela Globo fez novas faixas salariais por categoria e todos os executivos precisam se encaixar nesses perfis. Internamente, existe uma reclamação que a Accenture nivelou os salários de alguns cargos muito para baixo. “Comparar com os valores pagos pela Record ou SBT é um erro. A Globo é que deve ser a referência. Se você estiver fora da faixa é demitido. Eles só olham o valor que você custa e não o valor que você agrega”, contou um funcionário atingindo pelo cortes que pediu sigilo à coluna.

Procurada,  a Globo enviou o seguinte comunicado: "Houve uma grande integração das empresas Globo no início desse ano como parte do processo de transformação digital. É natural, com isso, que os modelos de gestão da Globo venham passando por revisões e evoluções ao longo dos últimos meses, com reflexos nas estruturas. É importante te lembrar que o programa "Uma Só Globo" busca maiores receitas em novos negócios e produtos, como streaming e produtos digitais, e também menores custos, mas como resultado do ganho de eficiência do novo modelo operacional. Isso não implica em remunerações menores para seus executivos, até porque estudamos permanentemente o mercado e sabemos que, para seguir crescendo, precisamos nos manter competitivos na atração e manutenção dos nossos colaboradores – executivos inclusive".

 

Com mudanças, novo diretor da Globo destaca qualidade e eficiência em custo 

Em comunicado à imprensa na última sexta-feira (27), a Globo explicou a nova divisão na sua área de entretenimento: “O desenho consolida o papel das diretorias de Gênero e reforça o protagonismo da gestão da Criação e do Elenco. Os Gêneros passarão a ser responsáveis por toda a cadeia de valor do conteúdo - da conceituação artística ao desenvolvimento, produção e entrega dos projetos para exibição nas diversas plataformas. Criação de Conteúdo e Talentos Artísticos vão dispor de estruturas de gestão dedicadas. Fazem parte do novo desenho do Entretenimento também as áreas de Gestão da Produção Artística, Execução da Produção e Inteligência e Gestão de Performance.  Nos Gêneros, ao lado de Boninho e de Mariano Boni, que respondem pelas diretorias de Variedades, estará José Luiz Villamarim, que vai liderar a Dramaturgia”.

E continuou: “Antes integradas na diretoria de Desenvolvimento e Acompanhamento Artístico (DAA), que deixa de existir, as áreas de Criação de Conteúdo e de Gestão de Talentos Artísticos vão atuar separadas. A Criação de Conteúdo ficará a cargo de Edna Palatnik e atuará como um centro de inteligência para fomentar a criação de conteúdo para todas as plataformas. Com a criação dessa área, autores e roteiristas passarão a contar com uma liderança dedicada. Para garantir foco exclusivo na gestão e desenvolvimento do elenco, estará a área de Gestão de Talentos Artísticos, que vai ser conduzida por Adelia Croce”.

"O novo desenho reforça a liderança do gênero em toda a cadeia produtiva e no atendimento às estratégias dos produtos, aparta criação de conteúdo da gestão de talentos, duas áreas essenciais agora tratadas por suas competências específicas, liberta os modelos de produção de gatilhos que diretamente ou indiretamente travam ou retardam as mudanças esperadas com uma gestão desierarquizada e colaborativa. Enfim, uma estrutura disruptiva com olhar de futuro, que mira na entrega de conteúdo de qualidade com eficiência em custo”, destacou Ricardo Waddington no comunicado.

 

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