Com Elas por Elas, Globo ensina ao SBT, Record e HBO como fazer um remake de novela errado
Saiba quais foram os erros na produção, no elenco, na abertura e na trama original de Cassiano Gabus Mendes
Publicado em 01/03/2024 às 05:27
Os péssimos resultados do remake de Elas por Elas devem ser uma referência na dramaturgia da Globo. É preciso ter o entendimento de que os erros na produção da nova versão da trama de Cassiano Gabus Mendes não podem ser repetidos nas próximas refilmagens. Um deles foi o excesso de rostos desconhecidos na tela em papéis de destaque. A trama tem média de 14,8 pontos na Grande São Paulo e, com isso, tornou-se a novela menos assistida desde que o horário das seis foi criado, em 1971.
A intenção da Globo na produção de remakes é despertar no telespectador a memória afetiva e atrair o público mais tradicional que se afastou da emissora após a pandemia. Essa é a estratégia. Porém, Elas por Elas não conseguiu estimular essa identidade e, por consequência, afugentou o público ainda mais do horário.
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A aprovação da sinopse de Thereza Falcão e Alessandro Marson para exibir o remake do folhetim foi decidida ainda na gestão de Ricardo Waddington, que deixou o cargo de diretor dos Estúdios Globo em março de 2023. O executivo foi substituído por Amauri Soares. Um dos grandes erros na decisão do antigo gestor foi levar uma trama genuinamente da faixa das sete e para as 18h. Não deu certo e era previsto.
Seria mais justo para a memória da novela ter ganhado um outro título e informar que se baseava na história de Elas por Elas, que foi exibida originalmente em 1982. Aliás, a qualidade da história decaiu. No ar, o produto virou um tal de quem é filho e pai de quem que daqui a pouco a avó é mãe e o tio é irmão. Uma confusão.
Erro começou pela nova abertura de Elas por Elas
A memória afetiva já se perdeu na concepção da abertura. Embora a trilha sonora fosse a mesma, o vídeo não tem criatividade nem identidade. Por que não se fez uma nova versão da abertura original, utilizando apenas a tecnologia de hoje? No fundo, o telespectador esperava por isso. Para que inventar? Ir no caminho contrário mostra vaidade.
A concepção da abertura já comprometeu a memória afetiva. Ainda que a trilha sonora fosse idêntica, o vídeo carecia de criatividade e identidade. Não seria melhor fazer uma nova versão da abertura original, aproveitando apenas a tecnologia atual? No fundo, o telespectador ansiava por isso. Para que inventar? Seguir o caminho oposto revela vaidade.
Nem mesmo o personagem marcante de Mário Fofoca foi capaz de salvar a trama. A nova versão de Lázaro Ramos para o detetive que encantou o público na década de 80, quando foi interpretado por Luis Gustavo, ficou abaixo do esperado. No remake, Mário não é atrapalhado, mas sim parece ter sérios problemas cognitivos. Isso não tem graça. Na primeira versão estava mais para o icônico personagem Inspetor Clouseau.
Outro problema foi o casting "modo Malhação". A Globo colocou dois nomes fortes, Deborah Secco e Lázaro Ramos, e o restante do elenco ninguém conhecia ou tinha pouca força para angariar uma nova audiência para a faixa. Isso também contribuiu para a falta de identidade do público mais tradicional do sofá.
Com a decisão de montar um elenco de desconhecidos, a produção ficou mais barata do ponto de vista financeiro, mas de que adianta? No custo-benefício, saiu muito mais caro, porque com o tempo passando, fica mais difícil buscar esse público que deixou a Globo. TV é hábito.
SBT, Record e a HBO devem aprender com esse erros.
Confira a 1ª abertura de Elas por Elas: