Nova pandemia?

Varíola dos macacos pode fechar TVs e suspender novelas de novo?

Doença já vem causando preocupação da OMS, que já declarou emergência sanitária global

Varíola dos macacos virou alvo de alerta da OMS, mas pode fechar tudo outra vez? - Foto: Reprodução
Por Daniel César

Publicado em 26/07/2022 às 04:17:00,
atualizado em 26/07/2022 às 14:18:07

Um dos assuntos mais discutidos no Brasil e no mundo nos últimos dias é a varíola dos macacos. A doença virou preocupação mundial depois que a OMS (Organização Mundial de Saúde) decretou emergência sanitária global por conta da velocidade da transmissão, o que é o primeiro passo para se declarar uma pandemia, como aconteceu com a Covid-19. Mas a doença pode causar o mesmo furacão que o coronavírus, fechar emissoras de TV e suspender a exibição e produção de novelas outra vez?

Segundo Fernanda Souza, médica clínica e coordenadora da Emergência do Hospital Badim, no Rio de Janeiro, não. Em entrevista exclusiva para o NaTelinha, ela explica que o risco do mundo precisar de lockdown e quarentena por causa da varíola dos macacos é bem baixo. "Apesar de ser uma síndrome viral e a transmissão ocorrer por contato, a varíola dos macacos é um pouco menos transmissível que a Covid. Por isso, acredito que fique na condição que está atualmente, declarada 'emergência de saúde global' e não chegue à condição de pandemia e provoque um novo lockdown".

Quem concorda com ela é o médico Antonino Eduardo, clínico e gerente médico do Hospital Badim. "Não observamos no meio médico uma possibilidade de lockdown em função da varíola dos macacos, principalmente quando comparamos o modo de transmissão dessa doença com o da Covid, que gerou o lockdown", diz, e ele explica as diferenças. "Na Covid, há possibilidade de transmissão por via respiratória ou através de perdigotos é muito mais alta e fácil fazendo o vírus se propagar de forma exponencial. No caso da varíola dos macacos a transmissão ocorre através de perdigotos, mas tem que ser por meio de um contato muito próximo, direto ou íntimo com a pessoa infectada, ou de forma mais contundente através das secreções presente   nas lesões da pele dessa pessoa. Há ainda o fato de não sabermos quem tinha Covid diferentemente da varíola pois há sinais cutâneos visíveis. Por isso que nesse caso a possibilidade de lockdown é muito pequena", lembra.

A informação causa alívio para os telespectadores, mas também para as emissoras, afinal a Covid-19 provocou uma série de mudanças que chocou todo mundo. Foi por causa do lockdown, inclusive, que a Globo suspendeu a produção de suas novelas pela primeira vez na história desde sua criação. Embora o retorno tenha ocorrido após alguns meses, o canal manteve por longo período reprises em todos os horários para garantir os protocolos sanitários estabelecidos, o que tornou as gravações muito mais lentas.

Um novo lockdown neste momento, enquanto as empresas ainda se recuperam e o audiovisual começa a se reerguer, poderia ser mortal, segundo diretores ouvidos pela reportagem. Por isso, embora a varíola dos macacos exija monitoramento, o mundo da arte considera que seria catastrófico se ela exigisse nova quarentena.

Mas o médico lembra que não é tão simples assim. "De forma geral, o prognóstico da varíola do macaco é bom, não apresenta um padrão de gravidade. O cuidado é geral, de forma paliativa, ou seja, você trata apenas as formas sintomáticas e a maioria dos casos evolui sem qualquer complicação", lembra.

As medidas de controle estão relacionadas principalmente ao isolamento. O paciente não deve sair de casa, exceto em situação emergencial ou para ir ao médico. O contato com familiares e amigos deve ser somente em caso de emergência, não deve praticar atividade sexual, não deve compartilhar ítens pessoais, como cobertores, lençóis, fronhas, toalhas, roupas íntimas. Se puder usar banheiros separados é o ideal, caso contrário, todas as áreas do ambiente devem ser lavadas com água e sabão após o uso pela pessoa infectada. O mesmo cuidado deve ser feito com balcão, pia e a tábua do vaso sanitário. Higienizar sempre as mãos com água e sabão ou com álcool 70 INPI. As pessoas que estão em contato com infectados devem ter em mente aqueles cuidados que tivemos com a covid, como o uso de máscara cirúrgica, não há necessidade do modelo N95. Depilação deve ser evitada, principalmente nas áreas de lesões. Outros cuidados importantes são separar talheres, pratos, evitar sacudir as roupas usadas pela pessoa infectada e deve ser lavada separadamente."

O que é a varíola dos macacos

Enquanto a Covid-19 matou mais de 600 mil pessoas no Brasil, alguns artistas importantes, inclusive, a varíola dos macacos ainda está com transmissão restrita. Não foram muitos os famosos que registraram terem sido contaminados, embora um participante do No Limite não pôde comparecer à final por causa disso. Mas o que é a doença que vem gerando tamanha preocupação?

"A varíola dos macacos é uma enfermidade de síndrome viral, então, a sua transmissão se dá pelo contato com gotículas respiratórias. A doença tem um período de incubação que vai de 2 a 17 dias", explica a médica, que também revela os sintomas da doença. "Esses pacientes chamam a atenção dos profissionais de saúde pelos sintomas gripais, como febre, dor de garganta, prostração, dor no corpo, linfonodos palpáveis, ou seja, gânglios palpáveis".

Mas a doutora Fernanda também lembra que "esses sintomas estão na fase inicial da doença e o quadro evolui para uma manifestação que chamamos de rash cutâneo. Nessa fase, aparecem erupções cutâneas que ficam mais evidentes nas extremidades, em braços e pernas. O diagnóstico é clínico e a confirmação se dá pela coleta de um material, do swab do conteúdo dessa lesão cutânea".  E ela lembra que a situação é delicada. "Hoje, não é qualquer centro de saúde que está equipado para fazer esse tipo de exame. E a maioria dos casos é brando, sem gravidade e a gente consegue receitar um antitérmico para baixar a febre, um analgésico em caso de coceira no corpo, um anti-histamínico para aliviar os sintomas alérgicos. São raros os sintomas graves, como uma encefalite, uma infecção da pele pelo prurido, conjuntivite, ceratite, pneumonia, que podem ser complicações da síndrome viral, mas é raro", encerra.

O doutor Antonimo concorda. "A doença é caracterizada por lesões cutâneas, ou seja, na pele, que inicialmente sao pápulas e evoluem para vesículas muito semelhantes àquelas que observamos na varicela e herpes zoster. É uma doença que embora tenha a nomenclatura do macaco, esse mamífero não é reservatório da doença, embora seja uma moléstia cujos reservatórios são animais mas não há com que se preocupar com a relação aos primatas, que tal como o homem são vítimas da doença", explica.

Qual o risco da varíola dos macacos

O médico também explica os riscos de contágio.  "É uma doença infectocontagiosa e seus casos, na maioria, são leves ou até assintomáticos. Após o período de incubação, que varia de de 7 a 13 dias, podendo chegar a 21, inicia com um pródromo comum a outras Vitores : febre, dor de cabeça e musculares, prostração até que surjam as lesões, em geral múltiplas, que se curam de duas a quatro semanas sem que haja um tratamento específico , exceto o tratamento sintomático", revela.

A respeito dos exames que confirmam a doença, ele é enfático. "O diagnóstico é feito através dos aspectos clínicos, epidemiológicos, mas o diagnóstico laboratorial é feito através da deteção do genoma viral por PCR do líquido existente nas vesículas, ou seja, no conteúdo das lesões através do swab. Não existe um tratamento específico e também não existe vacina". 

E quem tem varíola dos macacos precisa de cuidados. "Obviamente que o paciente deve ficar isolado de outros membros da casa e, no caso dele ter animais de estimação, também estes devem ser afastados da pessoa doente. O seguimento da doença geralmente é benigno, mas podem haver complicações, como lesões do sistema nervoso central, encefalite infecções bacterianas secundárias  em especial casos em que o paciente que já tenha comorbidades ou seja outras doenças coexistentes, isto pode agravar o caso", diz ele.

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