Publicado em 30/06/2021 às 04:00:19,
atualizado em 30/06/2021 às 09:21:58
"Bom dia, amiguinhos já estou aqui. Tenho tantas coisas para se divertir, quero ouvir vocês, vou contar até três”. Nos anos 80 e 90, as crianças iniciavam seu dia cantarolando essa canção nas manhãs da Globo. Há exatos 35 anos, Xuxa Meneghel estreava na emissora à frente do Xou da Xuxa (1986-1992), programa que se tornou um marco na programação infantil da TV brasileira. O formato do Xou foi copiado pela concorrência, exportado para vários países, ditou tendências na moda e criou uma nova profissão: as Paquitas.
Em entrevista exclusiva ao NaTelinha, Xuxa relembra histórias do programa, faz um balanço e conta que uma das suas saudades da época era o cheiro do infantil. “O dia que eu começar a sentir esse cheiro de novo ou tiver a possibilidade se sentir, vai me remeter aos gritos das crianças, aos pompons, aquela energia dos anos 80 única. Televisão viveu um momento incrível nos anos 80 e eu estava presente nisso daí. Com todo glamour e a beleza que a televisão podia colocar no ar. Me sinto muito feliz de ter feito parte deste momento muito importante dos anos 80 na televisão”, explica a apresentadora, que gostaria de assistir no Viva, canal por assinatura do Grupo Globo, reprises do programa.
Com direção-geral de Marlene Matos, o Xou da Xuxa era exibido de segunda a sábado e chegou a ter cinco horas na grade da emissora. Com seu alto Ibope, alguns programas tinham um share maior que novelas exibidas no horário nobre da Globo. A atração colocou um ponto final nas sucessivas derrotas da Globo enfrentando o palhaço Bozo no SBT. “O Xou da Xuxa é, e vai sempre ser, um ícone para televisão brasileira e também no mundo infantil”, destaca a Rainha dos Baixinhos.
Com o sucesso do programa, Xou da Xuxa teve uma versão na Argentina, El Show de Xuxa (1991-1993), que foi exibido em mais de 26 países. Além disso, em setembro de 1993, a atração teve sua versão americana gravada nos estúdios da CBS Television. No Brasil, o SBT e a Manchete também copiaram o formato, além de outros canais internacionais.
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Sobre suas famosas roupas - Xuxa nunca repetiu figurino na apresentação do Xou -, ela diz que não guardou muita coisa, e o pouco que tem, está desgastado com o tempo. “Algumas eu doei, foi para leilão e eu fiz algumas feirinhas na Fundação que as pessoas iam lá e compravam pra poder ajudar”.
Embora seja considerado um fenômeno dos anos 80, Xuxa não acredita que uma nova versão do programa seria um sucesso nos dias hoje. Ela justifica que atualmente as crianças possuem hábitos e comportamentos diferentes da época.
“É um programa que fez parte dos anos 80, era o que as pessoas queriam ver, era o que as pessoas tinham de mais moderno. Hoje possue mais modernidade...é diferente o que as crianças querem e gostam de ver. Aliás, eu nem sei o que elas gostam de ver ou querem ver, porque elas estão mudando diariamente. Então aí que mora o medo e o perigo de você lançar uma coisa na televisão tão grande, com um cenário tão grande, com uma produção enorme e não agradar as pessoas. Principalmente porque hoje em dia as crianças vêem na televisão na hora o que elas querem, elas escolhem”, diz.
Ao ser questionada se faria algo diferente no programa, hoje sendo mais madura, Xuxa é direta: “Eu não deixaria as pessoas gritarem comigo, não deixaria as pessoas falarem tom que falavam comigo, não deixaria as pessoas falarem essa roupa você usa, essa roupa você não usa, isso você pode falar, isso você não pode falar, de jeito nenhum. De jeito nenhum mesmo, mesmo. Eu acho o que aconteceu foi um abuso de confiança e de poder muito grande das pessoas em geral que trabalhavam comigo”.
Quais as suas maiores saudades da época do Xou da Xuxa?
Xuxa Meneghel - Eu sou muito cheiro, então eu me lembro do cheiro do Teatro Fênix, das crianças, dos pompons, das roupas das Paquitas, das minhas roupas de couro e camurça. Então, eu sinto muita falta desta energia, desta alegria e deste cheiro, sabe? O Xou da Xuxa tinha um cheiro diferente, não sei porque eles também colocavam uma coisa na fumaça da nave. Então, quando a nave subia e descia, tinha aquele cheirinho de fumaça misturado com uma fragrância que tinha no Teatro Fênix. Eu sinto muita falta deste cheiro. O dia que eu começar a sentir esse cheiro de novo ou tiver a possibilidade se sentir, vai me remeter aos gritos das crianças, aos pompons, aquela energia dos anos 80 única. Televisão viveu um momento incrível nos anos 80 e eu estava presente nisso daí. Com todo glamour e a beleza que a televisão podia colocar no ar. Me sinto muito feliz de ter feito parte deste momento muito importante dos anos 80 na televisão.
O que o Xou da Xuxa significou para você e para televisão?
Xuxa Meneghel - Acho que o Xou da Xuxa significou pra televisão em geral, até pro mundo, porque foi bastante copiado em vários lugares, eu dizia que era a hora do recreio, era a hora que eu dizia que as crianças podiam, realmente, se divertir. Eu ouvi muita as pessoas falando que eu era babá de muita criança, que as mães saíam, faziam suas coisas e deixavam seus filhos ali na frente se divertindo, brincando, curtindo o colorido todo. Eu acho que quando a gente fez o Xou da Xuxa, a gente não sacava que ia chegar aonde a gente chegou. Não tinha esse intuito de chegar no coração das pessoas da maneira que a gente chegou. O Xou da Xuxa é um divisor de águas no mundo infantil, na televisão e, principalmente, pra mim, obviamente. Eu pensei em fazer um programa das oito às dez, depois das oito às onze, depois das oito ao meio, depois das oito a uma, de segunda a sexta, de segunda a sábado, depois de domingo a domingo. Então, sem dúvida nenhuma, o Xou da Xuxa é, e vai sempre ser, um ícone para televisão brasileira e também no mundo infantil.
O que aconteceu com as roupas e botas que você utilizava no programa?
Xuxa Meneghel - Se estragaram todas (risos). Com tempo, a cor e o camuça...ele começa a se desfazer e muitas roupas aconteceram isso, ficaram velhas. Eu tenho ainda algumas peças, mas dá pra ver que ficaram envelhecidas, afinal de contas são mais de 30 anos. Mas eu ainda tenho pouca coisa, porque eu tinha muita roupa. Algumas eu doei, foi para leilão e eu fiz algumas feirinhas na fundação que as pessoas iam lá e compravam pra poder ajudar. Enfim, não tenho muito mais, mas o pouco que eu tenho tá aí. Velho, mas tá.
Você acha que o formato do Xou da Xuxa faria sucesso na TV hoje?
Xuxa Meneghel - Eu acho que a televisão não tem mais espaço para fazer o que a gente fazia nos anos 80. Vou tentar explicar. Porque hoje tem muito mais coisas e possibilidades para as crianças na internet. É um programa que fez parte dos anos 80, era o que as pessoas queriam ver, era o que as pessoas tinham de mais moderno. Hoje possuem mais modernidade...é diferente o que as crianças querem e gostam de ver. Aliás, eu nem sei o que elas gostam de ver ou querem ver, porque elas estão mudando diariamente. Então, é aí que mora o medo e o perigo de você lançar uma coisa na televisão tão grande, com um cenário tão grande, com uma produção enorme e não agradar as pessoas. Principalmente porque hoje em dia as crianças vêem na televisão na hora o que elas querem, elas escolhem. Antigamente era um pouco imposto. É o que eu posso oferecer, vou dar meu melhor pra você, esse é o horário e aceite. Hoje não, tem grandes possibilidades e isso faz ‘q’ muito diferente para televisão, para o que as crianças querem ver, consumir e até mesmo o que os pais querem oferecer para as crianças. Tem uma certa idade que você pode oferecer para as crianças e tem uma certa idade que a criança escolhe. O Xou da Xuxa, por mais que a pessoa queira mostrar isso, não é o que a criança gostaria de ver. Ela já nasceu com o dedinho no telefone, ela já quer ver no tablet e no computador. A televisão é uma coisa dos anos 80 e anos 90, então não acho que funcionaria hoje, por uma série de motivos, uma delas é porque a criança está muito diferente.
Você é favor de reprisar o Xou do Xuxa no canal Viva?
Xuxa Meneghel - Eu acho que seria muito legal a reprise. Primeiro porque eu adoraria ver. Segundo, porque eu acho que as pessoas que cresceram comigo e que hoje tem seus filhos gostariam de mostrar o que eles viam, o que era a nave, o que eram as músicas, os que eram as Paquitas. E eu era politicamente incorreta, quase tudo que eu falei, fiz e fazia, naquela época, fazia parte daquela época. Todo mundo falava daquele jeito, tudo mundo agia daquele jeito e eu não podia ser diferente. Então é até legal pra vê e comparar o que é o dia de hoje, o que são as coisas que acontecem e o que não pode mais fazer. E tá lá, como se você fosse num museu e prestasse atenção em coisas do passado e que não existem mais, mas que faziam parte daquele contexto todo e estava tudo bem, naquela época, mas hoje não mais. Gostaria sim de ver, acho que vai ser uma volta ao passado na memória afetiva de muita gente. Iria ser bem legal. Quando a gente é criança, a gente vive um momento único, não volta mais. Eu fiz parte desse momento de muita gente, que hoje é mãe, é pai e até já é avô e talvez quisesse rever isso tudo e ter esse sentimento de voltar ao passado. ‘Puxa vida, eu era tão feliz e não sabia’, mas eu sabia, eu senti e queria sentir muito.
Tem algum que não sai da sua memória?
Xuxa Meneghel - Tem momentos ícones no Xou da Xuxa. No primeiro ano, que foi a primeira vez que fiz um programa ao vivo e as crianças estavam do lado de fora, tinha mais gente do lado de fora do que dentro do Teatro Fênix. Isso para mim foi muito marcante, eu tava com uma roupa cheio de bolinha e chuquinha, e foi primeiro aniversário do Xou da Xuxa e foi bem forte. Mas acho que todos os especiais que eu fazia no programa, que eu via as Paquitas todas arrumadas, sempre tinha surpresa. Aí tinha vezes que as Paquitas falavam: ‘Você só tem que ficar parada, não se mexe’, porque elas tinham ensaiado uma coreografia, então eu ficava sempre bastante nervosa com tudo isso. Eu via o sonho e a vontade das crianças estarem comigo no programa especial. Eu via quantas mães que choravam, se emocionavam, então, se eu falar um programa só, vou tá passando por cima de muito sentimento bonito que eu vivi lá. Tem coisas que são inesquecíveis, cada cantinho de criança especial que fazia seu show a parte, o momento também de quando levamos o Xou da Xuxa pra Argentina, El Show de Xuxa, que foi pra mais de 26 países, foi bastante incrível isso. Eu poder ver o que eu via e sentia, e começar a ver e sentir em outro país, em outra língua. Tem muita coisa boa pra eu me lembrar, ou melhor, pra nunca mais esquecer.
Quem são seus amigos até hoje da época do Xou da Xuxa?
Xuxa Meneghel - Tem pessoas que trabalhavam comigo na época e continuam trabalhando comigo até hoje. Até hoje mesmo. Pessoas que já viraram amigos, não são mais pessoas que trabalham comigo. Tem nome, sobrenome, CPF, sei onde moram, sei da sua família e da sua vida. Isso para mim é muito legal. Porque antes, eram pessoas que apenas trabalhavam comigo e hoje fazem parte, não só da minha vida, da minha história, mas também do meu dia a dia. Eu valorizo muito, muito, muito isso. Fico muito orgulhosa quando eu falo para as pessoas: ‘Olha, essa pessoa tá comigo há mais de 30 anos, há 40 anos...´ Tem gente que eram fãs, participavam do programa e hoje, nossa, não quero que saíam da minha vida nunca mais. Nunca, nunca mais mesmo. Tem uma lista enorme de pessoas. Graças a Deus.
Hoje mais madura, faria tudo de novo ou mudaria algo no "Xou"? O que mudou na Xuxa nos últimos 35 anos?
Xuxa Meneghel - Mudou muita coisa. Eu não deixaria as pessoas gritarem comigo, não deixaria as pessoas falarem tom que falavam comigo, não deixaria as pessoas falarem essa roupa você usa, essa roupa você não usa, isso você pode falar, isso você não pode falar, de jeito nenhum. De jeito nenhum mesmo, mesmo. Eu acho o que aconteceu foi um abuso de confiança e de poder muito grande das pessoas em geral que trabalhavam comigo. Algumas mais, outras menos. Então eu mudei, vi, aprendi e sei isso não deveriam ter feito, isso não deveria ter aceito e, se eu voltasse atrás, com a cabeça que eu tenho hoje, mas não fariam mesmo.
Você tem uma história engraçada ou curiosa da época?
Xuxa Meneghel - A gente gravava o Xou da Xuxa, as cartinhas de madrugada. Então, tava todo mundo com muito sono, muito sono já. E Reinaldo Waisman, que era moderninho, ele era muito engraçado e a gente não tinha roteiro para seguir. Volta e meia ele falava algumas coisas que me davam ataque de risos e a gente tinha que parar a gravação, refazer a maquiagem, pra me compor e depois voltar a gravar. Por exemplo, eu me lembro que peguei uma carta em que a criança morava na rua Curralinho e a menina que tava do lado, a Marilu, fez em sinais (libras) o Curralinho e eu vi. E o Moderninho começou a rir com isso e a gente começou a rir de uma maneira tal que não deu pra parar. Não teve como. Teve uma outra que o menino falou na carta: ‘Eu queria que o cara lá de cima me desse isso e tá perto de você’. Aí o Moderninho ficou olhando pra cima e eu falei: ‘O que foi, Moderninho?’. E ele falou: ‘Xú, se tem um cara lá em cima manda descer, porque essa semana caiu um’. E tinha mesmo caído uma pessoa no Teatro Fênix (risos). Então, eram coisas que a gente não dava pra parar de rir e nem sei se era por causa do cansaço, a coisa multiplicava e eu não parava de rir, mas não parava mesmo. Me dava câimbra, saiam lágrimas, tinha que parar a gravação. Era um sufoco. E as pessoas ficavam muito chateadas comigo, porque eram ataques de risos, frequentemente. Não era fácil gravar comigo de madrugada, porque o cansaço batia, e ao invés de ficar mal-humorada, soltava o riso e não parava.
Uma vez peguei uma criança já de 11 anos de idade entrou na nave e teve um nervoso e começou a soltar pum. Aí eu pensei: ‘E agora? O que eu vou fazer?’. Aí ela chegou pra mim e falou: ‘Você pode parar em Nova Iguaçu, por favor?’. Ela já era grande e eu pensei que ela estava brincando comigo. Aí ela falou: ‘É porque eu preciso parar em casa. Já que a gente saiu de nave será você por favor para em Nova Iguaçu’. Eu falei: ‘É porque a gente vai subir e descer, porque tenho outro programa pra gravar. Se fosse o último programa eu até te levava para Nova Iguaçu’. Aí ela disse: ‘É porque eu preciso ir ao banheiro e eu não vou em banheiro fora de casa’. E eu respondi: ‘Eu já senti’(risos).
Quando você volta para TV ou streaming?
Xuxa Meneghel - Eu acho que nunca saí, eu desacelerei por completo. Mas que as pessoas também tem um bocado de saudades de mim e não me deixa ficar fora da televisão por muito tempo. Agora com a pandemia, deu uma diminuída pra todo mundo, mas eu tenho vários planos e vários contratos assinados. Espero que o ano de 2022 muita coisa eu possa vir falar aqui para com vocês. Mas tem filme, documentário e outras coisa mais, como seriado e tralá..tralá..e tudo que quero falar pra vocês. As pessoas ficam dizendo: ‘Cala boca Xuxa, não fala enquanto a gente não estiver fazendo”. Então, eu gostaria que vocês esperassem o ano de 2022 porque ai eu vou poder abrir a boca e falar tudinho.
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