Publicado em 31/01/2021 às 08:36:40
A Argentina costuma exibir em sua programação novelas de outros países e não está fazendo diferente nos momentos de pandemia do coronavírus. A escolhida pela Telefe para ocupar a faixa nobre do canal é Kadin, chamada de Fuerza de Mujer em espanhol, que seria Força de Mulher em tradução livre para o português. A trágica trama, que em alguns momentos ganha ares shakesperiano, tem atingido altos índices de audiência no país vizinho que a comparam com os fenômenos brasileiros Avenida Brasil (2012) e Os Dez Mandamentos (2015).
A trama é inspirada em uma história japonesa - não à toa fez um imenso sucesso na Terra do Sol Nascente, que não é acostumada a acompanhar novelas - e estreou com índices baixos na Turquia, mas logo se recuperou e virou um fenômeno, sendo vendida para outros países, inclusive a Espanha, onde atingiu a liderança na preferência do público e por isso foi escolhida pela Telefe.
Protagonizada pela estrela turca Özge Özpirinçci, a novela acompanha a vida de Bahar, uma mulher simples e que se apaixona perdidamente por quem ela acredita ser o homem de sua vida, Sarp (Caner Cindoruk). Os dois logo se casam, após trocarem juras de amor, e rapidamente acabam tendo dois filhos, mostrando que a família caminha para a vida perfeita. Acontece que, misteriosamente, Sarp acaba morrendo num acidente cheio de confusão e Bahar passa a viver com um peso no coração como se sua alegria tivesse sido completamente arrancada.
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A partir daí, a narrativa ganha outros entornos que lembram até A Vida da Gente, produção brasileira que será reprisada na faixa das 18h, com tamanha tristeza que tem em praticamente todos os personagens. Em dado momento da história, a crítica turca chegou a escrever que o público raramente veria um sorriso saindo da boca de algum dos muitos personagens da história.
A produção de 81 capítulos, divididos em três temporadas, modelo comum entre as novelas da Turquia, parece caminhar para uma narrativa contemplativa quando o público se choca com uma cambalhota daquelas e digna das melhores novelas brasileiras. "Quem matou Sarp" vira uma pergunta recorrente para o telespectador quando é revelado que o estranho acidente foi proposital e que a morte trágica foi, na realidade, um homicídio.
A partir daí, a tragédia perde o tom narrativa de Shakespeare e se transforma num folhetim rocambolesco com direito a vilã ensandecida, fazendo de tudo para impedir que a mocinha encontre a felicidade e viva mergulhada em tristeza. Mas tudo fica ainda mais irresistível quando, no melhor estilo Belíssima (2006), Sarp aparece vivinho de saliva e Bahar descobre que toda a sua vida foi construída em torno de uma grande farsa e que nada é o que ela imaginava.
Kadin, nome original da trama, não deverá ser exibida tão cedo no Brasil, já que a Band, exibidora natural das produções daquele país, havia trocado a nacionalidade e vinha investindo em formatos portugueses antes de voltar com Floribella. Mas a esperança para o telespectador brasileiro que se apaixonou por histórias como Fatmagul, Sila e Ezel, é que o Viva continue investindo nas histórias do país ou que uma plataforma de streaming decida comprar a novela, já que ela se tornou um fenômeno mundial.
De todo modo, sendo exibida ou não no Brasil, Kadin virou um fenômeno mundial num ano em que países como Brasil e México praticamente não tiveram produções originais e, por isso, virou favorita para a corrida do Emmy Internacional, vencido por Órfãos da Terra no ano passado. Mesmo assim, ela terá que enfrentar a tenacidade de Lurdes (Regina Casé) para encontrar o Domênico (Chay Suede), uma vez que a Globo pretende enviar Amor de Mãe para a submissão do prêmio.
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