Publicado em 24/02/2021 às 06:19:00,
atualizado em 24/02/2021 às 15:48:45
Com Gênesis, a Record retomou as supreproduções de novelas bíblicas e também garantiu um grande elenco, inclusive promovendo alguma estreias. É o caso de Ana Elisa Mattos, atriz que debuta com personagem fixo na trama da emissora paulista ao interpretar Lilit, serva da rainha. E ela defende que o canal está certo em explorar o formato de histórias inspiradas na Bíblia e acredita que o que vale são boas histórias.
Em entrevista exclusiva ao NaTelinha, Ana Elisa defende as novelas bíblicas. "Minha opinião é que dramaturgia é feita de boas histórias. E essas histórias são a mitologia mais antiga e conhecida no mundo. Por que não contá-las também?! Essas histórias de época nos permitem, enquanto atores, experimentar coisas muito diferentes - porque é um universo muito distante do nosso, outra linguagem, outros costumes, outro corpo. Isso é maravilhoso para o ator e para o público também - quem não gosta de ver uma história de rei, rainha, tramas, vilões...? E os figurinos? As coroas? Todo mundo adora, nós crescemos ouvindo essas histórias de rei e rainha. Acho riquíssimo termos a oportunidade de darmos concretude a personagens que permeiam o imaginário coletivo desde que o mundo é mundo", diz.
E sobre o sucesso de Gênesis, que virou um modelo nos bastidores da Record, a atriz é categórica. "Gênesis é minha primeira novela com uma personagem fixa e gravada durante uma pandemia. Só isso já é motivo o suficiente para estar entre os grandes momentos da vida. Nós ficamos mais de um ano imersos nesse processo (porque, quando íamos começar a gravar, veio a pandemia e tudo ficou suspenso), construindo essas personagens, as relações entre elas, aprofundando a conexão do elenco - dentro e fora de cena - e depois de um ano foi ao ar. Nós nos divertimos muito e fizemos tudo com muita vontade. Mas não sabíamos como seria recebido pelo público. A sensação é de trabalho cumprido e finalização de um ciclo. Parece que o trabalho só se encerra quando o público recebe a personagem e mostra para gente a opinião deles. Ver os comentários sobre a Lilit, o que o público está achando da relação dela com a rainha Enlila, é maravilhoso. Nós preparamos, realizamos, gravamos, e agora entregamos para o público. Fico feliz com toda a repercussão que a novela tem alcançado", confessa.
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Sobre a estreia, Ana conta que recebeu muito apoio da equipe responsável por colocar o folhetim de pé. "A produção da novela nos ofereceu todo o amparo necessário para realizar um trabalho de época. Tivemos workshops com historiadores sobre a época e como se formavam aquelas sociedades, sobre como utilizar os objetos da época, sobre como se davam as relações das personagens - a Lilit, por exemplo, por ser serva da rainha sabemos que ela era da nobreza, ela foi criada junto com a rainha Enlila já se preparando para ocupar esse posto. Isso é fundamental para não nos basearmos em conceitos contemporâneos, com o entendimento de sociedade que temos hoje. É preciso voltar no tempo, literalmente, e estar aberto ao que eles viviam na época. Fora isso, tivemos o luxo de uma preparação de atores com a maravilhosa Fernanda Guimarães. Fernanda é uma instigadora da alma humana! Fernanda compreende o todo - como se dá a história na totalidade -, o que cada personagem precisa ter para contar essa história e o que você pode oferecer de melhor para sua personagem. Imagina uma pintura. Fernanda vai orquestrando onde cada cor deve entrar, qual a tonalidade de cada cor, onde uma cor se mistura na outra... Um trabalho precioso. Um privilégio, de verdade!", diz.
E ela relembra uma história específica logo no início da gravação. "Logo nos nossos primeiros encontros, sempre conto isso e Fernanda quando ler vai rir (risos), eu fiz uma cena com Maria Joana, a rainha Enlila, e Fernanda parou a cena e falou: 'Ana Elisa Mattos, você não precisa acertar de primeira. Segue a cena!'. Isso foi muito simbólico apra mim. Ela leu minha essência... Eu, ariana que sou, querendo atirar no alvo em todos os objetivos e ela, com uma frase, conseguiu me deixar aberta e sensibilizada para testar novas coisas, talvez coisas que eu nem tivesse consciência. Só um exemplo para entender como é fundamental esse trabalho prévio dos preparadores de elenco! É o momento de você jogar todos os elementos nesse caldeirão e fazer a magia! Sou muito grata por esse encontro com Fernanda!" ri.
Por ser sua primeira trama, Ana Elisa conta um pouco sobre os bastidores de Gênesis e de como foi bem recebida pela equipe. "Os bastidores de Gênesis são uma novela à parte. Quando você começa um trabalho novo, pode acontecer duas coisas: existir muita afinidade entre o elenco mas não uma amizade e acontecer uma amizade para além do profissional. A gente nunca sabe como será com cada novo elenco. Como era minha primeira novela, eu sabia menos ainda como seria a relação e a convivência com o elenco. Vamos lembrar aqui que eu não conhecia ninguém! (risos nervosos). E aí, minha gente, aconteceu o sonho! Sabe quando você sonha que queria entrar em um trabalho muito legal, no qual o elenco fosse muito unido, um ajudasse o outro e virassem amigos? Foi o que aconteceu!"
A intérprete de Lilit se mostra grata a tudo que vem vivendo. "Que generosidade do universo, só agradeço! Nós nos unimos e nos ajudamos o tempo todo, compartilhávamos descobertas de todas as personagens, nos apoiávamos, nos impulsionávamos para ir mais longe... Foi um processo muito delicioso. Quando começamos a gravar, o encontro com a equipe técnica foi nesse mesmo clima - afinal, somos a mesma equipe, um time. Quando começamos a gravar, mesmo que não fosse cena minha, eu ficava no estúdio assistindo as cenas deles - aprendendo com eles, aprendendo com a equipe do estúdio, com cada câmera, com os diretores... Foi um processo muito rico e unido. Viramos amigos e vibramos com cada cena que vemos no ar", comenta.
Sobre o momento de pandemia, ela lembra que seguiu as exigências de protocolos sanitários. "Bom, gente, álcool gel nosso bff, né!!! (Risos) Eu já tinha o costume de ter álcool gel na bolsa sempre, agora é um item essencial - mesmo quando não estivermos mais nesse momento tão crítico. Acredito que muitos hábitos adquiridos nesse processo serão hábitos pra vida toda - E acho saudável que sejam. A pandemia fala do coletivo, nosso comportamento interfere em todo mundo. Eu não tomo medidas de precaução apenas por mim, eu faço pelo próximo. Eu uso máscara para proteger o outro - importante reforçar que a pandemia não acabou e é fundamental o uso de máscara! Gravar uma novela durante a pandemia acentua ainda mais o fato de que preciso seguir os protocolos, dentro e fora da emissora, para proteger a equipe toda. Durante as gravações seguimos todos os protocolos, fomos testados constantemente, tudo para que fosse possível realizar o trabalho", explica
E a atriz também conta ainda sobre como foi trabalhar neste momento complexo. "É diferente ensaiar uma cena com máscara, não abraçar meus colegas de trabalho, manter o distanciamento, conhecer as pessoas apenas pelos olhos...? Claro que é diferente. Mas é o melhor e o que protege uma equipe inteira. Ah, mas é difícil respirar com máscara. Claro que é. É difícil pra mim, pra você, pra todo mundo. Mas é mais difícil ter de respirar com aparelhos... Mais difícil ainda precisar de oxigênio e não ter. Precisamos nos conscientizar: não é por mim, é pelo todo!"
A respeito da carreira depois de Gênesis, ela já mostra ter engatilhado projetos. "Muitos! (risos). Essa pergunta é muito boa porque, mesmo em 2021, acho que ainda existe a imagem de que o ator ou a atriz ficam em casa esperando o telefone tocar com um convite. Cilada, não caia nessa! (risos). Essa imagem da grande estrela, do tapete vermelho... Óbvio que isso pode acontecer. Mas, no meu entendimento da profissão, isso é fruto de muito trabalho. Isso é parte do resultado, não é o processo. Minha cabeça não para! Todos os meus parceiros de trabalho sabem disso - porque todos já receberam mensagens às 08h da manhã com ideias, opiniões, mudança de planos; todos eles já me viram perder noite escrevendo projeto, idealizando coisas; ter insônia porque a cabeça não para, ter ideias mirabolantes e realizá-las. Mas, Ana Elisa, todo ator ou atriz precisa pensar assim? Não! Cada um tem a sua história, acredita no que quiser, salve a liberdade de existir! Para mim, Ana Elisa Mattos, acho importante que os artistas tenham seus próprios projetos, realizem o que tiverem vontade profissionalmente e não fiquem à espera, à mercê do imponderável. Valorizo essas iniciativas e me considero uma empreendedora. Vivemos em um país que não valoriza a cultura. É uma estratégia de sobrevivência termos nossos projetos - na minha opinião. Em março, logo após a novela, estreio a série ‘Ai, Que Exagero!’ - uma websérie de 08 episódios, em parceria com a atriz Luiza Braga, que serão exibidos nas nossas redes sociais. É uma série que retrata essa necessidade de controlarmos o futuro, de saber o que vai acontecer. Sabe aquela bola de cristal? Todo mundo quer, mas ela não existe...(risos) É disso que vamos falar! E, para quando o teatro estiver mais possível, um espetáculo sobre a cientista Marie Curie, dramaturgia minha e direção da Erica Montanheiro", encerra.
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