Quarta Parede

Tortura, censura e exílio: Relembre novelas e séries que retrataram a ditadura militar

Produções sobre momento controverso da História do Brasil estão disponíveis em streaming

Amor e Revolução, Anos Rebeldes e Senhora do Destino estão entre produções que retrataram a ditadura militar no Brasil - Fotos: Divulgação
Por Walter Felix

Publicado em 31/03/2020 às 05:14:00

O Golpe de 1964 completa 56 anos nesta terça-feira, 31 de março, data que deu início a um dos períodos mais obscuros da História do Brasil: a Ditadura Militar, que só saiu de cena 21 anos depois, em 1985. Com o passar do tempo, o regime passou a ser explorado pela ficção, que viu grande potencial dramático nas histórias de repressão, torturas, exílios e perseguições políticas.

A Ditadura Militar ganhou a teledramaturgia pela primeira vez com a minissérie Anos Rebeldes, de Gilberto Braga, em 1992. Nos anos seguintes, outras produções da telinha retrataram a sociedade e a política da época - muitas vezes com denúncias dos crimes que eram cometidos pelos órgãos de repressão, atentando, ainda, à guerrilha de grupos de esquerda em oposição ao governo vigente.

Relembre, a seguir, novelas e séries que abordaram a ditadura militar no Brasil:

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Anos Rebeldes (1992)

A história começa em 1964, com o envolvimento político de um grupo de colegiais, às vésperas da formatura. Nos anos seguintes, muitos deles ingressam na luta armada e veem suas vidas mudar à medida em que o regime militar se torna mais violento - especialmente com a publicação do AI-5, em 1968. A trajetória dos apaixonados Maria Lúcia (Malu Mader) e João Alfredo (Cássio Gabus Mendes) caminha até o início dos anos 1980, época de abertura para a redemocratização do país.

A minissérie escrita por Gilberto Braga tratou das prisões arbitrárias, da tortura e dos sequestros de importantes estadistas por militantes de esquerda, mas não apresentou cenas explícitas de violência. Ainda assim, personagens como Heloísa (Cláudia Abreu), patricinha que adere à guerrilha urbana, foram marcantes para o contexto em que a minissérie era exibida, em 1992, quando jovens iam às ruas pedir o impeachment do então presidente Fernando Collor. Disponível no Globoplay.

Senhora do Destino (2004)

A ditadura voltou ao horário nobre da Globo na primeira fase desse megasucesso de Aguinaldo Silva. Ao chegar ao Rio de Janeiro, a nordestina Maria do Carmo (Carolina Dieckmann) encontra a cidade tomada pelo caos nos dias que sucedem a publicação do AI-5. Presa por engano, ela se apaixona por Dirceu (Gabriel Braga Nunes), um jornalista de esquerda que foi capturado por órgãos da repressão.

Em seus capítulos iniciais, ambientados em 1968, a novela também narrou a perseguição a Josefa (Marília Gabriela), dona do jornal Diário de Notícias, usado para fazer oposição sistemática ao governo. Por conta das ameaças, ela é obrigada a deixar o Brasil, refugiando-se em Paris. Disponível no Globoplay.

Queridos Amigos (2008)

No fim dos anos 1980, um grupo de amigos revive os traumas e reencontram antigos fantasmas da época em que lutaram contra a ditadura no Brasil nesta minissérie de Maria Adelaide Amaral, inspirada em seu livro Aos Meus Amigos. O reencontro entre os protagonistas se dá pela iminência da morte de Léo (Dan Stubach), que está doente e deseja “reunir a família”.

Juntos, eles relembram um passado de exílio e torturas enquanto tentam seguir em frente. A história mais sintomática é a de Bia (Denise Fraga), que reencontra o homem que a estuprou quando ela esteve presa no DOI-CODI. Sem a chance de colocá-lo na cadeia - por conta da Lei da Anistia -, a mãe da moça, Dona Iraci (Fernanda Montenegro), chega a confrontar o torturador lendo o diário escrito pela filha após o cárcere.

Amor e Revolução (2011)

O SBT também investiu na dramaticidade do período em uma de suas últimas produções para o público adulto em teledramaturgia. O autor Tiago Santiago criou um folhetim em que uma jovem estudante, Maria (Graziella Schmitt), se apaixona por um major do Exército, José (Claudio Lins). Eles se conhecem durante um incêndio na União Nacional dos Estudantes (UNE) e a história de amor entre os dois perpassa as agruras do regime militar.

Mas o melhor da novela ficava mesmo por conta dos depoimentos reais que encerravam os capítulos. A produção trazia entrevistas com pessoas que viveram a repressão e guardam marcas até hoje. Um dos mais marcantes foi o de Maria Amélia Teles, conhecida como Amelinha, no primeiro capítulo. Ela narrou, com detalhes, a técnica conhecida como cadeira de dragão, a que foi submetida na presença dos filhos.

Magnífica 70 (2015-18)

Produzida pela HBO, a série narra, em três temporadas, a trajetória de Dora Dumar (Simone Spoladore), uma estrela da pornochanchada que cai nas graças de Vicente (Marcos Winter), censor do Departamento de Censura Federal. A atriz trabalha para a produtora Magnífica, voltada para filmes com alto teor sexual - sucessos de bilheteria na época.

Ambientada no início da década de 1970, a produção trata da censura rigorosa a que filmes e programas de TV eram submetidos durante a ditadura. Disponível no HBO Go.

Os Dias Eram Assim (2017)

A narrativa da supersérie de Angela Chaves e Alessandra Poggi começa no início da década de 1970, auge da repressão, e vai até meados dos anos 1980, quando os militares deixavam o poder. O recorte permitiu a abordagem de questões latentes na sociedade brasileira dos anos 1970 e 1980, como a descoberta da Aids, retratada na história por meio da jovem Nanda (Julia Dalavia).

Envolvido em grupos de oposição pelo irmão Gustavo (Gabriel Leone), o pacato Renato (Renato Góes) se vê obrigado a fugir para o exterior, enquanto o caçula da família é preso e submetido a toda forma de tortura. No retorno ao Brasil, ele reencontra Alice (Sophie Charlotte), amor de seu passado e filha de um empresário que colabora financeiramente com os órgãos de repressão. Disponível no Globoplay.

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