Publicado em 08/06/2019 às 06:02:52
“A Dona do Pedaço” chegou ao horário das 21h já dizendo a que veio. Em meio a um clima de romantismo mesclado com doses de faroeste, a nova novela de Walcyr Carrasco levou apenas uma semana para chegar ao seu tempo principal, fundamentada na ascensão de Maria da Paz (Juliana Paes), que de vendedora ambulante se tornou dona de uma rede de confeitarias. E os novos tempos mostraram que a passagem de tempo deixou o enredo ainda mais carismático e empolgante.
Como se sabe, a história de Maria com Amadeu (Marcos Palmeira) ganhou contornos de bangue-bangue e surpreendeu ao colocar Fernanda Montenegro como uma assassina diabólica, eliminando vários da família Matheus – da qual vem o mocinho. A farsa da morte do rapaz, combinada entre as mães dos protagonistas, fez a boleira se assustar e entrar em trabalho de parto, gerando a filha Josiane (Agatha Moreira).
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Após 20 anos, os novos conflitos tomaram forma. A confeiteira fez crescer sua rede de lojas e tornou-se uma mulher espalhafatosa, passando a enfrentar problemas com a herdeira, que tem vergonha do seu jeito de ser. A garota se envolve com o playboy Régis (Reynaldo Gianecchini), que chegou a se aproximar de Maria quando esta estava grávida e foi demitida da mansão dele por sua mãe, Gladys (Nathalia Timberg).
Ao mesmo tempo, sua sobrinha Vivi Guedes (Paolla Oliveira), adotada por Otávio (José de Abreu) e Beatriz (Natália do Valle), tornou-se uma digital influencer de sucesso no mundo da moda, despertando a inveja da irmã Fabiana (Nathalia Dill), que deixa o convento para se aproximar da blogueira com o intuito de acabar com sua vida, no momento em que ela descobriu seu parentesco através de uma entrevista da influencer no “Encontro”, de Fátima Bernardes.
As sequências chamaram atenção pelos bons conflitos apresentados, mas também pelo estranhamento ao sotaque “variável” adotado por Juliana Paes na composição da nova fase de sua personagem. Ainda assim, o detalhe parece não ter atrapalhado o brilhante desempenho da atriz, especialmente nas sequências da emoção da boleira ao reencontrar o grande amor de sua vida.
Ao mesmo tempo, Paolla Oliveira vem esbanjando talento em uma composição repleta de deboche, alegria e algumas doses de sensualidade, evidentes nos ensaios da atriz. Ainda merece destaque sua parceria com Mônica Iozzi, que se aventura novamente pelo humor na pele da agente Kim, empresária de Vivi Guedes, que também irá orientar a carreira de Josiane, que se inspira na famosa blogueira para seguir seus passos no mundo virtual. Outro grande momento foi o primeiro encontro entre Vivi e Fabiana, acendendo de vez a história da vilã e rendendo uma boa parceria entre Paolla e Nathalia Dill.
Em outra ponta, o núcleo da divertida família de Eusébio (Marco Nanini), que acolheu Maria da Paz em sua chegada a São Paulo, é um dos pontos mais altos da história de Walcyr Carrasco. Hilariante, o núcleo é uma verdadeira festa dos atores veteranos, proporcionando uma incrível sintonia entre os seus membros, como Rosi Campos, Tonico Pereira, Betty Faria, Suely Franco e o próprio Nanini.
Aliás, vale aqui lembrar que Walcyr é o autor que mais valoriza os grandes talentos mais experientes, como se percebe não apenas neste núcleo, mas também nas luxuosas presenças de Jussara Freire, Nathalia Timberg, Rosane Gofman, Nívea Maria e da já citada Fernanda Montenegro, que, ao lado do autor, encarnou seus papeis mais diferenciados dos últimos anos, longe da imagem de “dondoca” elegante de muitas de suas personagens.
Ainda assim, há algumas ressalvas a serem feitas. Assim como nos primeiros capítulos, a construção do reencontro de Amadeu e Maria da Paz foi feita de forma apressada: no mesmo capítulo, ela foi internada devido ao choque, se recuperou, foram para uma pizzaria e passaram a noite no motel. Para piorar, após a transa, Amadeu confessou estar casado com Gilda e que não poderia se separar da mulher. Difícil engolir essa construção. Além disso, Marcos Palmeira está apenas correto na pele do mocinho e a química entre o casal é praticamente inexistente.
Outro ponto que merece atenção é o núcleo de Agno (Malvino Salvador), até então o mais desinteressante da novela. As tentativas de Lyris (Deborah Evelyn) em tentar reanimar sua vida sexual com o marido são cansativas e parecem deslocadas do enredo principal, bem como a fraca interpretação de Malvino, novamente repetindo atuações anteriores. Apenas Régis (Gianecchini seguro em cena) e Gladys (a sempre brilhante Nathalia Timberg) atraem alguma atenção.
No entanto, mesmo estas ressalvas parecem não atrapalhar o bom saldo apresentado por “A Dona do Pedaço” nesta reta inicial de sua nova fase. E os resultados já se viram no Ibope: o capítulo do reencontro de Amadeu e Maria da Paz rendeu 37 pontos, número jamais obtido pela sua antecessora, a apagada “O Sétimo Guardião”. Já os dois capítulos subsequentes marcaram 35 e 34 pontos, respectivamente, mesmo exibidos mais cedo em função de transmissões esportivas.
O sucesso da novela de Walcyr Carrasco demonstra o acerto do autor em apostar no novelão clássico e despretensioso logo de cara, ao invés de tentar inovar e logo depois colocar tudo a perder, como ocorreu em suas novelas anteriores das 21h, que, apesar dos bons índices, pecaram pela inconstância na condução do enredo.
O grande trunfo de “A Dona do Pedaço” é ser popular e ter todos os bons elementos do folhetim, aliados a uma história promissora. A trama tem boas chances de ser o melhor trabalho de Walcyr às nove. Que os próximos capítulos reafirmem isso.
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