Coluna do Sandro

Com Xuxa, Drag Race Brasil será o pontapé para arte drag atingir novos públicos na TV

Xuxa vai comandar reality de drag em 2022

Xuxa foi escolhida para comandar a versão brasileira de RuPaul's Drag Race - Foto: Montaegm
Por Sandro Nascimento

Publicado em 27/08/2021 às 04:00:00,
atualizado em 27/08/2021 às 10:04:00

A notícia publicada pelo NaTelinha sobre Xuxa Meneghel ser escolhida para comandar a versão brasileira de RuPaul's Drag Race causou críticas e elogios dentro do movimento LGBTQIA+. Entre os que foram contra a escolha da apresentadora, a principal justificativa era que o projeto deveria ter uma drag queen à frente, seguindo o padrão original de RuPaul, nos EUA.

Precisamos analisar alguns pontos. Televisão é algo caro, não podemos esquecer isso, e um programa de TV é produzido para dar lucro. No Brasil, ainda não existe, infelizmente, uma personalidade queen que tenha o torque publicitário de captação de anunciantes como Xuxa tem. À frente do Drag Race, a loira estará trazendo e agregando a sua capilaridade de mídia e prestígio, que são indiscutíveis, para uma arte que ainda não tem o devido reconhecimento. A questão é ampliar públicos e não segmentar ainda mais.

Além disso, Xuxa é uma grande defensora do movimento LGBTQIA+. No passado, lançou livro o Maya: Bebê Arco-Íris, onde retratou uma família de um casal lésbico e enfrentou fortes críticas. Quantos artistas não serão descobertos com Xuxa no Drag Race Brasil? Atingindo novos públicos e promovendo, assim, a diversidade cultural. Xuxa é um ícone de sucesso e suas canções e roupas influenciam, até hoje, vários artistas, inclusive drags.

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Ela pode fazer pela arte drag queen o que fez com o funk carioca nos anos 90, quando passou a tocar o funk em seus programas na Globo e ajudou na quebra do preconceito que era muito pesada sobre o movimento. O “som de preto e favelado” tocou na Globo, saiu do subúrbio do Rio, deixou de ser regional e conquistou as regiões mais nobres do país. A força de Xuxa na TV teve uma inegável contribuição para esse resultado.  Na época, sua iniciativa ganhou reconhecimento de MC Marcinho com a música “Glamurosa, a rainha do funk”.

Xuxa e Silvio Santos na arte drag queen

À frente do Drag Race, Xuxa terá a mesma força que Silvio Santos teve nas décadas de 80 e 90, quando deu espaço no horário nobre do SBT para apresentações de drag queens no Show de Calouros. Com a vitrine, ele fez que a arte desses artistas fosse levada ao público. Silvio promoveu a desmistificação de um movimento que a massa, na época, desconhecia. Várias drags passaram a ganhar dinheiro e tiveram projeção nacional a partir das dublagens semanais no SBT, como Leonora Áquila.

Como o cenário artístico brasileiro precisa de novo pontapé para prestigiar as drag queens, que isso seja feito pela Xuxa. Ela pode pintar o arco-íris na televisão e fazer acreditar que tudo que tiver que ser será com o movimento. "Sashay, away"!



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