Publicado em 14/10/2020 às 04:00:32
Além de perder os direitos de transmissão da Fórmula 1 e Libertadores, a Globo não deve renovar o contrato de exclusividade de filmes e séries da Walt Disney Company em 2021. O motivo é que o conglomerado americano está lançando sua plataforma de streaming na América Latina em novembro, o Disney+, que além de concorrer com a Netflix no mercado, marcará um novo formato de negócios sobre licenciamento de conteúdo no Brasil que inclui televisão aberta e TV paga.
O atual acordo milionário vigente entre Globo e Disney foi assinado em abril de 2019, com validade de dois anos, e tem o modelo de "volume deal", ou seja, o canal tem preferência na exclusividade de todos os produtos da empresa de Mickey Mouse. O restante pode ser negociado com outras emissoras, mas a Globo sempre acaba optando pelos melhores títulos, por exemplo a saga da Marvel e clássicos infantis como Frozen e Dumbo. O canal carioca e a empresa americana mantêm parceria de distribuição desde 2005.
A partir de agora, segundo apurou o NaTelinha, a estratégia da Disney é que todo conteúdo da empresa seja exclusivo da nova plataforma que estreia no Brasil no dia 17 de novembro. A novidade força uma mudança no posicionamento de mercado, seguindo as diretrizes da Netflix e Amazon Prime Vídeo que restringem a distribuição de suas produções. Neste cenário, acordos como o Mundo Disney (2015 - 2018), feito com o SBT, ficam cada vez mais inviáveis diante da nova estratégica.
A restrição não ocorre somente na televisão aberta, na TV por assinatura, os filmes de janela premium da Disney já deixaram de fazer parte do portfólio da Rede Telecine, pertencente ao Grupo Globo, em setembro do ano passado - época em que a empresa assinou um contrato de licenciamento de conteúdo válido por ano, de vencimento próximo à estreia da Disney+, com a Amazon Prime Vídeo.
A Disney fazia parte da programação dos Telecines desde 2011, quando a Globo surpreendeu o mercado e tirou a empresa da HBO Brasil. O negócio tinha validade apenas no país e não alterava a relação Disney e a HBO Group na América Latina.
Procurada, Globo e Disney não se posicionaram sobre a reportagem.
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Em setembro, como despedida dos canais lineares, a empresa promoveu uma maratona de animações da Pixar Animation Studios, que faz parte do conglomerado americano, antes dos conteúdos serem exclusivo da Disney+. Foram transmitidos pelo Disney Channel, Disney Junior e Disney XD filmes da trilogia Carros, Valente, franquia Toy Story, entre outros. No mundo, a Disney já vem cancelando seus canais lineares e focando em seu negócio de streaming. Desde o início do mês, Disney Channel, Disney XD e Disney Junior deixaram a TV por assinatura do Reino Unido e o mesmo aconteceu na Nova Zelândia, após a estreia do Disney+.
"É uma questão de convergência que está acontecendo em todo o mundo. Estamos praticamente presenciando a presença de duas janelas: uma janela de cinema única, coletiva, de dimensão ampliada e insubstituível, e uma experiência em casa, onde a maior convergência vai acontecer no app. Decidimos também evitar a venda antecipada dos conteúdos a terceiros, de modo a tê-los aqui e marcar um diferencial e exclusividade", contou Diego Lerner, presidente da Disney na América Latina, na última sexta-feira (09) ao jornal argentino La Nacion.
E completou: "As pessoas da América Latina e do mundo estão acostumadas a ver conteúdo fragmentado, com filmes que são vistos aqui, ali, assinam um sistema de cabo ou canal de filmes, mas isso acabará. O conteúdo da Disney não estará mais disponível em qualquer revendedor terceirizado, canal a cabo ou oferta sob demanda que não seja Disney + . Essa é uma decisão agressiva".
No início do outubro, a empresa enviou um comunicado à imprensa informando que está encerrando no Brasil e na América Latina a distribuição de DVDs e Blu-rays dos seus conteúdos até o fim do ano. Na última segunda-feira (12), a Walt Disney Company anunciou uma reestruturação no processo de criação de projetos de seus filmes e séries. Com a alteração, a empresa coloca a distribuição por streaming como prioridade. Em dezembro haverá uma reunião com acionistas para alinhar toda a estratégia.
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