Conheça o Chaves brasileiro que só ficou uma semana no ar
Os diretores da série negavam qualquer inspiração no fenômeno mexicano
Publicado em 01/04/2023 às 10:57
Em 17 de julho de 2000, a série Miguelito estreava na RedeTV!. A atração, uma co-produção entre a Gugu Produções Merchandising e a Câmera 5, produtoras de Gugu Liberato (1959-2019) e Elias Abrão, irmão da apresentadora Sonia Abrão, negava qualquer tipo de inspiração no femômeno mexicano Chaves e ficou menos de uma semana no ar, tendo sua exibição encerrada no dia 22 daquele mês.
O seriado mostrava o dia a dia de Miguelito (Eduardo Estrela), jovem que morava em uma vila e convivia com seus amigos Lilica (Ana Andreatta), Marquinho (Davi Taui) e Bolão (David Fantazzini), personagens com características parecidas com as de Chaves (Roberto Gómez Bolaños), Chiquinha (Maria Antonieta de las Nieves), Quico (Carlos Villagrán) e Nhonho (Édgar Vivar).
A Vila Generosa teve seu cenário inspirado em casas de bairros tradicionais de São Paulo, como Mooca, Bixiga e Brás, e ainda abrigava outros moradores. Entre eles, Dona Tita (Lara Córdula), Seu Flodoaldo (Luiz Baccelli), Dina (Luah Galvão) e Seu Picoco (Hélio Cícero). Porém, apesar das semelhanças com o programa mexicano que conquistou o público brasileiro na tela do SBT, os diretores de Miguelito começaram a afastar as comparações com Chaves já na coletiva de imprensa.
"As diferenças entre os programas vão ficar evidentes no ar. Nosso desafio é fazer um programa que tenha a mesma aceitação de Chaves. As comparações serão inevitáveis, mas o formato dessas atrações não é novidade", pontuou o supervisor Homero Salles, que trabalhava em conjunto com o diretor Milton Neves. O executivo ainda explicou que "a ideia de criar o programa surgiu em uma reunião da TV Record com a produtora". Isso porque, inicialmente, a atração integraria a grade de programação da Record, mas a emissora descartou o produto por conta dos elevados gastos com produção.
Em 2020, quando a estreia do seriado completou 20 anos, Eduardo Estrela concedeu uma entrevista ao Estadão e falou sobre a experiência. "Tinha uma coisa de não assumir que era em cima do Chaves. Óbvio que era em cima do Chaves. Os caras [pediram]: 'não fala nada, não fala do Chaves'. Mas como? Bom, lá vou eu tentar dar uma entrevista, primeira coletiva de televisão, e eu tentando falar que não era o Chaves. Aí ficou muito patético quando eu falei que nunca tinha visto Chaves", lembrou ele, que até então ainda não havia conferido a série mexicana.
O intérprete de Miguelito também afirmou que gostou do resultado e exaltou o elenco do programa: "Para mim foi maravilhoso. O resultado era muito bom porque tinha gente muito boa - dentro do limite estético que nos davam. Todos nós entendemos que tinha uma pegada meio clownesca e era tudo muito desenhado. A referência, óbvio que era o Chaves".
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Eduardo Estrela, protagonista de Miguelito, disse que nunca se arrependeu de ter feito o seriado, mesmo que a maior parte dos episódios não tenha ido ao ar. O artista revelou que, após ter sido descartado pela Record, o programa foi oferecido para a RedeTV!, mas desde o início não teve uma boa aceitação. "O [Rogério] Gallo, diretor da RedeTV!, também não queria, tava tentando defender uma emissora com uma cara mais refinada. E óbvio que o Miguelito não cabia naquilo. Foi uma disputa de poder interno. Passou uma semana e tiraram", contou.
O ator afirmou que ainda era reconhecido por seu trabalho na série e acreditava que, caso os 22 episódios tivessem sido exibidos, a história seria outra: "Mesmo nessa semana, tive o retorno, é muito curioso, anos depois, de gente olhar e falar 'pô, você fez o Miguelito!'. Ou seja, seria um programa que, se tivesse passado a temporada inteira, teria dado um puta retorno. Não tenho a menor dúvida disso. Com uma semana, muita gente via e lembra disso. Teria sido um sucesso".
Assista um episódio de Miguelito: