Dias Perfeitos, do Globoplay, é um suspense eletrizante com toques de terror
Dois novos episódios chegam ao streaming nesta quinta-feira (21); leia a crítica da nova série
Publicado em 21/08/2025 às 04:44
Dias Perfeitos, nova série do Globoplay, inspirada no best-seller homônimo de Raphael Montes, é um suspense eletrizante com toques de terror psicológico. Quatro episódios foram lançados na semana passada; outros dois chegam ao streaming nesta quinta-feira (21); já o penúltimo e o último serão disponibilizados daqui a uma semana, no dia 28.
A série acompanha Clarice (Julia Dalavia), uma aspirante a roteirista, e Téo (Jaffar Bambirra), estudante de medicina que fica obcecado por ela. Os dois se conhecem por acaso em uma festa, e um rápido beijo dado pela jovem, a fim de fazer ciúme no namorado, acaba despertando um interesse doentio no desconhecido.
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Téo passa a perseguir Clarice e, diante da negativa de viver um relacionamento, decide sequestrá-la. Além de obrigá-la a terminar o roteiro de um filme, ele tem a expectativa de que, com o tempo, a moça passe a corresponder seu sentimento e entenda que aquele é o único homem capaz de amá-la como ela merece.
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Há uma clara referência a Louca Obsessão (Misery), livro de Stephen King que virou um filme cultuado em 1990 – com Kathy Bates no papel de uma mulher solitária que prende e tortura seu romancista preferido. A principal diferença é que, em Dias Perfeitos, o suspense não deixa espaço para alívios cômicos, e o flerte com o terror é explorado de forma ainda mais sombria.
O roteiro de Cláudia Jouvin mantém o telespectador vidrado, sem a possibilidade de dispersar a atenção por nem um instante. É desenvolvida uma narrativa intensa e consistente, e a direção de Joana Jabace garante que a tensão esteja presente em cada cena, em cada enquadramento.
Os protagonistas Julia Dalavia e Jaffar Bambirra têm performances potentes, com destaque ainda para Débora Bloch como Patrícia, a mãe de Téo que vive em uma cadeira de rodas; e Fabíula Nascimento, que interpreta Helena, a mãe conservadora e preconceituosa de Clarice.

Os episódios são divididos em duas partes, com as perspectivas de Téo e de Clarice para os fatos narrados. Mais do que uma ideia interessante, é um recurso bem desenvolvido pelo roteiro e pela direção, sem jamais comprometer o ritmo da história.
Os chalés e o clima gélido de Teresópolis, para onde Téo leva Clarice, ajudam a criar o ar soturno da série. A trilha sonora também é marcada por boas escolhas – a versão de Carinhoso na voz suave de Zé Ibarra, por exemplo, cria um belo e arrepiante contraste com as cenas de violência.
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A boa realização permite que algumas atitudes pouco coerentes sejam relevadas, atribuídas ao estado de alteração psíquica dos personagens. A trama principal é desenvolvida enquanto são dadas pistas sobre mistérios paralelos que ainda devem ser elucidados – como a morte do pai de Téo e o contexto que deixou a mãe dele paraplégica.
As histórias de Raphael Montes, ao menos quando adaptadas para o audiovisual, costumam ser bem desenvolvidas até a metade, mas pecam pelo desfecho – a série Bom Dia Verônica, da Netflix, e o filme Uma Família Feliz são exemplos disso. O maior suspense de Dias Perfeitos, então, é saber se a qualidade vista até aqui em se manterá nos quatro episódios que virão adiante. A conferir.