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Autor conta bastidores da nova versão de Elas por Elas na Globo

Alessandro Marson conversou com coluna e contou como está sendo a preparação da nova novela das seis


O autor Alessandro Marson em montagem com a logo da novela Elas por Elas
Alessandro Marson escreve a nova versão de Elas por Elas - Foto: Montagem/NaTelinha

Quando se fala em remake, logo os noveleiros de plantão e a mídia se agitam e começam as especulações de como será essa releitura. A bola da vez é a novela Elas por Elas, obra do mestre Cassiano Gabus Mendes exibida em 173 capítulos entre maio e novembro de 1982, uma história que se destacou na época gerando muitas críticas positivas. O responsável por essa nova versão do folhetim é o dramaturgo Alessandro Marson em coautoria com Thereza Falcão que, juntos, têm a missão de recontar essa história.

Alessandro Marson está nesse novo time de novelistas da Globo e vem se destacando mais e mais na arte de escrever novelas. Ele foi colaborador do Sítio do Picapau Amarelo (2001 -2007), Sob Nova Direção (2004 - 2007), Malhação (2007), O Profeta (2007), Desejo Proibido (2007 - 2008), Cama de Gato (2009 - 2010), Cordel Encantado (2011) e assinou a coautoria de Novo Mundo (2017) e Nos Tempos do Imperador (2021 -2022), eleita pela  APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) a melhor novela de 2021.

A nova versão de Elas por Elas terá como protagonistas Deborah Secco, Késia Estácio, Isabel Teixeira, Thalita Carauta, Mariana Santos, Karine Teles, Maria Clara Spinelli e Lázaro Ramos, que viverá o inesquecível Mário Fofoca. Como de praxe e necessariamente a história passará por algumas atualizações e creio que o público terá muitas surpresas. 

Eu conversei com o autor, que nos conta com exclusividade bastidores curiosos sobre a nova novela das seis, que estreia no dia 25 de setembro substituindo Amor Perfeito.

Entrevista exclusiva com Alessandro Marson, autor de Elas por Elas 2023

Cassiano Gabus Mendes foi um mestre da dramaturgia brasileira nas décadas de 80 e 90. Qual a sensação de escrever a nova versão de uma obra dele?

Alessandro Marson - O Cassiano foi acima de tudo um homem de televisão. Ele foi um showrunner antes da gente saber o que era um showrunner. Fez de tudo, é um dos pioneiros e um exímio conhecedor do veículo. Escrever novelas foi mais uma das suas atividades e ele foi absolutamente brilhante fazendo isso. Anjo Mau, Elas por Elas, Tititi, Que Rei Sou Eu?, Brega & Chique e tantas outras comprovam sua genialidade.

Então, rever e recontar uma obra criada por ele é uma responsabilidade gigantesca. É assustador, desafiador e muito estimulante. Uma das nossas maiores aflições foi mandar os capítulos escritos pro Cássio Gabus Mendes ler, imaginar o que ele, como filho do autor, iria achar da nossa releitura. Foi bem tenso! Felizmente o Cássio foi bastante generoso; nos disse palavras tão bonitas... Nos fez acreditar ainda mais no caminho que estávamos traçando.

O que podemos esperar do remake de Elas por Elas?

Alessandro Marson - Estamos trabalhando para manter o espírito da obra original: uma comédia inteligente, elegante, ágil e divertida. Elas por Elas é uma novela classuda sem ser pretenciosa. Tem personagens marcantes, uma trama envolvente contada num ritmo intenso. Trabalha com multiprotagonismo, então temos sete mulheres que irão contar essa história juntas e quando elas se juntam a mágica acontece. As sete tem que emplacar, tem que causar empatia e despertar o interesse do público. É essa a nossa expectativa e nossa missão.

 Como surgiu a ideia ou convite para fazer essa releitura?

Alessandro Marson - Foi uma escolha nada técnica. Recontar Elas por Elas era um desejo muito antigo meu. Essa foi a novela que me fez gostar de novelas, então, tenho um grande carinho por ela e fazer essa releitura era um dos meus sonhos profissionais. A Thereza Falcão embarcou nessa viagem comigo, felizmente! Trabalhamos bastante na sinopse, apresentamos, ela foi aprovada e entrou em produção. Foi o processo normal. Autores apresentam uma ideia, ela é avaliada e aprovada pela empresa.

Saíram muitas matérias dizendo que foi uma "encomenda" da Globo, que devido ao sucesso de Pantanal ela teria resolvido apostar no remake. Não é verdade. Adoraria ficar em casa esperando que a Globo me encomendasse novelas, que alguém me ligasse e dissesse: o horário é seu, faça a novela. Mas na vida real, para se ter uma novela aprovada nós, autores, precisamos trabalhar bastante. Fazer uma novela é difícil desde o início. E o trabalho insano só acaba quando o último capítulo é exibido.

Quais as atualizações foram feitas na obra?

Alessandro Marson - Muitas! O mundo de 2023 é um lugar diferente do mundo de 1982.  Consequentemente as pessoas que o habitam também são outras. As mulheres da década de 80 do século passado não eram tão multitarefas como as de hoje.

Só para dar um exemplo, a Helena/82, apesar de autoritária, ficava em casa e o marido tocava os negócios. A Helena/23 é a presidente da empresa e o marido é seu empregado. Fazer essas alterações que eram absolutamente necessárias para se contar aquela história hoje fizeram com que as personagens passassem por mudanças de perfil, de atitudes e por isso seus arcos narrativos precisaram passar por readequações.

Como foi a escolha das protagonistas?

Alessandro Marson - Algumas foram convidadas e outras fizeram testes. Precisávamos encontrar atrizes que transitassem bem entre o drama e a comédia, além de mulheres com personalidades marcantes, que trouxessem esta grife pessoal para as personagens. Também tivemos o cuidado de escalar atrizes que dessem match entre si. Para essa história acontecer o público precisa comprar que há intimidade entre essas sete, que elas são amigas e que se conhecem há mais de vinte e cinco anos.

Estamos muito honrados e orgulhosos pelo elenco que reunimos. Além das sete protagonistas: Deborah, Késia, Isabel, Thalita, Maria Clara, Karine e Mariana, temos um elenco majestoso, grandes atores e atrizes que vão proporcionar entretenimento da mais alta categoria. Poderíamos citar vários nomes, mas seria injusto, pois são tantos e tão bons profissionais e não há espaço para listar todos eles.

Alessandro Marson

Mesmo assim é necessário falar do Lázaro Ramos. Não conseguíamos pensar em outra pessoa para dar vida ao Mário Fofoca. Ter um ator do talento, da criatividade, do carisma e da potência dele vivendo este personagem é o melhor dos mundos. Estamos mais do que satisfeitos com nosso time.

Por que foi escolhida uma mulher trans para viver uma das protagonista? A personagem será trans?

Alessandro Marson - Devolvo a pergunta: por que não escolher uma mulher trans pra viver uma das protagonistas? E, sim, a personagem é uma mulher trans. Mas essa característica não define inteiramente a Renée. Todos nós somos muito maiores e mais complexos do que nosso gênero, nosso desejo, nossa sexualidade, nossa profissão, nossa etnia, nossa nacionalidade, nossa ancestralidade: somos a junção de tudo isso habitando em nosso corpo, pensando com nossa mente, sentindo com nossa alma.

Ser trans ou cis é apenas uma característica das pessoas, mas não "é" a pessoa. Renée é uma mulher com valores, conflitos, sonhos, expectativas, alegrias, frustrações, ambições, paixões, é uma mulher completa, intensa e apaixonante. Mãe, esposa, irmã, amiga, profissional... Tentar reduzi-la a uma única característica seria frustrante para todos os envolvidos no processo e também para o público.

E Maria Clara Spinelli é uma atriz que é muitas coisas. Uma atriz talentosa. Uma atriz dedicada. Uma atriz profissional. Uma atriz carismática. Uma atriz responsável. Uma atriz consciente. Uma atriz ponto final.

Autor conta bastidores da nova versão de Elas por Elas na Globo

Como foi o processo de escolha das atualizações de alguns nomes dos personagens?

Alessandro Marson - Alguns nomes soavam anacrônicos, o que é normal, já que eram nomes de pessoas que hoje estariam na faixa dos 80 a 90 anos. Então, decidimos alterá-los, adequá-los a mulheres que hoje estariam entre 40 e 50 anos que é a faixa etária das nossas protagonistas. Pensamos em nomes que combinassem com as personas.

Mas essas são escolhas empíricas. Batizar personagens tem muito a ver com o universo e a história de vida de cada autor. Um nome específico pode lembrar algo agradável ou desagradável para alguém e não querer dizer nada para outra pessoa.

Você pode dar um spoiler da trilha sonora?

Alessandro Marson - Estamos trabalhando numa linha de músicas populares, conhecidas, com pegada e que contagiem. A música de abertura será a mesma da novela original: "Coisas da Vida", dos Fevers, (que depois de ser tema da novela foi rebatizada de Elas por Elas) mas regravada. É possível que algumas músicas da trilha original estejam presentes também. Mas a trilha não está definida ainda, essa escolha depende de muitos fatores.

Me fala um pouco sobre a equipe de colaboradores que estão trabalhando com você.

Alessandro Marson - A novela é uma releitura da obra criada por Cassiano Gabus Mendes, assinada por Thereza Falcão e por mim. Nossa equipe de autores-colaboradores é formada por Letícia Mey, Wendell Bendelack, Dino Cantelli, Carol Santos. Hela Santana é nossa consultora e a nossa pesquisadora é a Leusa Araújo.

Deixe uma mensagem para os seus fãs e para os leitores desta coluna.

Alessandro Marson - Estamos trabalhando para fazer uma novela linda, divertida, alegre, solar. Esperamos que vocês gostem do nosso trabalho da mesma maneira que estamos gostando de fazê-lo. Desde que a releitura de Elas por Elas foi anunciada temos recebido muitas mensagens de pessoas que estão ansiosas para ver ou para rever a novela.

Estamos trabalhando muito para estarmos à altura de todas as expectativas. Pra quem torce a favor, pra quem vibra positivo, pra quem está do nosso lado, muito obrigado!

Assista a abertura original de Elas por Elas (1982):

Imagem da thumbnail do vídeo

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