Renascer não é cinema; é novela, e por isso é tão boa
Bem acabada e comparada à sétima arte, trama mostra que qualidade não é exclusiva das telonas
Publicado em 01/02/2024 às 06:30,
atualizado em 01/02/2024 às 09:14
Sempre que apresentam apuro estético, direção caprichada ou uma fotografia elaborada, as novelas brasileiras são comparadas ao cinema, como se tais características fossem exclusivas da sétima arte. Foi assim com a primeira versão de Renascer, exibida na Globo em 1993, e se repete com o remake que está indo ao ar em 2024, também no horário nobre.
Trata-se de uma das melhores criações do autor Benedito Ruy Barbosa, adaptada agora por seu neto, Bruno Luperi. O diretor artístico da releitura, Gustavo Fernandez, vem mostrando que não fica em nada devendo ao responsável pelo original, o cultuado Luiz Fernando Carvalho. Nas duas produções, a primeira fase da história é contada com grande requinte.
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Nesta semana, pipocaram elogios nas redes sociais, especialmente pela sequência das mortes dos vilões Firmino (Enrique Diaz) e Belarmino (Antônio Calloni). Contudo, uma das maiores qualidades de Renascer é justamente não tentar ser o que não é. Ao contrário, a trama, além de bem escrita e bem filmada, é um verdadeiro novelão, com todos os elementos de uma grande atração do gênero.
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Renascer até faz uso de alguns vícios, a exemplo da incômoda mania dos personagens de falarem sozinhos, saída fácil para explicar ou reiterar ações ou sentimentos para o telespectador. Há também uma série de clichês; o primeiro capítulo, quase um épico, termina com a troca de olhares e o amor à primeira vista do casal principal, José Inocêncio (Humberto Carrão) e Maria Santa (Duda Santos).
Renascer terá desafio de manter qualidade acima da média na segunda fase
Há um cuidado com os primeiros capítulos que provavelmente não será visto no restante da história. A tendência é manter uma qualidade acima da média – como Luperi e Fernandez já fizeram com o remake de Pantanal (2022) –, mas atendendo à necessidade de produzir uma grande quantidade de capítulos, com um ritmo frenético de gravações até o segundo semestre.
É talvez esse tempo maior dedicado às filmagens que aproxime o início de Renascer das produções cinematográficas. Contudo, a comparação do resultado final da trama parece diminuir o tipo de ficção mais consumido no Brasil. A própria novela original, de 1993, apontada como uma das melhores já feitas na TV, nos lembra que a qualidade no audiovisual não está restrita aos filmes.
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O remake, aliás, tem acertado em algumas mudanças. O prólogo, bastante elogiado na novela original, ganhou mais tempo – serão 13 capítulos, em vez de 7 –, o que ajuda a desenvolver com mais detalhes a história e os personagens. O elenco, de tão bem escalado, não permite que se mencione apenas alguns nomes de destaque, sob perigo de cometer uma injustiça ao ignorar tantos outros.
Assim, o melhor elogio a se fazer é dizer que Renascer nivela por cima as novelas brasileiras. E que é novela, sim, e das boas.
Assista à abertura de Renascer:
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