5 elementos que fazem Todas as Mulheres do Mundo valer a pena
Série com Emílio Dantas e Sophie Charlotte está disponível no Globoplay
Publicado em 11/05/2020 às 06:07
Todas as Mulheres do Mundo é a nova aposta do Globoplay para o período de quarentena. Com um elenco encabeçado por Emílio Dantas e Sophie Charlotte, a série é uma adaptação do filme homônimo dirigido por Domingos de Oliveira e lançado na década de 1960. Ao revisitar seu universo criativo, a produção presta um belo tributo ao cineasta, morto em março do ano passado.
A cada episódio, o protagonista Paulo (vivido por Emílio) se apaixona por uma nova mulher. Arquiteto metido a poeta, ele é um homem passional, sempre movido por seu fascínio pelo feminino. O amor por elas é proporcional à sua incapacidade de firmar um relacionamento, ainda que mantenha por Maria Alice (papel de Sophie) o ideal romântico que acaba por projetar em todas as outras.
Criada por Maria Ribeiro (que também participa como atriz, em um dos 12 episódios) e escrita por Jorge Furtado e Janaina Fischer, com direção artística de Patricia Pedrosa, Todas as Mulheres do Mundo começa hesitante. No decorrer da temporada, parte das falhas são corrigidas e os acertos acabam acentuados. O que se entrega, ao final, é um ótimo produto, com um cuidado apurado que perpassa texto, direção, elenco, fotografia e trilha sonora.
Confira, a seguir, cinco elementos que fazem a série do Globoplay valer a pena:
Emílio Dantas
O comportamento de Paulo pode gerar incômodo, especialmente no primeiro episódio, justamente por sua relação com Maria Alice. O namoro entre eles é marcado por atitudes desmedidas, insistentes e, por vezes, abusivas por parte do rapaz. Quando sua amada sai de cena, é outro Paulo que se vê na tela, menos apaixonado pelas novas parceiras e, consequentemente, menos intempestivo.
Emílio Dantas soube construir muito bem esse anti-herói romântico que lhe coube sob medida. Longe da realidade de todos os seus papéis na TV, Paulo permite ao ator mostrar um lado doce e apaixonado, essencial para a defesa um galã que, imperfeito e tantas vezes equivocado em suas atitudes, poderia facilmente despertar a antipatia da audiência.
Dobradinha com Matheus Nachtergaele e Martha Nowill
O protagonista faz uma ótima parceria com os amigos Cabral (Matheus Nachtergaele) e Laura (Martha Nowill). Ele, melancólico e taciturno, vive às voltas com um amor do passado, hoje perdido; ela, sagaz e instável, sonha em ser mãe, largar a solteirice, mas não quer abrir mão da vida que leva.
O trio se completa e rende ótimas cenas. A interação entre eles, presente em todos os episódios, ajuda a conduzir a série. Angústias e pensamentos dos três se revelam nos encontros na mesa de bar e nos choramingos deitados no sofá.
Ótimos, Nachtergaele e Nowill se destacam em um elenco muito bem escalado. Participam, também com bons desempenhos, nomes como Lília Cabral, Fernanda Torres, Felipe Camargo, Fábio Assunção, Maria Ribeiro, Sara Antunes, entre outros.
Passeio pela MPB
A trilha sonora exclusivamente brasileira homenageia grandes nomes da nossa música. Cada episódio é embalado por canções de uma intérprete. O piloto é com Marisa Monte e os seguintes contam com Rita Lee, Elis Regina, Cássia Eller, Alcione, Maria Bethânia, Nara Leão, Ana Cañas, Céu e outras.
Há sempre uma interessante relação entre a cantora escolhida com a personagem feminina em destaque. Cada episódio é intitulado pelo nome da mulher (ou das mulheres) que arrebatam a vida do protagonista. Muito pertinente e cuidadosa, a seleção musical ajuda a contar a história.
Texto poético e inspirado
Todas as Mulheres do Mundo tem texto inteligente, com referências poéticas, metáforas frequentes e ótimas tiradas. Havia o perigo de a história pecar pela repetição, o que não ocorre. Paulo, afinal, se apaixona a cada episódio e enfrenta sucessivas decepções amorosas.
Mesmo que o personagem pareça volúvel por sua paixão a todas as moças que surgem, cada romance é desenvolvido à sua maneira. A série consegue não repetir entrechos e respeita a personalidade de cada novo interesse amoroso de Paulo.
Homenagem a Domingos de Oliveira
Adaptação do filme homônimo dirigido por Domingos de Oliveira, de 1966, a série presta algumas homenagens a ele. O cãozinho de Cabral, por exemplo, leva o sobrenome do cineasta. Se há um elogio principal a se fazer à série, é ao fato de manter vivo o legado do artista, respeitando fatores fundamentais de sua obra. Bom, ainda, é ver as rápidas, porém especialíssimas participações das atrizes Maria Mariana e Priscilla Rozembaum - respectivamente, filha e viúva de Domingos de Oliveira.