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Misteriosa, "Espelho da Vida" faz bom começo

Coluna analisa a primeira semana da nova novela das 18h


Alinne Moraes, João Vicente de Castro e Vitória Strada em Espelho da Vida
Fotos: Divulgação/TV Globo

Conhecida por suas novelas espiritualistas, entre elas as excelentes "Além do Tempo" e "Escrito nas Estrelas", Elizabeth Jhin recebeu a missão de substituir a romântica "Orgulho e Paixão" no horário das seis. Sua atual história, "Espelho da Vida", envereda pelo mesmo caminho – e isto não é um demérito. Com cinco capítulos exibidos, a nova trama já deu mostras de que será pautada pelo mistério e que seu enredo tem bastante potencial.

O enredo parte da história de Cris Valença (Vitória Strada), talentosa atriz de teatro, namorada do famoso diretor de cinema Alain (João Vicente de Castro). A pedido do avô Vicente (Reginaldo Faria) e a contragosto, o cineasta volta à cidade de Rosa Branca para vê-lo e recebe a incumbência de filmar a história de Júlia Castelo, uma enigmática mulher que foi assassinada em 1930.

Às voltas com a preparação para sua personagem, Cris sente estranhas sensações de já ter estado naquele lugar e que guarda muito mais coisas em comum com Júlia do que imagina. Alain, por sua vez, precisa lidar com o trauma de ter que voltar àquela cidade.

Misteriosa, \"Espelho da Vida\" faz bom começo

Tudo por causa de Isabel (Alinne Moraes), sua ex-namorada, que o traiu com seu melhor amigo e tem uma filha, Priscila (Clara Galinari), que diz ser do diretor. Muitos pensam que Isabel se tornou outra pessoa, mais humanizada. Ledo engano. A dissimulada jornalista, nestes primeiros capítulos, tem dado pistas de ser uma pessoa obsessiva e psicopata, sem qualquer caráter e disposta a passar por cima dos mocinhos para reconquistar o ex.

Ambientada e gravada em cidades do interior de Minas Gerais, como Carrancas e Mariana, a novela tem chamado a atenção pelos mistérios apresentados pela autora no enredo inicial da história da protagonista e seus estranhamentos ao se sentir familiarizada com o lugar. O diretor Pedro Vasconcellos, que aqui faz sua estreia como diretor artístico – em virtude de Rogério Gomes ter sido escolhido para dirigir "O Sétimo Guardião", de Aguinaldo Silva – optou por não manter uma cidade cenográfica nos Estúdios Globo, preferindo filmar periodicamente na própria cidade, para conferir mais veracidade à história.

Misteriosa, \"Espelho da Vida\" faz bom começo

O elenco, que chama atenção pela presença de nomes bissextos na TV, como Patricya Travassos e Luciana Vendramini, se revela bem seguro e coeso. Vitória Strada e Alinne Moraes, logo nas primeiras cenas, já deixaram claro que podem se destacar muito. Vitória, que assumiu a vaga prevista para Isis Valverde (que deixou o elenco em virtude da gravidez de seu primeiro filho), mostrou a mesma segurança de sua estreia, em "Tempo de Amar". E Alinne, uma das melhores da sua geração, imprimiu com perfeição a frieza obsessiva da personagem, beirando a stalker. Esbanjando carisma, talento e beleza, as duas prometem fortes e vibrantes embates.

Entre os veteranos, Reginaldo Faria, mesmo deixando a trama no segundo capítulo, emocionou muito ao lado de Irene Ravache – que repete aqui a vitoriosa parceria de "Além do Tempo", da mesma autora. Ana Lucia Torre, com a divertida Gentil, foi outro destaque positivo – e ao menos aqui tem um enredo mais palatável em relação à sua personagem anterior, a Adineia de "O Outro Lado do Paraíso".

Misteriosa, \"Espelho da Vida\" faz bom começo

Uma ressalva deve ser feita para João Vicente de Castro. Vivendo seu primeiro protagonista na TV, o ator se esforça e não faz feio. No entanto, em alguns momentos, o tom adotado por seu personagem chega a lembrar o Lázaro, vilão vivido pelo intérprete em "Rock Story" – o que não chega a comprometer o bom saldo, porém. Também deve se apontar aqui sobre a condução do personagem, que em algumas vezes parece apenas um sujeito chato e implicante, e não um rapaz traumatizado com as lembranças que a cidade lhe traz.

A primeira semana de "Espelho da Vida", até agora, tem sido bastante convidativa, mesmo com um estilo totalmente diferente de sua antecessora. Pautada no mistério e na dramaticidade, a trama frisa o talento de Elizabeth Jhin para conduzir bons mistérios e se destaca pela densidade da história, pela segurança do elenco e pelas lindas imagens. Fica a torcida para que o bom nível se mantenha.

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