Enfoque NT

Estratégia irreconhecível faz Globo afundar Ibope de A Força do Querer e linha de shows

A Força do Querer sofre para alcançar os 30 pontos de média


A Fazenda 2020 e A Força do Querer em montagem
A Fazenda 2020 conseguiu um feito: mexer na programação da Globo - Foto/Montagem

A Força do Querer (2017), que está em reapresentação na Globo desde setembro devido a pandemia do novo coronavírus (Covid-19), vem sofrendo com audiência aquém da esperada. Um dos motivos é claro: a obra é extremamente recente, apenas três anos atrás e ainda está fresca na memória do público, mas o folhetim de Glória Perez também vem sendo empurrado para acabar cada vez mais tarde.

Sofrendo para alcançar 30 pontos de média, a novela só conseguiu tal proeza nos números semanais entre 19 e 24 de outubro, segundo levantamento realizado pelo NaTelinha. Na média geral, acumula 29,2, ainda distante de Babilônia (2015) que obteve 25,5 ou os 27,2 de A Lei do Amor (2017). Mas nem tão longe assim de O Sétimo Guardião (2018), com 28,8. Fina Estampa (2011-12), a reprise anterior do horário, fechou com 33,6 pontos. Inalcançável para a saga de Bibi Perigosa (Juliana Paes).

A estratégia da Globo é clara: quer conter os estragos causados pelo reality A Fazenda, da Record, que vem vencendo sistematicamente o The Voice Brasil, em noites de formação de Roça e eliminação. Na quarta-feira, não tem jeito. Como existem partidas de futebol, não há outra maneira ao não ser encerrar a trama por volta das 21h15.

A mudança de horário para uma novela que há menos de 10 anos ainda era chamada de "das oito" tem irritado grande parte dos telespectadores. Em vão. Pelo menos até o final da Fazenda (marcada para 17 de dezembro), a Globo não deve mudar a estratégia.

Globo fez o mesmo há cinco anos

Em 2015, no auge de Os Dez Mandamentos, a Globo sofria com A Regra do Jogo. Desesperada, aproveitou o efervescente noticiário político para espichar o Jornal Nacional e fazer com que seu principal produto fugisse das obras bíblicas da concorrente.

Novamente, a Globo resolve adotar uma estratégia um tanto quanto controversa. Tenta espichar seu principal produto na tentativa de conter outro sazonal, gerando reclamação por parte do público e "despotencializando" não só sua própria novela, mas principalmente a linha de shows, que adentra a madrugada do dia seguinte.

Hoje, o público até sabe que horas a novela vai começar, mas não sabe quando vai acabar. Televisão é hábito, dizia Boni, e a Globo, utilizando das mesmas armas que SBT e a Record em outros tempos, está simplesmente irreconhecível.


Thiago Forato é jornalista, assina a coluna Enfoque NT desde 2011, além de matérias e reportagens especiais no NaTelinha. Converse com ele pelo e-mail thiagoforato@natelinha.com.br ou no Twitter, @tforatto

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