Éramos Seis

Como novela do SBT desbancou clássico da Globo em premiação

Trama que terminou há 30 anos venceu grande sucesso e rendeu discurso de Silvio Santos no Troféu Imprensa


Jandir Ferrari, Tarcísio Filho, Luciana Braga, Othon Bastos, Irene Ravache e Leonardo Brício em Éramos Seis, novela exibida pelo SBT entre 1994 e 1995
Éramos Seis reativou produção de novelas pelo SBT há 30 anos e deu resultado inédito à emissora - Foto: Reprodução
Por Walter Felix

Publicado em 05/12/2024 às 04:44,
atualizado em 05/12/2024 às 13:11

Novela exibida pelo SBT, Éramos Seis chegava ao fim há exatos 30 anos, em 5 de dezembro de 1994. A trama é apontada como uma das melhores já feitas para a emissora de Silvio Santos (1930-2024). Tanto que conquistou um feito raro: venceu um clássico da Globo em premiação dos melhores da TV.

A atração era o remake da novela produzida pela Tupi em 1977, baseada no romance homônimo escrito por Maria José Dupré (1898-1984), publicado em 1943. Narrava a saga de Dona Lola (Irene Ravache) e sua família a partir dos anos 1920. A Globo também faria sua versão, às 18h, entre 2019 e 2020.

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Christiane Torloni e Guilherme Fontes em A Viagem
Clássico da Globo, A Viagem perdeu Troféu Imprensa para novela do SBT - Foto: Divulgação/Globo

O resultado conquistado pelo SBT foi bastante elogiado, e Éramos Seis de 1994 venceu com unanimidade como melhor novela no Troféu Imprensa. A atração desbancou A Viagem, que fez grande sucesso na Globo, e também Tropicaliente, outra produção da emissora carioca.

Na premiação, em maio de 1995, estavam presentes famosos jornalistas, como Leão Lobo e Sônia Abrão, e também Walcyr Carrasco, hoje consagrado autor de novelas. Veja alguns comentários da imprensa durante a votação:

“O grande fenômeno do ano passado, em termos de novelas, foi Éramos Seis. (...) Deu muito certo porque é uma novela diferente das outras. Não teve apelação. Recuperou um tom calmo, contando uma crônica da vida de uma pessoa, com doçura, beleza, alegria, melancolia, tristeza… Era como se os personagens fossem da família do público. Isso associado a uma belíssima direção e reconstituição de época, que o Nilton Travesso foi responsável. E a grande atriz Irene Ravache carregou a novela fazendo desde a moça recém-casada até a velha.”

Walcyr Carrasco

“Para mim, duas novelas estão competindo, A Viagem e Éramos Seis, porque Tropicaliente é uma bobagem, lindamente produzida, mas com uma história fraquíssima. A Viagem teve muito Ibope, um elenco primoroso, mas não superou a versão original, de 1976, que foi ao ar pela Tupi, que foi muito mais emocionante. (...) Éramos Seis teve um texto lindo demais, um elenco de primeira qualidade, uma produção perfeita e uma direção impecável.”

Sônia Abrão
Herson Capri e Silvia Pfeifer em Tropicaliente
Tropicaliente foi indicada como melhor novela, mas recebeu críticas - Foto: Divulgação/Globo

“A Viagem é belíssima (...), mas alguns descaminhos fizeram com que não fosse a melhor novela do ano. Sem dúvida, novela é autor. Rubens Ewald Filho e Silvio de Abreu são dois grandes novelistas. Teve uma superprodução do SBT, que investiu e acreditou na novela que estava fazendo. Tudo isso fez de Éramos Seis a melhor novela do ano.”

Leão Lobo

“O que eu mais gostava era a crítica que se fazia a ela, sobre a lentidão. Qualquer ritmo diferente em televisão prende a gente, você vai assistir com outra cabeça. Acho a reconstituição de época perfeita, e a novela é muito boa.”

Regina Echeverria

“Éramos Seis foi perfeita. O SBT criou um novo núcleo de dramaturgia, do qual a gente sentia muita falta. Além de um roteiro excepcional e uma direção artística muito segura, o segredo está no timing, no ritmo, que corre paralelo ao ritmo da vida. Você via ali a reprodução daquela sala de visita, da mãe que conversa com os filhos, da amizade entre vizinhos. (...) Foi um acerto do começo ao fim.”

Maria Thereza Rocco

“O Éramos Seis do SBT foi diferente. Foi um retrato perfeito do cotidiano dos nossos avós.”

Plácido Manaia Nunes

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O resultado surpreendeu Silvio Santos, que apresentava o Troféu Imprensa. Foi a primeira e única vez que uma novela do SBT saiu vencedora. Ele revelou que a intenção, ao investir na trama, era lançar a indústria de novelas produzidas em São Paulo.

“A intenção foi boa e saiu melhor do que nós esperávamos. Ganhar o Troféu Imprensa com uma novela, acreditem ou não, eu fico muito mais satisfeito do que ganhar com um programa de auditório.”

Silvio Santos

A protagonista Irene Ravache também saiu vencedora da premiação como melhor atriz. Ela levou a melhor na disputa com Christiane Torloni, por A Viagem, e Gloria Pires, pela minissérie Memorial de Maria Moura, também exibida pela Globo.

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