Telão milionário da Globo não teve impacto e atrapalha a notícia
Novo cenário dos telejornais distrai o telespectador e tira o protagonista da informação
Publicado em 27/03/2024 às 04:15,
atualizado em 27/03/2024 às 08:48
A Globo inaugurou, na primeira quinzena de março, o novo cenário de seus telejornais produzidos em São Paulo: Hora 1, Hoje e Jornal da Globo. Anunciado como uma inovação, o investimento milionário da emissora resultou em um telão curvo de LED transparente, com 15 metros de largura por 2,70 metros de altura, dotado de inteligência artificial. O canal é digno de elogios pelo investimento; contudo, no vídeo, o impacto visual é zero novidade, e frequentemente o excesso de efeitos visuais prejudica o aspecto mais importante: a compreensão da notícia.
Frequentemente, o telespectador se distrai com o que é exibido em movimento atrás dos apresentadores Roberto Kovalick, César Tralli e Renata Lo Prete, perdendo informações importantes. Há um exagero na utilização de efeitos especiais. Estes devem servir como suporte à notícia, sem competir com ela em termos de atenção.
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Desde a introdução da nova tecnologia, os telejornais optaram por enquadramentos mais abertos, sugerindo uma valorização excessiva do cenário em detrimento do conteúdo. Em diversas vezes, mesmo numa participação de comentaristas, a direção de imagens decide pelo plano geral. Parece criança quando ganha brinquedo novo. A tecnologia também também não possui a resolução adequada para imagens em close-up. As artes ao fundo apresenta-se granulação.
Novo cenário da Globo não é híbrido como do Jornal Nacional
Além disso, o novo telão evidenciou o espaço reduzido destinado aos telejornais da Globo em São Paulo. Em última análise, o telão é um moderno chroma-key real, porém sem o mesmo encanto do Jornal Nacional, que tem um cenário híbrido, a combinação perfeita entre a realidade e o virtual.
É importante reconhecer o investimento e a iniciativa da Globo. Indubitavelmente, trata-se de uma tecnologia avançada, que, no entanto, requer a calibração adequada em sua aplicação. Ainda não encontraram.
O que realmente importa é a habilidade do jornalista diante das câmeras e a qualidade da informação veiculada. O telão não confere credibilidade, é apenas um adorno. A credibilidade continuará sendo o fator mais relevante na escolha do telespectador por uma fonte de informação.