Falta jornalismo investigativo nas TVs
Domingos Meirelles está longe das câmeras desde que deixou a Record em 2021
Publicado em 18/03/2022 às 06:46
O jornalismo brasileiro tem na TV dois grandes e experientes jornalistas investigativos. Um é Roberto Cabrini, que está em plena atividade sendo responsável pelo maior Ibope da Record no Domingo Espetacular. Suas reportagens, além de monumentais, são históricas. Como foi em dezembro do ano passado a entrevista com o líder maior dos talibãs, Enamullah Samangani.
Cabrini se portou com uma tranquilidade de quem é mestre no que faz, e do outro lado, era visível o respeito que o líder talibã tinha por ele. O detalhe de expressão corporal fica nítido na imagem de Cabrini sempre com os ombros altivos.
Outro notável jornalista investigativo é Domingos Meirelles. Aliás, Domingos é o mais premiado jornalista do país, com mais de 50 prêmios entre brasileiros e internacionais. Mas sabe-se lá o motivo - e as emissoras de TV são pródigas em motivos aleatórios na área do jornalismo -, Domingos Meirelles não teve seu contrato renovado e não está no ar atualmente.
Telejornalismo exclui cabeças brancas das redações
Muito comum serem mostradas nas redes sociais entrevistas históricas de Domingos Meirelles com Fernandinho Beira Mar e Marcinho VP. O jornalista, no alto de sua experiência, conversa com os condenados atrás das grades com uma performance que somente ele sabe fazer.
Cabeças brancas são o fundamento principal dentro do jornalismo, mas infelizmente todas as emissoras agem de maneira imatura ao afastar os repórteres experientes para dar lugar a jornalistas despreparados, que acabam tendo etapas profissionais queimadas. Nas redações, o equilíbrio de gerações sempre foi bem-vinda. Depois acontecem verdadeiras barbaridades no âmago do jornalismo das emissoras e fica tudo por isso mesmo. Como foram as imagens de víde- game para ilustrar a guerra da Rússia contra Ucrânia na Jovem Pan.
Sandro Nascimento
O equilíbrio de gerações sempre rendeu bons frutos no jornalismo. Domingos Meirelles fora da TV é o mesmo que Pelé no banco de reservas de uma seleção. O que falta hoje nas TVs brasileiras é o que sobra nas coberturas de jornalismo dos canais americanos: os cabelos brancos. Jornalismo investigativo faz toda diferença em qualquer emissora.