Adolescência: Netflix expõe danos do bullying e neurocientista alerta para sinais
Profissional diz que cérebro é como plástico e que tecnologia não é o problema

Publicado em 27/03/2025 às 05:27,
atualizado em 27/03/2025 às 12:13
Fenômeno de audiência na Netflix, Adolescência reacendeu o debates como violência de gênero, masculinidade, bullying e a influência nociva das redes sociais, entre outros assuntos que permeiam a juventude atual. A neurocientista Telma Abrahão, que também é especialista em desenvolvimento infantil e autora best-seller, relata o quanto o bullying na infância pode influenciar a vida adulta e alerta os sinais que podem ajudar os pais a detectar algo diferente.
Adolescência conta a história de um jovem de 13 anos que é acusado de matar uma colega de escola a facadas e explora os efeitos desse crime na família e sociedade. "A presença emocional dos pais, o afeto, a escuta e os limites respeitosos ainda têm enorme poder reparador, mesmo quando iniciados na adolescência", diz Telma Abrahão ao NaTelinha, que explica que “não é um caminho sem volta, devido a neuroplasticidade cerebral, que é a capacidade do cérebro de se modificar, criar novas conexões e se reorganizar ao longo da vida em resposta a experiências, aprendizados e estímulos.”
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Ela conta que sinais de sofrimento emocional podem se manifestar de forma intensa ou sutil, mas sempre envolvem alterações no comportamento habitual da criança. "Os pais devem ficar atentos a sintomas como: isolamento social, irritabilidade, agressividade, regressões (como voltar a fazer xixi na cama), alterações no sono e apetite, queixas somáticas como dores de cabeça ou barriga recorrentes, e mudanças bruscas no desempenho escolar."
"A criança pode também demonstrar hipervigilância ou medo excessivo de determinadas pessoas ou ambientes, o que pode indicar trauma ou situações de insegurança emocional", avisa ainda.
Adolescência, da Netflix, expõe cuidados
A profissional reforça que a criação de um vínculo seguro é base. "Pais devem evitar reações punitivas, ouvir com empatia, validar os sentimentos da criança e mostrar interesse genuíno pelo seu dia a dia", detalha, ressaltando que a escuta empática ativa regiões do cérebro ligadas à segurança emocional e reduz a ativação da amígdala, envolvida nas respostas de medo.
Exposição ao bullying e negligência emocional pode ativar uma constante liberação de cortisol. Em excesso, é tóxico para o cérebro em desenvolvimento. "As consequências incluem maior risco de desenvolver transtornos como ansiedade, depressão, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), além de dificuldades de aprendizagem, baixa autoestima, impulsividade e problemas nos relacionamentos interpessoais. Estudos de psiconeuroimunologia também relacionam experiências adversas na infância a doenças autoimunes, cardiovasculares e metabólicas na vida adulta", explica.
Tecnologia não é o problema, diz neurocientista
Telma afirma que o uso da tecnologia não é o problema, mas sim o excesso. "Telas em excesso podem prejudicar o desenvolvimento da linguagem, da atenção e da empatia. Estudos indicam que o tempo de tela sem supervisão está relacionado ao aumento de sintomas depressivos e ansiedade em crianças e adolescentes, especialmente quando há exposição a conteúdos violentos ou inadequados."
"Cuidar da escuta, do vínculo e do ambiente emocional da criança hoje é uma forma poderosa de prevenir adoecimentos e sofrimentos futuros. A educação emocional precisa começar dentro de casa, mas o apoio da escola e da sociedade é essencial", aconselha.