Personagem impactante

Belize Pombal avalia trabalho em Justiça 2: "Temas que são feridas"

Personagem da atriz é baseada em uma história real, diz autora

Belize Pombal vive a manicure Geíza em Justiça 2 - Bruno Steckert/TV Globo
Por Taty Bruzzi

Publicado em 09/04/2024 às 04:30:00,
atualizado em 09/04/2024 às 09:09:05

Destaque na primeira fase de Renascer, Belize Pombal está de volta em "Justiça 2", produção original do Globoplay que estreia sua nova temporada quinta-feira (11), na plataforma de streaming.

Na trama, a atriz interpreta Geíza, uma manicure, moradora da comunidade Sol Nascente, na região de Ceilândia, em Brasília, que se envolve em uma briga com um jovem traficante, Renato (Filipe Bragança), e mata o rapaz para defender sua filha, Sandra (Gi Fernandes).

Em conversa virtual com jornalistas, com a presença do NaTelinha, a atriz falou sobre o papel impactante na série escrita por Manuela Dias e com direção de Gustavo Fernandez.

"Fiquei comovida! É difícil tocar em temas que são feridas para o nosso pais e não me abalar. Sendo mulher, tendo a oportunidade de falar com um pais inteiro sobre a vida das pessoas", disse.

Questionada sobre uma cena marcante, Belize Pombal disse ser muito difícil escolher uma única sequência, preferindo citar a produção como um todo, já que se tornou um momento marcante em sua carreira.

"A série é muito rica e proporciona tantas oportunidades. Me senti agraciada! Mulheres que convivi, negras, da periferia, e com outras que não convivi, me tocam muito", avalia.

"Trabalho minucioso, delicado, de tanta gente... Projeto poderoso, bonito. Ao longo das cenas, eu me sentia tocada porque é humano. Lida com assuntos espinhosos, mas que precisam lidar. Só de ler eu já ficava muito tocada pelas histórias todas", acrescentou.

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Manuela Dias se inspirou em histórias reais

A coletiva virtual realizada na última quarta-feira (3) contou, também, com a presença de Manuela Dias, que confessou à imprensa ter se inspirado em casos reais para criar as tramas de alguns personagens de "Justiça 2". Um deles, a Geíza.

"Uma pessoa com quem eu convivo há muitos anos, e trabalha como manicure, ficou sem dormir depois que um ponto de drogas foi instalado embaixo da casa dela, no Rio", recordou.

"Ela não teve o mesmo fim da Geíza, mas passou por problemas gravíssimos, psiquiátricos, porque a privação do sono é algo bem grave. Inclusive, ela teve que se mudar de lá, e perdeu o imóvel que era da família dela”, acrescentou.

Ainda, de acordo com a autora, histórias como a do Balthazar (Juan Paiva), o entregador de delivery que foi confundido com um criminoso através do reconhecimento facial, é muito comum no Brasil de hoje.

"83 % das prisões de negros, entre 18 e 25 anos, são injustas e partem do reconhecimento facial. Quantos casos de injustiça gerados pelo racismo estrutural que alimenta as redes de ‘reconhecimento facial’ já ouvimos falar? Sabemos que isso existe e compromete a vida de muitas pessoas inocentes”, observa, Manuela.

"Máquinas ensinadas e esses ensinamentos têm "pré-conceitos" e princípios criminosos como o racismo. São muitas histórias além da justiça e da superação. A dramaturgia tem a função de provocar e a gente quer mudar o mundo através da arte", dispara a autora.

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Com lágrimas nos olhos, Belize Pombal reforça a fala da escritora sinalizando a importância de se contar essas histórias há milhares de brasileiros na maior emissora de comunicação do país.

"Escrevendo história numa empresa tão importante, com um comprometimento com um país, há muitos séculos, isso faz diferença para a nossa vida, porque temos pessoas negras sendo mortas porque são negras. Então, tem uma relevância muito grande. Eu tenho profunda admiração por você, Manu [Dias], e gratidão. Agradecer a todos os parceiros de trabalho", concluiu, a atriz.

 



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