Publicado em 06/04/2021 às 04:45:00
Na última semana de Amor de Mãe, o NaTelinha conversou com exclusividade com Jéssica Ellen. Intérprete da Camila, a atriz avalia uma das cenas mais emocionantes da personagem na trama escrita por Manuela Dias, quando a professora é ferida por uma bala perdida dentro da escola, durante tiroteio entre a polícia e bandidos, e desabafa com a mãe, Lurdes (Regina Casé). "Esta cena do hospital reflete um grito coletivo. Que essa imagem que criaram sobre a mulher negra ser uma grande fortaleza, essa inverdade que foi contada pra gente durante tantos anos, e que carregamos esse fardo", desabafa.
"Me emociona muito porque fala dessa batalha diária de várias mulheres negras no país afora. Fala de um momento de suspiro, de 'Cara, não quero mais isso. Não quero carregar esse peso. Eu posso ser forte, sim, mas muitas vezes eu não serei'. Se permitir essa vulnerabilidade é algo que, pra gente, mulher negra, é ainda uma novidade. Porque a gente também vive esse processo de desconstrução", opina.
Ainda sobre a sequência que foi exibida na primeira fase da novela da Globo, Jéssica aponta a educação como o melhor caminho para dar um basta no racismo e na violência.
"Sobre todas as chagas que atravessam a nossa sociedade não há outro caminho que não seja a educação. E a reeducação. Quando a gente consegue se vê como ser humano complexo, temos a oportunidade de olhar pra gente como um ser que sente, que quer, tem desejos... Quando a gente consegue realizar nossos sonhos, estar feliz, consequentemente somos menos violento", diz.
A atriz reforça que o racismo no Brasil é estrutural desde que o país foi colonizado e tem que ser descontruído. "Isso precisa ser dito na escola, as pessoas precisam estudar mais sobre isso, aprender sobre isso, e reconhecer todos os traços de racismo que tem dentro pra começar essa desconstrução", sinaliza.
"O racismo não é um problema de pessoas pretas, é um problema estruturalmente de pessoas brancas. Então, as pessoas brancas precisam se policiar, se descontruir, estudar, porque da mesma maneira que pessoas negras sofrem o racismo, mulheres sofrem o feminicídio", rebate.
"A gente não tem mais que fazer essa pergunta pra quem é a vítima, tem que fazer pra quem promove essa violência. São pessoas que precisam olhar pra si e se desconstruir", dá o recado.
Jéssica é todo sorriso ao falar de Camila, personagem que aponta como responsável por fazê-la amadurecer profissionalmente. "Eu vou falar uma frase que é bem clichê, mas que pra mim é uma grande verdade. A Camila foi um grande presente, uma personagem que amadureceu muito o meu trabalho", comemora.
"Ela foi a chance de mostrar tantas vertentes minha como atriz. É uma personagem que teve momentos de muita dor, de muita alegria com os alunos, com o marido... Uma personagem que nunca tirou o objetivo dela de dar aula. Eu acho isso muito bonito. Foi realmente muito bonito! A
Camila representa um momento de muito amadurecimento pra mim", reforça.
Sobre ter algo em comum com a professora de história, a atriz aponta a relação com a educação. "A Camila é uma personagem muito especial,
muito complexa. Ela tem a relação com a mãe, com o marido, com a família, com os alunos, com as amigas... Eu acho que é algo muito bonito de se ver, uma personagem que tem várias camadas, porque a gente é assim na vida também", compara.
"Algo que eu acho muito bonito na personagem, e que eu me identifico, é a paixão pela educação. A Camila tem um respeito muito grande pela educação e eu também. Sempre admirei muito os meus professores, porque são os professores que ensinam o que a gente quer ser, Se propõe a ser. E sem os professores isso não seria possível", afirma.
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Amor de Mãe sofreu pausa nas gravações quando a história estava com todo gás, em decorrência da pandemia do novo Coronavirus. Jéssica Ellen conta que foi um choque para todo elenco, mas que serviu de alerta para a gravidade da doença.
"Quando a gente recebeu a notícia de que a novela ia parar, para o elenco que estava acompanhando de maneira mais distante o avanço da Covid-19 foi um choque de realidade do tipo: 'A doença é algo muito sério, todo mundo tem que realmente parar, entender, se cuidar e voltar para si'", recorda.
"Foi um momento de muita surpresa, porque quem faz novelas durante muitos anos não tem esse costume de não ir gravar ou de parar a novela. A gente já foi gravar doente, resfriado...", observa a atriz.
"Não tinha tanta flexibilidade assim nos roteiros de novela. Então, foi um choque nesse primeiro momento, mas depois, obviamente, a gente entendeu a necessidade disso por conta da gravidade que é a doença, e que ainda estamos vivendo nesse momento", Lamenta.
Sobre o retorno das gravações depois de meses isolados, Jéssica avalia como um mix de sentimentos. "Eu estava com medo, porque não sabíamos como que ia ser. Tinha muita gente que ainda estava com medo do avanço da doença que, infelizmente, só aumenta", revela.
"Foi um processo de emoção, de estar voltando a fazer o que a gente gosta, encontrando nossos colegas de trabalho. Não dá para selecionar uma coisa só que sentimos, vivenciamos", comenta.
"Graças a Deus, fomos bem cuidados, o protocolo de saúde nos deixava bem assessorados e, durante o processo, a gente conseguiu se cuidar e terminar de contar esta história", relata.
Assim como muitos brasileiros, a atriz lamenta que a pandemia ainda não tenha acabado. Porém, ela se sente aliviada em ver que a campanha de vacinação esteja acontecendo.
"Eu tô feliz que as pessoas têm sido vacinadas diariamente. A minha avó acabou de tomar a segunda dose da vacina. Então, temos que alimentar a esperança dentro da gente e seguir, seguir em frente, que isso tudo vai passar", torce.
Na novela das nove, a personagem de Jéssica Ellen tem como mãe Regina Casé e como sogra Adriana Esteves. A atriz se derrete toda ao falar da oportunidade de contracenar com dois grandes nomes da TV brasileira. "Cara, uma das coisas mais legais dessa novela, sem dúvidas, foi poder contracenar muitas vezes com a Regina Casé e com a Adriana Estevez", vibra.
A respeito da intérprete de Lurdes, ela chama a atenção para o fato de nunca ter visto a Regina [Casé] atuar. "Eu faço parte de uma geração que não acompanhou a Regina Casé como atriz, eu a conheci como apresentadora. Assisti um "Um Pé de Quê?" (2001-2011), "Esquenta" (2011-2017). Adorava o Esquenta! Assistia com a minha família todo domingo", recorda.
"Foi um momento muito feliz conhecê-la como apresentadora e uma grata surpresa de poder contracenar com ela como atriz. A gente fez cenas lindíssimas na novela inteira. Foi uma parceria de muito crescimento, muito afeto", abre o coração.
Já sobre a intérprete da Thelma, Ellen é enfática ao dizer que Adriana Esteves é uma das maiores atrizes brasileiras. Ela também elogia a parceria em cena e compara como uma partida de frescobol.
"Adriana é uma excelente atriz e colega de trabalho. Uma pessoa que está disposta para o jogo. Estar em cena com a Adriana Estevez é um jogo de frescobol, um bate bola muito legal. Os dois jogadores estão ali se empenhando para que a bola nunca caia no chão", analisa.
"Essa é a sensação que eu tenho quando estou fazendo cena com a Dri. É maravilhoso, é uma excelente colega de trabalho uma atriz muito generosa, que tem uma postura muito horizontal, e eu acho que isso reflete na excelente atriz que ela é", derrete-se.
Jéssica termina o bate-papo fazendo suspense sobre a influência de Camila no destino de Thelma. Se a nora vai tirar a máscara da sogra, nos capítulos finais de Amor de Mãe, ou não.
"Como será o processo de desmascarar a Thelma? Será que a Camila faz parte desse processo? [risos]. Acho que a Camila e o Danilo [Chay Suede], além de serem parceiros na vida amorosa, são parceiros pra vida. Eles descobrem muitas coisas da Thelma na reta final da novela, e a única coisa que eu posso garantir é que são cenas bem emocionantes", conclui a atriz.
Fique por dentro dos próximos capítulos de Amor de Mãe e outras produções acessando o canal de Novelas do NaTelinha.
Quer saber mais? Confira o resumo semanal da novela Amor de Mãe de 05/04/2021 a 10/04/2021.
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