Publicado em 17/11/2020 às 05:35:00
No ar como a Biga na reprise de A Força do Querer (2017), Mariana Xavier foi pega de surpresa pela notícia de que a novela voltaria a ser exibida. "Eu tomei um susto, porque jamais passaria pela minha cabeça ter um trabalho tão recente já sendo reprisado e muito menos no horário nobre. Esse ano está trazendo um monte de coisas novas pra gente, coisas que a gente jamais imaginou", afirmou em conversa exclusiva com o NaTelinha.
"Fiquei feliz pra caramba! É uma benção você poder voltar para um trabalho de tanta visibilidade. Muito feliz também por causa das temáticas da novela. Eu acho que a gente está vivendo um momento de muito retrocesso ideológico e as temáticas levantadas na novela são muito importantes de serem debatidas", comemora.
Na opinião da atriz, quando a trama escrita por Gloria Perez foi exibida pela primeira vez resgatou a paixão do público pelo novelão do horário nobre. "A gente vinha de uma safra que não tinha sido tão bem sucedida, digamos assim, em números. Então, eu acho que já foi um grande sucesso", avalia.
Hoje, Mariana aposta no número de pessoas em casa por conta da quarentena para garantir boa audiência. "Pode estar fazendo a diferença", acredita. Já sobre a acelerada na história, ela se diz um pouco perdida.
"Estou com uma visão muito alterada, porque tem coisas que estão acontecendo na novela, que eu já estou vendo no ar, mas a sensação é a de que era muito para o final da trama", observa.
Assim como acontece com a maioria dos atores, Mariana não conseguia acompanhar o folhetim na época em que estava gravando. Não só por causa da correria como, também, porque ela conciliou dois trabalhos ao mesmo tempo.
"Foi um período bastante desafiador porque a novela me gerou muito trabalho e eu ainda acumulei com o Dança dos Famosos. Então, eu acho que isso traz pra mim uma noção também um pouco equivocada da cronologia dos fatos da novela, mas está sendo bem bacana de acompanhar", analisa.
Já sobre a Biga, a atriz aponta a secretária do Grupo Garcia como sendo a personagem com quem ela mais se identificou. "Tinha uma autoestima bastante consolidada, mas que não era ostensiva", analisa.
"Eu gosto muito do perfil da Biga, eu acho que ela ajuda muito na desconstrução dos preconceitos e dos estereótipos porque ela não cai nessa caricatura que muitas vezes personagens gordas, inclusive voltadas para falar da autoestima, acabam caindo. Que é a personagem completamente sem autoestima que vai precisar ser transformada ou a personagem hiper sexualizada", complementa.
Para Mariana, estar nesse meio termo é o que a naturaliza. "Existem mulheres gordas bem resolvidas com o seu corpo, felizes com suas vidas, com seus trabalhos, que têm momentos bons, que têm momentos ruins", lista.
"A vida real é essa e eu acho que a gente está cada vez mais sedento por essa representatividade real, sem essas caricaturas que, na verdade, acabam reforçando os preconceitos que a gente tanto quer e precisa combater", reforça.
A atriz chama a atenção para uma cena da Biga com Cibele (Bruna Linzmeyer) que foi sugerida por ela aos pesquisadores da autora, por se tratar de uma situação já vivida. "A Cibele dizia: 'Biga, você é tão linda. Por que você não emagrece?'. E eu respondia: 'Porque eu sou linda, né?'. Tipo, a resposta já está na sua própria pregunta", sinaliza.
"É uma frase que eu escuto muito e que eu recebo muitos relatos, muita gente escuta esse tipo de frase. Então, foi legal fazer esse intercâmbio entre as nossas vivências", diz.
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Mariana Xavier destaca ainda a resposta do público com sua personagem na época em que a novela estreou e agora, com a reprise. "'Nossa, a Biga me representa muito. Nossa, como eu gostaria de conseguir responder como ela responde a essas tentativas de ofensas'", dita.
A atriz elogia também a parceria com Silvero Pereira, que interpretava o motorista Nonato e a travesti Elis Miranda. As cenas lhe deram a chance de se aproximar do universo LGBT quando gravava no Rival e ouvir relatos emocionantes.
"Eu nunca vou me esquecer de uma pessoa que veio falar 'O Nonato sou eu. Eu sou Oficial da Marinha e tenho que me fantasiar desse protótipo do homenzinho diariamente. Estou contando os dias pra poder me aposentar e ser quem eu realmente sou'. Ele falava pra mim se identificando como gênero feminino", relata.
"Coisas que a gente acha que só acontecem na novela eu tive a oportunidade de ver que não. Que as pessoas se sentiam verdadeiramente representadas por essas histórias. São histórias que de fato existem", alerta.
Foi justamente nas gravações dos shows no teatro que Mariana Xavier conheceu Jane Di Castro (1947-2020), atriz performática que faleceu recentemente, interpretando ela mesma. "Eu me lembro da força daquela figura. A Jane era uma força da natureza, mesmo", se emociona.
"Ela passava e os nossos olhares eram puxados para ela. Era muito emocionante vê-la ali. Enfim, triste pra gente essa perda, mas eu acho que o legado que ela deixou é muito importante", ressalta.
No cinema, Mariana deu vida a Marcelina na trilogia de "Minha Mãe é Uma Peça", baseada na peça homônima escrita e estrelada pelo ator Paulo Gustavo, e que agora será adaptada em formato de série, uma produção original do GloboPlay.
"Eu entro na segunda temporada. Vamos ver se a pandemia vai deixar a gente começar a gravar, porque o projeto já teve que ser adiado algumas vezes, mas a princípio eu começo a gravar no meio de 2021", adianta.
A atriz fala com alegria sobre a trajetória e as mudanças na vida da filha da protagonista, Dona Hermínia. "É uma oportunidade muito legal isso de você dar vida ao amadurecimento de uma personagem. E embora a gente tenha uma diferença de idade muito grande, é um pouco do meu amadurecimento também", vibra.
"A Marcelina viveu coisas parecidas comigo, isso de querer ser atriz mesmo contrariando a família. A minha mãe se emocionou muito no filme dois, com essa realização da Marcelina. Então, é muito gostoso e um grande desafio também, porque mesmo essa personagem ficando mais velha, amadurecendo, ainda assim ela é muito mais jovem do que eu", pondera.
Enquanto não volta à rotina das gravações, ela tem se mantido em casa o maior tempo possível. "Tô exausta como todo mundo, muito triste com o quanto a gente banalizou a perda de mais de 160 mil pessoas. Muito revoltada com isso", reage.
"Muito inconformada com essa falta de atitude do poder público que deveria ter gerenciado melhor essa crise e evitado isso, porque tivemos vários avisos. Oportunidades não faltaram para que a gente gerisse melhor isso, e não foi feito. Então, nos sentimos vulneráveis, reféns de um desgoverno. Sem perspectiva de uma solução real", desabafa.
Nesse período de isolamento social, Mariana confessa sentir falta dos encontros com os amigos e de curtir um cinema, um teatro, ir à praia e, até, andar de metrô. "Saudade de ter uma vida normal!", como ela mesma diz.
A atriz avalia essa situação pela qual o mundo está passando como um caso de responsabilidade coletiva e ressalta que as pequenas flexibilizações devem ser feitas com riscos calculados, poupando a si e a quem não tem a opção de trabalhar de casa, de se proteger e se tratar, caso adoeça, em um sistema de saúde privado.
"Infelizmente é uma crise coletiva e as pessoas continuam agindo como se fosse um problema individual. É muito triste ver que depois desses meses todos, a gente achando que a humanidade ia evoluir, que ainda falta tanto pra gente melhorar coletivamente", conclui.
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